Origem: Revista O Cristão – A Administração do Dinheiro
Não Deva Nada a Ninguém
Os últimos meses colocaram a América do Norte – e, em última análise, o resto do mundo – em dificuldades muito sérias. Vários fatores se combinaram para causar uma crise econômica que parece ser a pior que já vivenciamos desde a Grande Depressão que ocorreu durante a década de 1930. Os efeitos estão por toda a parte. As vendas caem, empregos são perdidos e a renda consequentemente sofre. Todos nós reconhecemos que as economias de livre mercado são caracterizadas por ciclos de crescimento seguidos por uma recessão, mas o que o mundo está vivenciando hoje é mais do que esse fluxo e refluxo normal. Não vamos nos aprofundar nos muitos fatores que contribuíram para o que ocorreu, mas todos os especialistas concordam que a ganância, tanto por parte dos indivíduos quanto por parte dos governos, tem sido uma característica importante em tudo isso.
Vivendo além de nossas possibilidades
Particularmente no mundo ocidental, as pessoas têm vivido além de suas possibilidades há muitos anos, e o crédito fácil incentivou muitas a contraírem dívidas que elas agora acham difíceis ou impossíveis de pagar. Os preços foram inflacionados, especialmente em bens como moradia, e as pessoas assumiram hipotecas com pagamentos que estavam muito além de sua capacidade de manutenção. Os jovens foram incentivados a esse estilo de vida por bancos que lhes dão cartões de crédito assim que se formam na universidade. Os comerciantes também promoveram a compra a crédito, oferecendo contratos de financiamento de longo prazo. Todo o processo foi alimentado por anos de prosperidade que muitos achavam que nunca terminariam. Tendo se acostumado a essa “vida boa”, as pessoas acham difícil reduzir gastos.
No entanto, devemos lembrar que, ao longo da história do homem, o povo de Deus tem tido uma tendência a cair nos pecados do mundo ao seu redor. É fácil para os crentes serem apanhados no espírito de cobiça e quererem mais do que o Senhor lhes deu. Há uma tendência de amar não apenas o mundo, mas “o que no mundo há” (1 Jo 2:15). É um pecado antigo – um sobre o qual Deus nos tem advertido muitas vezes em Sua Palavra. Embora possa assumir formas variadas em diferentes culturas e partes do mundo, a causa raiz é a mesma. Nos países ocidentais, os cartões de crédito incentivaram boa parte desses gastos imprudentes. Em outros países onde essas coisas não estão tão prontamente disponíveis, o mesmo desejo pode se manifestar em pedir empréstimos a outros. Tudo isso apenas ressalta a verdade de Lucas 12:15: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”.
Um aviso do que está por vir
O que estamos vivenciando hoje é sem dúvida um aviso do Senhor, pois Ele dá ao mundo uma amostra de problemas muito maiores que surgirão durante o período da tribulação. Nos primeiros três anos e meio desse período, Deus derramará juízos providenciais que destruirão grande parte da ostentada prosperidade do homem, pela quebra da rede de negócios e comércio que sustenta essa boa vida. Finalmente, nos últimos três anos e meio, o homem ficará de joelhos e será forçado a voltar aos métodos primitivos de sobrevivência e guerra. Podemos ser muito gratos por nós, como crentes, sermos chamados para casa antes daquele período terrível.
Contentamento com o que temos
A sabedoria de Deus nesta questão nos é dada muito claramente em Romanos 13:8: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros”. Pode parecer um princípio muito restritivo pelo qual viver, mas é a sabedoria de Deus para aqueles que ouvirem. Usar um cartão de crédito para passar uma compra pela qual não podemos pagar imediatamente ou tomar dinheiro emprestado para o mesmo propósito é insultar “o Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (1 Tm 6:17). Se há uma falta em nossa vida, uma falta daquilo que realmente precisamos, obedeçamos a Filipenses 4:6: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças”. Deus não promete nos dar tudo imediatamente, mas promete suprir todas as nossas necessidades, “segundo as Suas riquezas… em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4:19). Mais do que isso, podemos ter certeza do que é de maior valor, pois “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos [pensamentos – TB] em Cristo Jesus” (Fp 4:7). O crente que vive em obediência à Palavra de Deus descobrirá que “é grande ganho a piedade com contentamento” (1 Tm 6:6).
Tomar dinheiro emprestado
Ao aplicar essas porções da Escritura, não pretendemos sugerir que todo empréstimo de dinheiro seja moralmente errado. Há uma diferença entre um empréstimo com garantia e um empréstimo sem garantia. A hipoteca de uma casa, por exemplo, é um empréstimo com garantia, no qual o credor detém o título de propriedade da casa como garantia. Mesmo nisso, porém, os crentes precisam estar diante do Senhor, para não se excederem em seus gastos. Se vivermos e agirmos diante do Senhor, não nos veremos indo atrás daquilo que não podemos pagar. Em vez disso, lembraremos que tudo o que temos – nosso dinheiro, nossa casa e até nosso tempo – é nosso apenas como mordomos [administradores]. Eles devem ser usados para a glória do Senhor, não para nossos próprios fins. Eles são um meio, e não um fim em si mesmos. Devemos lembrar que não somos deixados neste mundo simplesmente para levar uma vida boa e moralmente correta, e depois ir para o céu no final. Não, somos deixados aqui para ser testemunhas vivas da graça que nos salvou.
Nestes últimos dias, o Senhor realmente permitiu que “tempos trabalhosos” viessem sobre nós, e precisamos de mais graça do que nunca para viver para a glória do Senhor até sermos chamados para casa. Mas Ele “dá maior graça” (Tg 4:6) e certamente abrirá um caminho para O honrarmos, em obediência à Sua Palavra.
