Origem: Revista O Cristão – Nascentes, Fontes e Rios
Águas Refrescantes
De tempos em tempos, diferentes assembleias são capazes de agir conforme a Palavra do Senhor a Moisés. “Ajunta o povo e lhe darei água”. Estando assim reunidos, os santos dependem de Deus e precisam clamar: “Brota, ó poço” (Nm 21:16-17). Essa é uma cena do deserto, e os nobres estão ali com cajados em sinal de seu caráter peregrino e, ao comando do legislador, cavam a areia do deserto. Isso seria totalmente inútil em circunstâncias comuns, mas na bondade de Deus as águas refrescantes brotam e um cântico irrompe.
Acsa era uma mulher de fé confiante, uma fé que Deus Se deleita em reconhecer, dando abundantemente além de tudo o que pedimos ou pensamos. Ela induziu seu marido, Otniel, a pedir a seu pai um campo. Calebe lhes deu uma boa porção de terra ao sul. Mas uma terra ao sul sem água logo secaria, então ela pede mais. “Dá-me também fontes de água” (Js 15:18-19). Então ele deu a ela as fontes superiores e as fontes inferiores.
Fontes superiores
Deus nos trouxe para a luz do Seu favor, e Ele também nos dá fontes superiores e inferiores para manter nossa alma em frescor e fertilidade no gozo desse favor, apesar de tudo o que possa vir para secá-las. Bebemos das fontes superiores quando olhamos para cima e encontramos tudo em Deus. O salmista, no Salmo 87:7, diz: “Todas as minhas fontes estão em Ti”. Ele estava extraindo sem reservas das fontes superiores que são inesgotáveis. O mesmo aconteceu com o apóstolo Tiago quando escreveu: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1:17).
Fontes inferiores
Que Deus nos dê a beber profundamente de nossas fontes eternas, para que possamos nos gloriar “em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:11). Mas estamos em um mundo que é contrário a nós, onde a doença, a tristeza e o sofrimento abundam e, às vezes, afetam a nós mesmos e aos nossos entes queridos. Então, precisamos recorrer às fontes inferiores e encontrar Deus em tudo. Paulo tinha certeza disso quando escreveu em Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito”. Nosso coração deve extrair dessa mesma bendita certeza. Essas coisas que parecem as mais dolorosas e tristes, e que poderíamos pensar serem tão diferentes d’Ele, estão entre as “todas as coisas” nas quais Ele está e que Ele está fazendo com que contribuam para o nosso bem.
Ezequias aprendeu que sua doença e suas lágrimas amargas estavam entre as coisas pelas quais “vivem os homens” (TB) e nas quais estava a vida de seu espírito (Is 38:16). Damos muita importância às nossas bênçãos temporais, mas Deus, ao suprir as nossas necessidades, tem especialmente em vista o nosso bem-estar espiritual. Ele deseja que encontremos, em circunstâncias difíceis e dolorosas, aquelas fontes inferiores pelas quais o nosso bem-estar espiritual é mantido e aumentado. Isso é abençoadamente evidenciado no Salmo 84:5-7. O homem cujo coração está nos caminhos de Deus, ao passar pelo vale de Baca, ou enquanto chora, faz dele uma fonte. Sendo assim revigorado, ele avança de força em força, fazendo das provações e tristezas, por assim dizer, degraus para uma maior proximidade com Deus.
Cavando poços
Encontramos palavras de advertência e encorajamento em Gênesis 26:15-20. Isaque descobriu que os poços que seu pai havia cavado, os filisteus tinham entulhado com terra. O mundo tentará ocupar o crente com coisas terrenais, a fim de obstruir os poços de refrigério e instrução nas verdades de Deus que os santos de gerações anteriores, agora em repouso, cavaram para nós, conforme registrado em seus escritos. Cavemos novamente, para que possamos extrair o bem daquilo que o Espírito revelou a eles. Mas não nos limitemos a apenas cavar de novo os poços antigos; Isaque cavou novos. O inimigo tentou se opor a ele e impedi-lo, como sempre faz, mas a energia espiritual triunfou, e o poço de Reobote deu a ele paz e abundância.
Permitam-me exortar os jovens não apenas a ler os valiosos escritos de homens ensinados por Deus, mas a estudar a Palavra diligentemente com a orientação do Espírito. A água desses poços frescos abertos por vocês, em dependência e comunhão com Deus, será ainda mais doce e fresca do que aquela que outros cavaram para vocês.
Mananciais de água
“Um manancial fechado, uma fonte selada” (Ct 4:12 – TB). Assim é a esposa para o noivo. Até agora, temos considerado o que Deus é para nós e quais fontes de água viva Ele nos provê, mas esse versículo nos mostra o que nós, como esposa, somos para Cristo. O pensamento em “fechado… selada” é semelhante ao do “jardim fechado”: algo reservado para Seu deleite especial, algo para ser partilhado e usado quando e como Lhe aprouver. Em João 4:14, nosso Senhor Jesus fala da fonte de água que jorra para a vida eterna. Aqui, a fonte que Ele colocou dentro do crente é aberta e no poder do Espírito Santo jorra para Deus, sua origem, naquela adoração em Espírito e em verdade que Ele busca e que traz refrigério ao Seu coração.
Que privilégio que o transbordar de corações como o nosso, preenchidos por Ele mesmo, possa assim se elevar naquilo que Lhe dá alegria – nossos louvores, adoração e ações de graças. Em João 7:37-38, o Senhor Jesus promete dar ao sedento que se aproxima d’Ele água viva em abundância. Quando Ele abre as comportas, “rios de água viva” fluem para os sedentos ao redor, no poder do Espírito Santo que Ele lhes daria quando fosse glorificado. Assim, ao jorrar e fluir, o Senhor recebe refrigério e é glorificado.
Rios que fluem
Em conexão com os rios que fluem de um centro, veja como em Gênesis 2:10 nos é dito que o rio do Éden fluía, dividindo-se em quatro braços, levando bênção e refrigério universalmente. Isso é o oposto dos rios da Terra, onde vários rios pequenos se unem para formar um grande. Com as fontes ou rios de Deus, a plenitude é tão infinita que pode se dividir e ainda fluir com plenitude e poder que não diminuem. Que possamos aprender cada vez mais a nos regozijar em tudo o que Deus é para nós e por nós! Assim, encontramos, tanto nas fontes superiores quanto nas inferiores, a porção satisfatória e sustentadora de nossa alma. Como resultado, Cristo pode receber as águas que jorram em adoração e ser glorificado pelos rios que fluem em serviço para Ele segundo Seu comando.