Origem: Revista O Cristão – Adoração
A Adoração Cristã
Os dois grandes elementos da adoração Cristã são a presença do Espírito Santo e a lembrança do sacrifício de Cristo, que é celebrado na ceia.
Mas, nesta adoração, são desenvolvidas as afeições que estão ligadas a todos os nossos relacionamentos com Deus. Deus, em Sua majestade, é adorado. Até mesmo os dons de Sua providência são reconhecidos. Aquele que é um Espírito é adorado em espírito e em verdade. Apresentamos a Deus, como nosso Pai – o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo —, a expressão dos santos afetos que Ele produziu em nós, pois nos buscou quando estávamos longe e nos trouxe para perto de Si como Seus filhos amados, dando-nos o espírito de adoção e associando-nos (ó maravilhosa graça!) ao Seu Filho bem-amado.
Adoramos nosso Deus-Salvador, que nos purificou de nossos pecados e nos colocou em Sua presença sem mancha. Sua santidade e Sua justiça, que foram tão maravilhosamente manifestadas em nossa redenção, são para nós uma fonte de gozo que não acaba, pois, pela obra perfeita de Cristo, estamos na luz como Ele mesmo está na luz. É o próprio Espírito Santo que nos revela essas coisas celestiais e a glória que está por vir, e que opera em nós para produzir afetos adequados a esses relacionamentos abençoados com Deus. É Ele o vínculo de união entre o coração e essas coisas. Mas, ao despertar nossa alma, Ele nos faz sentir que somos filhos da mesma família e membros do mesmo corpo, nos unindo nesta adoração por meio de afetos e sentimentos mútuos, comuns a todos, para com Aquele que é o Objeto de nossa adoração. O próprio Jesus está presente em nosso meio, de acordo com Sua promessa.
A adoração é exercida em conexão com a mais doce lembrança de Seu amor, quer consideremos Sua obra na cruz, quer relembremos o pensamento de Sua sempre nova e terna afeição por nós. Ele deseja nossa lembrança d’Ele. Doce e precioso pensamento! Oh, quão cheio de gozo para a nossa alma e, ao mesmo tempo, quão solene deve ser essa adoração! Que tipo de vida deveríamos ter o cuidado de viver a fim de prestar essa adoração! Quão vigilantes deveríamos ser quanto ao nosso próprio espírito! Quão sensíveis quanto ao mal! Com que empenho deveríamos buscar a presença e a direção do Espírito Santo, a fim de prestar tal adoração de maneira adequada! No entanto, ela deve ser muito simples e verdadeira, pois a verdadeira afeição é sempre simples e, ao mesmo tempo, devota, pois o senso de tais interesses inspira devoção. A majestade d’Ele a Quem adoramos e a grandeza de Seu amor dão solenidade a todo ato em que nos aproximamos d’Ele. Com que profunda afeição e gratidão devemos, em tais momentos, pensar no Salvador, quando recordamos todo o Seu amor por nós – permanecendo por meio d’Ele na presença de Deus, muito além de todo mal, na antecipação de nossa bênção eterna!
O amor do Pai e do Filho
Esses dois grandes assuntos sobre os quais a adoração Cristã se ocupa (a saber, o amor de Deus, nosso Pai, e o amor do Senhor Jesus, em Sua obra e como Cabeça de Seu corpo, a Igreja) proporcionam pequenas mudanças no caráter da adoração, de acordo com o estado daqueles que a oferecem. Às vezes, o Senhor Jesus estará mais especialmente diante da mente, já em outros momentos, os pensamentos a respeito do Pai estarão mais presentes. Somente o Espírito Santo pode nos guiar nisso, mas a veracidade e a espiritualidade da adoração dependerão do estado daqueles que compõem a assembleia. Esforço em tais coisas não tem lugar. Aquele que é o canal de adoração, note-se bem, não deve apresentar o que é próprio e peculiar a si mesmo, mas o que é verdadeiramente o exercício, pelo Espírito, do coração daqueles que compõem a assembleia. Isso nos fará sentir toda a nossa dependência do Consolador – o Espírito da verdade – para o verdadeiro serviço a Deus em comunhão. Nada, porém, é mais simples ou mais evidente do que a verdade de que a adoração prestada deve ser a adoração de todos.
