Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos
Salmo 116
Este é o cântico de ressurreição do Messias. Ele segue de maneira bela o precedente, como se o Messias Se juntasse a esse gozo e louvor, ou melhor, deixasse Sua voz elevar e crescer acima da de Israel, para que Ele pudesse ser o Líder da congregação. Sabemos, por 2 Coríntios 4:13, que é Jesus que é ouvido neste Salmo; mas dali nós também aprendemos que qualquer um com “o mesmo espírito de fé” pode, em sua medida, usá-lo.
Ele, a Quem Jesus clamou como capaz de salvá-Lo da morte, O ouviu; e este Salmo é para expressar isso quando Ele diz, “Pai, graças Te dou, por Me haveres ouvido” (Jo 11). O verdadeiro Ezequias, Cabeça e Representante de Israel, é ouvido aqui. “Os vivos, os vivos” Ele louva a Deus (veja Isaías 38). Ele paga aqueles votos que, em Sua angústia, Ele havia feito (Sl 22, 61, 66). Jacó, em certa medida, falhou em fazer isso, ou foi tardio em fazê-lo (Gn 28, 35).
A “terra dos viventes”, ou a terra da glória (Is 4:5; Ez 26:20), é Canaã. Os Judeus a interpretaram assim. Mas isso, é claro.
Os cálices do Senhor são dois, – o da tristeza e o do louvor; em outras palavras, o do Getsêmani ou Calvário (Lc 22) e o do reino (veja Salmo 75).
A “precipitação” do Senhor (v. 11) parece expressar o caráter pascal de Sua alma. Os críticos nos dizem que a palavra original não implica “defeito moral”. Ela é a mesma palavra de Êxodo 12:11. Pois toda a Sua vida era no caráter estrangeiro de Israel na Páscoa do Egito, e era a grande testemunha segura de que todos os homens eram mentirosos – apóstatas de Deus. Mas dentre meros “homens”, Ele separa os eleitos, parecendo dar-lhes uma íntima identificação Consigo mesmo, sendo eles ao Senhor também preciosos em sua morte, assim como Ele havia sido.
Seu cântico no reino é novamente sugerido aqui (Sl 22; Hb 2). E se Jesus cantou com Seus discípulos nos dias da Sua carne (como sabemos que Ele fez – Mateus 26:30), quanto muito mais Ele estará preparado para fazê-lo nos dias do reino!
Mas além de o Senhor assim cantar em companhia de Seus santos, não podemos sugerir que em alguns momentos Ele será ouvido sozinho? Pois aqui é testemunhado a respeito d’Ele: “Pagarei os Meus votos ao SENHOR, agora, na presença de todo o Seu povo” (vs. 14, 18). É um terno pensamento, e a alma o tocará suavemente. Mas parece que Ele será ouvido sozinho às vezes. Pois se Suas tristezas foram uma vez peculiares, então podemos dizer que Suas alegrias também assim serão. E isso pode nos levar a permitir o pensamento de que Jesus, em certos momentos, terá um cântico solitário ou peculiar, e a congregação então dando-Lhe ouvidos; como em certos momentos sabemos que eles próprios serão ouvidos; e em outros momentos Ele os conduzirá (Sl 34:3).
