Origem: Revista O Cristão – Adoração
Um Altar de Terra
“Um altar de terra Me farás, e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas” (Êx 20:24). Tudo o que expressa aceitação por parte de Deus, como a oferta queimada, ou comunhão entre o adorador, Deus e o sacerdote que a oferece, como na oferta pacífica, está ligado ao altar de terra. Pois foi na Terra que “Cristo vos amou, e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. E na Terra Ele fez a paz por meio do sangue da cruz e veio e pregou paz aos que estavam longe e aos que estavam perto.
É na excelência do Senhor Jesus Cristo em Sua Pessoa e na obra realizada, como aceita por Deus, que encontramos os elementos e as bases da adoração. É para a alma estar ocupada com a Pessoa e a obra na presença de Deus, na expressão de admiração, gratidão, gozo, ação de graças, deleite, antecipação, esperança e desejo, a fim de apresentar adoração verdadeira e aceitável. O altar de terra é certamente encontrado na cruz, cujo símbolo Cristo ordenou e que deve ser trazido constantemente diante de nós quando nos reunirmos ao Seu nome. E, exatamente, respondendo à declaração aqui: “em todo o lugar, onde Eu fizer celebrar a memória do Meu nome”, é a promessa do Senhor: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos ao Meu nome, aí estou Eu no meio deles”.
Nenhuma pedra lavrada
Mas, em conexão com essa adoração sobre altar de terra, duas coisas são expressas: a obra do homem e a ordem do homem são proibidas. “E se Me fizeres um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás. Também não subirás ao Meu altar por degraus, para que a tua nudez não seja descoberta diante deles”.
Nada pode ser mais importante do que nossa alma ter em mente que, na adoração, não temos nada a trazer a Deus – nada a ser trabalhado por meio de esforço – e nada a título de forma exterior ou de um esforço de sentimento interior para nos elevarmos até Deus. Ele nos encontra no altar de terra. Deus vem até nós onde estamos. É ter nossa alma cheia com o sentido do que Sua graça fez e de como Ele desceu para nos encontrar onde estamos e para nos ocuparmos com o cheiro suave de Cristo, “que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus”, pois a adoração é o reflexo disso; o coração expressando seu deleite e satisfação, sua adoração e louvor pelo que Cristo é para nós como esta bendita provisão de Deus.
Nenhuma subida por degraus
Ora pode muito bem ser que, onde as obras humanas são rejeitadas e a ordem humana na adoração é evitada, ainda estejam presentes, de uma forma mais sutil, as duas coisas que são proibidas aqui. Os atos rituais de curvar-se, fazer o sinal da cruz, aspergir de água benta, bem como as posturas e a ordem do ritual instituído podem ser recusados, enquanto, ao mesmo tempo, pode haver uma tentativa de elevar os sentimentos a fim de chegar a Deus por um processo mental, o que é completamente diferente da ocupação do coração na presença de Deus com o que Cristo é e o que Ele realizou.
Ou, pode-se pensar que a maioria dos santos está tão ocupada no mundo durante a semana que é necessário agir sobre os sentimentos deles quando se reúnem, a fim de produzir neles um melhor tom de adoração no dia do Senhor. Mas essa é uma suposição errada. Uma vida de uma pessoa instruída não é necessariamente uma vida de maior espiritualidade do que a daqueles que não a possuem. Onde o Senhor é reconhecido como Aquele que ordena nossas circunstâncias e é reconhecido na caminhada diária da vida, o coração, quando trazido à Sua presença, responderá naturalmente às manifestações que Ele dá da Sua graça quando nos encontramos para adorar em Seu nome. Além disso, a adoração, se verdadeira, é a da assembleia, e não o esforço de um indivíduo para agir de acordo com a mente e sentimentos dos santos, a fim de levá-los ao seu próprio senso do tom apropriado de adoração.
Em primeiro lugar, a própria constituição da assembleia, composta pelos filhos de Deus, é que eles são capazes de adorar, pois “o Pai procura a tais que assim O adorem”. Outra coisa é que, sendo possuidor de uma natureza em comum que pode deleitar-se em Deus, é a ação espontânea e apropriada dessa natureza adorar, quando trazida à Sua presença. Além disso, sendo os crentes participantes do Espírito Santo, cada membro, em sua medida, é responsabilizado pela adoração da assembleia. A adoração é para pessoas espirituais que são dirigidas pelo Espírito. Abaixar o caráter da comunhão, a fim de satisfazer a condição não espiritual assumida de alguns que possam estar presentes, é enfaticamente construir degraus até o altar. Em vez disso, deixe prosseguir a adoração espiritual, e se houver almas que não possam se juntar a ela, que elas julguem sua condição na presença do Senhor por causa disso.
Girdle of Truth, 8:373
