Origem: Revista O Cristão – A Administração do Dinheiro

O Amor ao Dinheiro

Qualquer coisa, além de Deus, que comande o coração é um ídolo, o coração se render a essa coisa é idolatria, e quem a ela se rende é um idólatra. Essa é a clara e solene verdade nesta questão, por mais desagradável que seja para o orgulhoso coração humano. Tome esse grande, gritante e universal pecado da “avareza”, do que o inspirado apóstolo a chama? Ele chama de “idolatria”. Quantos corações são comandados pelo dinheiro! Quantos adoradores se prostram diante do ídolo do ouro!

O que é a avareza? Ou um desejo de ter mais ou o amor pelo que temos. Temos as duas formas no Novo Testamento. O grego tem uma palavra para representar ambas: “pleonexia” – o desejo de ter mais (Cl 3:5) – e “philarguria” – o amor ao dinheiro (1 Tm 6:10). Mas, seja o desejo de adquirir ou o desejo de acumular, em ambos os casos é idolatria.

O acumulador e o gastador 

E, no entanto, as duas coisas podem ser muito diferentes em seu desenvolvimento exterior. A primeira, isto é, o desejo de obter mais, pode frequentemente ser vista em conexão com uma disposição para gastar; a segunda, ao contrário, geralmente está ligada a um intenso espírito de acumulação. Por exemplo, existe um homem de grande capacidade para os negócios – um gênio comercial completo – em cuja mão tudo parece prosperar. Ele tem um verdadeiro entusiasmo pelos negócios, uma sede insaciável de ganhar dinheiro. Seu único objetivo é obter mais, adicionar milhares a milhares, fortalecer sua base comercial e ampliar sua esfera. Ele vive, prospera e se deleita na atmosfera do comércio. Ele começou sua carreira com alguns centavos no bolso e subiu para a imponente posição de magnata dos negócios. Ele não é um avarento. Ele está tão pronto para distribuir quanto para obter. Ele vive com suntuosidade, recebe com esplêndida hospitalidade e doa generosamente para diversos projetos de interesse público. Ele é admirado e respeitado por todas as classes da sociedade.

Mas ele ama ganhar mais. É um homem ganancioso, avarento – um idólatra. É verdade que ele despreza o pobre avarento que passa as noites em cima dos sacos de dinheiro, deliciando seu coração e banqueteando seus olhos com a própria visão fascinante do dinheiro, negando a si e à sua família as necessidades comuns da vida, andando em trapos e miséria, em vez de gastar um centavo do precioso tesouro. Ele ama o dinheiro, não pelo que este pode comprar ou proporcionar, mas simplesmente pelo próprio dinheiro. Tal pessoa ama acumular, não para poder gastar, mas simplesmente para poder acumular, cujo único desejo dominante é morrer tendo tanto ouro miserável – estranho e desprezível desejo!

A avareza 

Agora, esses dois são aparentemente muito diferentes, mas se encontram em um ponto; eles estão em uma plataforma comum: Ambos são avarentos; ambos são idólatras. Isso pode parecer duro e severo, mas é a verdade de Deus, e devemos nos curvar diante de sua santa autoridade. É verdade que nada é aparentemente mais difícil de trazer para a consciência do que o pecado da avareza – esse mesmo pecado que o Espírito Santo declara ser idolatria. Milhares conseguem vê-lo no caso do pobre e degradado avarento, que, no entanto, ficaria chocado com sua aplicação a um magnata dos negócios. Uma coisa é vê-lo nos outros, e outra bem diferente é julgá-lo em nós mesmos. O fato é que nada além da luz da Palavra de Deus, brilhando sobre a alma e penetrando cada câmara de nosso ser moral, pode nos permitir detectar o pecado odioso da avareza. A busca pelo ganho (o desejo de ter mais) e o espírito de comércio (o desejo de ter sucesso), tudo isso é tão “elevado entre os homens” (TB) que muito poucos, comparativamente, estão preparados para ver que definitivamente “perante Deus é abominação”.

O coração natural é formado pelos pensamentos dos homens. Ele ama, adora e venera os objetos que encontra neste mundo, e cada coração tem seu próprio ídolo. Um homem adora o ouro, outro adora o prazer, outro adora o poder. Todo homem não convertido é um idólatra, e mesmo homens convertidos não estão fora do alcance de influências idólatras, como é evidente na nota de advertência levantada pelo apóstolo escolhido: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5:21).

C. H. Mackintosh

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