Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos

Salmo 79

Ouço este Salmo como a expressão da aflição dos cativos depois que Jerusalém caiu nas mãos de Nabucodonosor. Mas também o leio como as aflições do Remanescente sob a mão do grande inimigo no último dia.

E podemos observar que os cativos na Babilônia expressariam sua tristeza em linguagem adequada aos Judeus até que o Messias e o reino viessem, porque a era é uma só. Os tempos dos gentios começaram com o cativeiro e não terminarão até que o trono de Davi reviva nas mãos do Messias. A mente de um Judeu justo, se assim posso dizer, em certo sentido é a mesma ao longo desta era. E temos uma coisa semelhante na história da Igreja. Paulo profetiza sobre certos males nos “últimos tempos” e nos “últimos dias”, mas ainda fala sobre eles a Timóteo como se tivessem chegado (1 Tm 4; 2 Tm 3). E assim, em certo sentido, eles haviam chegado, na medida em que o mesmo espírito estava operando então. Toda a era da Cristandade, assim como Israel, no julgamento discernidor do Espírito de Deus, sustenta um caráter único do começo ao fim.

Mais especificamente, este Salmo, julgo eu, é o clamor do Remanescente na hora de sua mais profunda angústia sob a pressão da besta (Ap 13), após a matança das testemunhas (Ap 11). Isso pode ser lido como o intenso clamor do Remanescente preservado depois que seus irmãos foram martirizados (v. 3). Esses dois remanescentes, ou duas porções do mesmo remanescente, é visto pelo Senhor em Sua grande palavra profética em Mateus 24. Creio que o Apocalipse de João prossegue com a mesma distinção de porções preservadas e martirizadas do fiel Israel naqueles dias.

Reconhecem seu pecado, confiam apenas na misericórdia, pleiteiam a glória do próprio Nome de Deus, apresentam a Deus seu opróbrio e tristeza, e a infidelidade e opressões dos inimigos, e fazem de seu opróbrio o opróbrio de Deus – fazem da causa deles, a Sua causa.

Eu observaria uma diferença que me impressionou. O salmista ou os profetas, ao relembrarem a causa da atual rejeição de Israel, falam de suas iniquidades e pecados como neste Salmo; mas o apóstolo, no mesmo contexto, fala de Israel não se submeter à justiça de Deus (Rm 9-10). Tal diferença é fácil e maravilhosamente compreensível.

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