Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos

Salmo 109

Sob o sentido da traição de Judas (e nessa traição Judas era o líder e representante do Israel incrédulo, At 1:16) e sob o pensamento daquela morte para a qual tal traição o estava apressando, Jesus aqui clama Àquele que poderia salvá-Lo da morte e vingá-Lo de Seus adversários.

Já observei que notamos dois caracteres de comunhão que Jesus teve, e dos quais este, assim como o Salmo 69, facilmente nos lembra. Quero dizer, o que é falado em Hebreus 5:7, e o que é notado em 1 Pedro 2:23. O primeiro foi um clamor por libertação, o segundo uma espera por reivindicação (veja Salmo 69).

Neste Salmo também há alusão à “prova do ciúme” de Números 5 (vs. 14, 18). E sabemos por outras passagens que Israel será tratado e até perdoado no caráter de uma esposa infiel (veja Oséias 1-3).

Neste Salmo, Judas e a nação de Israel são um moralmente, assim como em Gálatas 4, Ismael e essa nação são um. Sua terra é apenas um extenso Aceldama[6] (Is 4:4; Jl 3:21; Mt 27). O Advogado os conecta, também, em Suas próprias palavras aqui, falando tanto no singular quanto no plural o número de Seus inimigos.
[6] N. do T.: Conforme Atos 1:19, Aceldama significa “campo de sangue”.

O destino de Judas ou da nação apóstata, e o do Israel eleito ou da Jerusalém do Senhor, são notavelmente distintos. Pois neste Salmo, o grande Advogado deseja que Satanás esteja à direita de Judas; em Zacarias 3, Ele mesmo repreende Satanás, quando Satanás toma essa posição contra Jerusalém ou o verdadeiro Israel. Neste Salmo, o Advogado ora por juízo contra esse para que suas dignidades, família e possessões sejam todas destruídas, e que não haja ninguém para se compadecer dele; Em Zacarias 3, Ele deseja para outro que a glória esteja sobre ele, a mitra e o manto, e que toda iniquidade passe dele, e toda contaminação seja removida. E toda a Escritura, desta maneira, mantém distinto e claro o juízo da nação apóstata, e a redenção e bênção do eleito ou verdadeiro Israel.

O opróbrio do “aflito e necessitado”, a morte d’Aquele que estava “quebrantado de coração”, é a ocasião do julgamento aqui desejado; isto é, a rejeição de Jesus. O mesmo é o fundamento estabelecido para o julgamento do povo Judeu pelo mesmo Advogado no Salmo 69. E o Novo Testamento também ensina isso, pois a destruição miserável e a retirada de sua vinha vieram sobre Israel, porque eles foram os homicidas do Herdeiro da vinha. E onde está a purificação para a terra, onde está a recuperação do nome de Israel, se não na fé que se volta para este Rejeitado, que olha para Aquele a Quem traspassaram, que aprende a dizer: “Ele foi ferido por nossas transgressões”; que reconhece n’Ele uma fonte aberta para o pecado e para a impureza, e que, em maior exultação de espírito, diz: “Bendito Aquele que vem em nome do Senhor”?

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