Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos
Salmo 73
Este Salmo delineia com muita ternura e precisão o caminho de uma alma tentada. A prosperidade dos ímpios é a tentação. Nos versículos 13 e 14, a tempestade da alma parece estar no auge, e o versículo 15 revela o primeiro controle gracioso dado a ela pelo Espírito. O santuário é então adentrado – isto é, a mente de Deus sobre toda a cena é entendida, e tudo é interpretado à luz de “o fim” (v. 17); pois essa é a luz que o santuário fornece e na qual os sábios andam (Dt 32:29; Sl 90:12). E então vemos a obra adicional do Espírito restaurador de Deus, até que a pobre alma reflita sobre seu caminho, trazendo vergonha a si mesma, mas provando também o amor imutável de Deus; pois do comedor saiu comida – a tentação extraiu os recursos ainda mais ricos que estão em Deus. O segredo da ressurreição é apreendido e a alma descansa. O adorador havia sido como um animal, sentindo e raciocinando como se a vida presente fosse tudo. Mas ele aprende (o que Paulo se propôs a aprender dia após dia com mais perfeição – veja Filipenses 3) o poder da ressurreição, e isso lança uma luz nova e calma sobre tudo em que ele anda, e vê Aquele que é invisível (veja Salmo 77).
Observe neste Salmo 73, em contraste com o Salmo 37, o mesmo assunto está diante da mente em ambos – o curso do mundo e a prosperidade dos ímpios. Mas não há a calma da fé aqui como ali, mas as paixões da alma. Lá, a luz tranquilizadora da fé e da esperança ilumina a alma do início ao fim, mas aqui o repouso e o gozo da fé são alcançados por meio de profundas aflições de coração que surgiram da incredulidade.
Assim também, em contraste com o Salmo anterior, podemos observar como as coisas são diferentes no “presente século (mundo) mau” e no “mundo vindouro”. Lá, vimos que a justiça e a reparação dos erros marcarão o reino ou o mundo vindouro, e a paz e a prosperidade será o fruto certo da piedade então. Aqui, vemos que o opressor engorda com suas opressões, e um cálice de lágrimas é espremido para os justos.
Mas, dessa forma, diferentes lições são aprendidas. O único mundo em que nosso Deus age e Se mostra nunca poderia ter ensinado as lições do outro. No mundo presente, estamos aprendendo que Ele tem tesouros de graça para atender às nossas necessidades, e, no mundo vindouro aprenderemos Seus tesouros de glória para atender aos nossos regozijos. Como a bênção confiada a Arão, e aquela confiada a Melquisedeque (veja Números 6; Gênesis 14). Ambas eram bênçãos, mas diferentes, cada uma se adequando à condição diferente do povo de Deus – ao tempo que eles sofriam necessidade, fraqueza e tentação, e depois ao tempo de força, vitória e honra.
