Origem: Livro: A Primeira Epístola de Paulo a TIMÓTEO
As Mulheres
Vs. 9-15 – Paulo então passa a delinear a conduta e o traje recomendáveis para as mulheres na casa de Deus. A palavra “mulheres” em toda a passagem é genérica; não se refere apenas a mulheres casadas, mas a todas as mulheres em geral. O que Paulo está prestes a colocar diante de Timóteo a respeito desse assunto é fortemente contestado e rejeitado pela maioria no mundo Cristão de hoje. A prática comum da Igreja atualmente é ter “um papel único que sirva a todos” – uma função única na casa de Deus para irmãos e irmãs. E assim, é aceito em quase todos os locais de culto Cristão que mulheres devam pregar e ensinar publicamente, como fazem os homens. Mas isso claramente é contrário à Escritura (1 Co 14:34-35; 1 Tm 2:11-12).
Vs. 9-10 – Paulo estabelece o comportamento e o traje recomendáveis para as mulheres na casa de Deus. Ele diz, “Da mesma forma, também, que as mulheres em conduta e vestuário decentes adornem-se com modéstia e discrição” (JND). Há duas coisas aqui: “conduta” e “vestuário”. Conduta tem a ver com a maneira com que as mulheres se portam, e vestuário tem a ver com suas roupas. Paulo enfatiza tanto uma coisa quanto a outra porque é perfeitamente possível obedecer a letra da Escritura em coisas externas no que diz respeito às roupas, mas em espírito estar longe do comportamento adequado. Como Deus não quer hipocrisia em Sua casa, é preciso que as mulheres “se adornem com modéstia e discrição” em sua “conduta” e em seu “vestuário”. Ao acrescentar “discrição”, Paulo mostra que tudo deve ser feito com sabedoria e discernimento. Isso é necessário por que alguns tem se ocupado em ser modestos e acabam sendo extremistas quanto às roupas ao tentar fazê-lo – ao ponto de chamarem atenção para si mesmos – o que vai contra o propósito da exortação de Paulo.
Ele cita quatro acessórios de moda que não devem ser exagerados nas “mulheres que professam ser piedosas” (ARA). O primeiro é com respeito aos penteados elaborados (“cabelo trançado”). Hamilton Smith disse que as mulheres deviam “evitar usar seus cabelos, que Deus lhes deu como glória, como se fosse uma expressão de vaidade natural do coração humano”. Os outros três artigos de moda têm a ver com joias ostensivas e roupas: “ouro”, “pérolas” e “vestuário dispendioso” (ARA). Fica claro a partir disso que as mulheres não devem chamar atenção para si mesmas com vestimentas chamativas. Tal exibição não expressaria o comportamento quieto e reservado que Deus quer que as mulheres tenham no testemunho de Sua casa.
Vs. 11-12 – Em seguida, o apóstolo fala da sujeição que deveria caracterizar o comportamento das mulheres. Ele diz, “Que a mulher aprenda em quietude, com toda a sujeição, e não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o homem, mas que esteja em quietude” (JND). Podemos ver a partir desses versículos que o comportamento apropriado das mulheres na casa de Deus é o de um espírito reservado e submisso. Elas não devem assumir um papel de liderança (ou de ensino). Muitos acreditam que Paulo estava se referindo às reuniões de assembleia aqui, mas o assunto da casa de Deus é mais abrangente do que a esfera da assembleia. Isso inclui a assembleia, mas não se limita a ela. (1 Co 14:34-35 é mais restrito no seu âmbito de aplicação, falando especificamente sobre a conduta das mulheres nas reuniões de assembleia). Já mencionamos que a casa de Deus não é o local de reuniões ou o salão onde os Cristãos se reúnem. Sua ordem não deve ser reconhecida somente quando os crentes estão reunidos para oração, adoração e ministério, mas em todos os momentos. Cristãos “são” a casa de Deus e, portanto, estão nela o tempo todo. (Hb 3:6; 1 Pe 2:5). Quer estejamos reunidos para oração e adoração, ou estejamos no trabalho, na escola, cumprindo os afazeres diários etc. Estamos sempre na casa de Deus e devemos nos comportar de acordo com isso em todos os momentos. Assim, uma mulher não deve assumir o papel de exercer autoridade sobre os homens de maneira nenhuma, quer seja em casa ou no local de trabalho, ou em qualquer outro lugar – incluindo, evidentemente, a assembleia. Isso não está em sintonia com o testemunho que Deus gostaria que fosse levado adiante a partir de Sua casa.
Saber que essa passagem da Escritura está se referindo a uma esfera mais ampla do que a das reuniões de assembleia nos ajuda a entender porque Paulo diz, “em quietude”, e não “em silêncio”, como foi erroneamente traduzido na KJV e nas versões em português. Caso fosse “em silêncio”, então isso significaria que as mulheres não devem falar nunca seja qual for a situação da vida – já que estamos na casa de Deus em todos os momentos! “Em quietude” significa que elas podem falar, mas não em uma posição de liderança ou de ensino na presença de homens. É significativo, no entanto, que a palavra “caladas (em silêncio)” é traduzida corretamente em 1 Coríntios 14:34-35, em conexão com mulheres querendo falar nas reuniões de assembleia. A única mulher no Novo Testamento que assumiu um papel de ensino público foi Jezabel! (Ap 2:20) Qualquer mulher que assuma esse papel atualmente está se colocando na companhia da mulher mais ultrajante encontrada na Bíblia.
As mulheres podem ensinar na casa de Deus, mas somente àquelas de seu próprio gênero (Tt 2:4-5), e às crianças (2 Tm 3:15; 2 Jo 4). Isso mostra que as irmãs têm um ministério muito valioso e útil na casa de Deus. Não devemos pensar que pelo fato de o ministério de uma mulher ser exercido em privado, na esfera doméstica, seja algo menos importante do que o exercido pelos dos homens.
Três Razões Porque as Irmãs Têm um Lugar de Sujeição na Casa de Deus
Vs. 13-14 – Paulo dá dois motivos principais pelos quais as irmãs têm um lugar de submissão no Cristianismo. (Ele acrescenta um terceiro motivo em Efésios 5:22-24). São eles:
1) Criacional – “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (v. 13). Deus poderia ter feito o homem e a mulher ao mesmo tempo, como Ele fez com todas as outras criaturas, mas Ele escolheu fazer Adão primeiro. Ele fez isso para indicar que era Sua intenção desde o início que o homem devia ter o lugar de liderança na criação. Os homens não tomaram ou se apoderaram desse lugar (como pensam alguns); isso foi dado a eles por Deus, como indicado em Sua ordem na criação. O fato de Deus ter feito o homem como o gênero mais forte (física e emocionalmente) confirma que foi Sua intenção desde o início que o homem devia ser o líder (1 Pe 3:7).
2) Governamental – “Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão” (v. 14). Quando Eva agiu de forma independente e assumiu a liderança na família de Adão, veio a queda. Seu lugar daquele momento em diante seria o de sujeição ao seu marido. Esse foi o julgamento governamental de Deus sobre ela. Isso pode parecer um pouco severo; não obstante, o Senhor disse à mulher: “O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gn 3:16).
“Adão não foi enganado”. Quando Adão transgrediu e tomou o fruto proibido, ele fez isso com seus olhos abertos, sabendo o que estava fazendo. Não foi assim com Eva; ela foi absolutamente enganada nesse caso. Sendo fraco por conta de sua afeição, Adão se identificou com o pecado de sua esposa, e, por conseguinte, com as consequências do pecado dela. Como figura, isso fala de Cristo, que entendeu plenamente as consequências de Se identificar com nosso pecado, mas Ele fez isso por causa de Sua afeição por nós (Rm 5:14; Ef 5:25). Aquilo que o primeiro Adão fez por meio de fraqueza e pecado, o Último Adão fez em amor e graça. Cristo amou Sua futura noiva enganada e culpada e voluntariamente Se identificou com o pecado dela, e, assim, levou o pecado dela sobre Si (sem ter Ele mesmo qualquer pecado) a fim de redimi-la. (The Synopsis of the Books of the Bible).
Eva sofreu por sua transgressão de maneira governamental, mas a mulher Cristã pode, ao dar “à luz filhos” (v. 15), encontrar a misericórdia de Deus abundar sobre o julgamento governamental que foi lançado sobre as mulheres. A condição para isso é que ela permaneça “em fé e amor e santidade com discrição” (JND). Não devemos pensar que os procedimentos governamentais de Deus na queda foram apenas em relação a mulher, o homem também está sob o julgamento governamental de Deus. Ele também deve se submeter ao julgamento de Deus na posição em que foi colocado. Desde a queda de Adão, o homem tem sido responsável por trabalhar para fornecer comida e abrigo para a sua família (Gn 3:17-19). O homem que não fizer isso é pior do que um infiel (1 Tm 5:8).
3) Testemunhal – Em Efésios 5:22-24, Paulo diz, “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a Cabeça da Igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo. De sorte que, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos”. Desta forma, as irmãs que estão em um relacionamento matrimonial podem, pela sujeição aos seus maridos, exibir ao mundo uma pequena imagem da submissão da Igreja a Cristo. Isso deveria ser considerado um privilégio.
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Percebemos que essas coisas ensinadas por Paulo são ofensivas para a mulher moderna, mas ele não se desculpa pela verdade da ordem de Deus na casa de Deus – e nem nós deveríamos fazer isso. A Igreja aceitou essa ordem durante séculos; não foi até pouco tempo, quando o movimento feminista moderno influenciou as mentes das mulheres Cristãs, que isso passou a ser contestado. Isso é claramente um sinal de que estamos nos últimos dias. Os Cristãos de hoje têm tentado explicar essas coisas de várias formas, ainda que não haja a menor sombra de dúvida na passagem.
Como a Escritura claramente não apoia mulheres atuando no lugar dos homens na casa de Deus, os proponentes de tais ideias tiveram que elaborar algumas manobras extravagantes e raciocínios errôneos para escapar das afirmações claras da Escritura. Alguns concordarão que as funções específicas dos homens e das mulheres estabelecidas por Paulo devem ser observadas, mas apenas em nossos relacionamentos naturais em casa. Eles pensam que quando se trata da assembleia, essas distinções entre macho e fêmea não são aplicáveis.
Um versículo que é usado para apoiar essa ideia equivocada é: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Esse equívoco decorre da falha em distinguir entre posição e prática. A solução para essa ideia equivocada está em entender o que o termo “em Cristo Jesus” significa. Como mencionado em nossos comentários sobre o capítulo 1:1, “Cristo Jesus” é um termo que se refere ao Senhor Jesus como Ele está agora – do outro lado da morte – acima em glória. É significativo que esse termo não é usado nos quatro evangelhos quando o Senhor estava na Terra. É dito do crente que ele está “em Cristo Jesus”. Isso significa que ele está na mesma posição de aceitação perante Deus na qual Cristo está como um Homem na glória. Demonstra a posição Cristã plena na nova criação, na qual todas as nossas exclusivas bênçãos encontram-se, e é uma consequência da habitação do Espírito Santo. Paulo usa esse termo várias vezes em suas epístolas. O ponto em Gálatas 3:28 é que todos os crentes, independentemente de sua nacionalidade, contexto social, ou sexo, são todos igualmente abençoados nesse lugar de aceitação diante de Deus no céu. É um termo posicional. No entanto, 1 Timóteo 2:11-12 e 1 Coríntios 14:34-35 se referem a uma ordem prática dessas coisas entre os Cristãos na Terra. Portanto, essas passagens estão se referindo a duas coisas diferentes; uma é diante de Deus no céu e a outra é diante dos homens na Terra.
Em resumo, Paulo estabelece a ordem moral de Deus em Sua casa, tanto para os homens quanto para as mulheres. Os homens têm a responsabilidade pelo testemunho verbal público na casa, e as mulheres devem dar sustentação a esse testemunho por meio de seu comportamento e atitude quietos. Essas são funções diferentes, mas que se complementam e Deus não quer que elas sejam homogeneizadas. As mulheres na Escritura que se recusaram a aceitar seu lugar dado por Deus conforme estabelecido na criação e assumiram a liderança em algumas coisas, introduziram confusão e ruína no meio do povo de Deus (Gn 3:6; 1 Rs 21:25; 2 Rs 11:3; Mt 13:33; Ap 2:20; 1 Co 14:33-34). Que isso sirva de alerta para nós.
