Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos

Salmo 27

Ainda outra afirmação do mesmo suplicante na mesma condição. Mas há mais desejo pela casa de Deus, anseio pela arca e habitação do Senhor; e assim um avanço ainda maior na experiência e na liberdade da alma pode ser observado neste Salmo, como no anterior.

Este Salmo pode ter sido o respirar de nosso bendito Senhor enquanto Ele estava em silêncio diante de Caifás (Mt 26:63). Falsas testemunhas estavam então se levantando contra Ele, mas aqueles que vieram para devorar Sua carne já haviam caído por terra. (veja Mateus 26:59; João 18:6). Naquele momento, Ele também antecipou Sua glória (veja Salmo 27:6; Mateus 26:64) . E sabemos que, naqueles difíceis sofrimentos, Ele foi sustentado pela esperança (veja v. 13; Hebreus 12:2).

A mudança forte e abrupta na corrente da alma no versículo 7 é facilmente entendida pela história do Senhor. É exatamente o que se poderia esperar, ao deixar de testemunhar o favor divino expresso no jardim, para Se tornar cativo dos ímpios (Jo 18:6, 12).

Mas estou bastante preparado para recusar a sugestão que há muito foi feita por alguns que exercitaram seus pensamentos (e isso também em espírito de reverência) sobre os Salmos, de que se o Senhor for visto ou ouvido em um versículo de um Salmo, todo ele deve ser recebido como pertencente a Ele. A Palavra do Senhor a Davi por Natã em 1 Crônicas 17 seria testemunha contra isso, pois ali as palavras: “Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho” são aplicadas ao Senhor Jesus (Hb 1:5), enquanto ao mesmo tempo podemos nos assegurar mais plenamente de que todo aquele oráculo divino não poderia ser aplicado a Davi.

No último versículo, Jesus, por assim dizer, entrega uma palavra de exortação aos Seus santos, como fruto de Sua própria experiência, como posso dizer que Ele faz no final de Isaías 50, e ainda mais certamente no final de Mateus 11; e posso acrescentar que vemos um de Seus santos muito próximo a Ele no espírito que O anima aqui; pois aqui encontramos confiança, embora em meio ao alvoroço da guerra e dos problemas, apenas porque o coração estava voltado para uma coisa – o desejo de habitar na casa do Senhor. E “o mesmo espírito de fé” é encontrado em Paulo quando ele diz: “Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2 Co 5).

E o próprio apóstolo, sob o Espírito Santo, mostra outra ideia semelhante entre ele e seu Senhor no capítulo que precede este (veja 2 Coríntios 4:13 e Salmo 116:10).

Compartilhar
Rolar para cima