Origem: Revista O Cristão – Alimento Espiritual

A Comida do Egito e de Canaã

Depois que eles foram redimidos do Egito, os filhos de Israel tiveram que passar pelo deserto em seu caminho à Canaã. Deus providenciou para eles comida do céu que caía sobre o orvalho todas as manhãs – comida que eles chamavam de “maná”. No entanto, eles se cansaram do maná e desejaram o que haviam comido no Egito. Em Números 11, somos informados que os filhos de Israel no deserto cobiçavam seis coisas com as quais haviam se alimentado no Egito – “peixe, pepino, melão, porros, cebola e alho”. Todos esses alimentos foram encontrados na ou sobre a Terra, e tinham duas características – eram relativamente fáceis de obter e eram facilmente contaminados e tornados impróprios para comer.

O Cristão hoje pode cair na mesma armadilha, procurando alimentar sua alma com as coisas deste mundo. A comida deste mundo é encontrada em sua mídia e em muitas formas de entretenimento, e é usada por Satanás para atrair os não salvos à sua destruição. Se nos alimentarmos dessas coisas, elas nos roubarão nosso apetite pelo verdadeiro alimento para o crente – Cristo como o pão que desceu do céu (o maná) e Cristo como o Homem que subiu ao céu (o fruto da terra).

Alguns anos atrás, um ex-editor deste periódico escreveu essas advertências fiéis sobre a literatura permitida em nossos lares:

“Há muito na literatura atual que pode não ser chamada de infidelidade, mas que certamente não tem lugar em nossos lares. Talvez faríamos bem em nos perguntar o que o profeta perguntou ao rei Ezequias: “Que foi que viram em tua casa?” Nosso lar está sobrecarregado com tais literaturas que teríamos pressa para esconder se recebêssemos uma visita, digamos, do apóstolo Paulo ou de algum outro Cristão devotado? Será que nosso apetite pela imperecível Palavra tem sido diminuído ao nos alimentar do porro, da cebola e alho do Egito? Para nós, o Egito é uma figura do mundo. Tinha seu próprio alimento característico, enquanto o Israel redimido se alimentava do maná celestial no deserto e de alimentos naturais da terra de Canaã quando chegaram a essa terra. O maná é uma figura de Cristo que desceu do céu para ser o alimento do Seu povo; o “fruto da terra” de Canaã é uma figura de Cristo em glória celestial. Mesmo a mais inofensiva e inocente literatura mundana pode se tornar uma armadilha real para os Cristãos e causar danos não mensuráveis, nos roubando o pouco tempo que temos para ler a Palavra com meditação silenciosa ou ler um proveitoso ministério escrito.”

“Precisamos tomar cuidado com o que lemos e com o que ouvimos. Os olhos e os ouvidos são avenidas para nossa alma, e o que entra por elas dará o tom a toda a nossa vida e testemunho Cristão. O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo: ‘Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá Medita estas coisas’ (1 Tm 4:13, 15)”.

O rádio, a televisão, os vídeos e a Internet são formas mais avançadas de nos servir dos alimentos do Egito à nossa alma e mente. Essas formas de mídia permitem absorver muito em pouco tempo e podem ter uma influência traiçoeira em nossa vida. Elas entorpecem nosso apetite espiritual, pois “a alma farta pisa o favo de mel”. Elas tendem a desenvolver um apetite em nós pela comida do Egito – “mas à alma faminta todo amargo é doce”. Vamos colocar nossa mente “nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3:2-3).

A comida de Canaã 

A terra de Canaã bebia água da chuva do céu e produzia sete coisas que eram recolhidas sem necessidade de se inclinar – o trigo, a cevada, a vide, a figueira, a romã, o azeite de oliva e o mel (Dt 8:8). Além disso, este alimento exigia mais esforço para obter. Crescia acima do solo, mas também precisava de mais energia para colher, processar e desfrutar.

Depois que os filhos de Israel atravessaram o rio Jordão, eles não precisavam mais do maná. É-nos dito que eles se alimentaram do fruto da terra – uma figura de Cristo ressuscitado (Js 5:11-12). Do mesmo modo, o verdadeiro alimento para o Cristão está nas regiões celestiais. Ao atravessar o deserto, precisamos de Cristo como o maná, mas como povo celestial, nos alimentamos de Cristo como “trigo [fruto – ARA] da terra, do ano antecedente”. Precisamos nos alimentar de todas as glórias e perfeições de Cristo no lugar onde Ele está, pois somos formados daquilo que nos alimentamos. Alimentar-se de Cristo em Seu caminho terrenal de humilhação ganhará nossas afeições, mas alimentar-se de Cristo em Suas glórias mudará nosso caráter. “Mas todos nós, com cara descoberta [sem véu]… contemplando a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Co 3:18 – JND).

Trigo e cevada 

O trigo na Escritura é visto como um grão muito precioso. Já a cevada, tipicamente, ocupa um lugar mais baixo. Lemos: “Ele [o Senhor] o fez [Jacó, Seu povo] chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira com a gordura [parte interna] da flor do trigo” (Dt 32:13-14). “A gordura” significa a parte mais rica de um animal (e também do óleo ou do vinho). No Salmo 81:16, lemos que Ele “o sustentaria com o trigo mais fino [ou a gordura do trigo – margem da KJV]. Também descobrimos que a colheita do trigo era um momento especial de alegria e relacionado à bênção. “Ornã estava trilhando o trigo” quando Davi veio a ele para construir um altar ao Senhor. “A flor de farinha de trigo” era usada para a oferta de manjares (Êx 29:2), embora a cevada fosse usada em um caso peculiar (Nm 5:15), onde uma classe inferior de oferta de alimentos era trazida.

Parece que a cevada na Escritura tem a ver com a responsabilidade do homem estando na família do velho Adão, convertido ou não, enquanto o trigo é em figura usado com relação a Cristo e a responsabilidade como estando n’Ele. Na alimentação dos cinco mil, temos “pães de cevada”; a cena é figura da graça agindo em relação ao homem, que ainda está sob responsabilidade Adâmica. Na alimentação dos quatro mil, temos a figura d’Aquele celestial e divino nos alimentando de acordo com os pensamentos de Deus em nosso novo lugar – em contraste com a fome que vem à Terra. A colheita do trigo seguia a colheita da cevada – existe graça e, em seguida, a abundância da graça.

A vinha 

A videira é aquilo que alegra a Deus e ao homem (Jz 9:13). Fala de frutificação. A terra de Canaã era conhecida por possuir uvas grandes e abundantes. Um cacho de uvas foi carregado pelos espias como testemunho da boa terra. Lemos também que Deus tinha uma videira que Ele trouxe do Egito – essa videira era Israel (Sl 80:8-11). Uma videira infrutífera é inútil. O Senhor, então, em João 15 ensina a Seus discípulos que Ele é a Videira verdadeira, portanto, a frutificação só pode ocorrer se estiverem n’Ele.

A figueira 

Os figos são conhecidos por sua doçura. As figueiras são abundantes na Palestina e produzem muitos frutos. Os figos eram transformados em bolos, sendo prensados juntos. As árvores dão figos em épocas diferentes, daí a expressão “figos verdes” e “figos temporãos”. A árvore é única no aspecto que produz primeiro os frutos e depois as folhas. Quando o Senhor buscou por frutos e somente achou folhas, Ele amaldiçoou a árvore, pois ela deveria ter tido frutos antes das folhas. A árvore representa Israel como nação (Lc 21:29; 13:6-7; Os 9:10) e fala da profissão. Israel professava ser o povo de Deus mas não davam frutos.

A oliveira 

A oliveira representa gordura, com a qual os homens honram a Deus e ao homem (Jz 9:9). Esta era a principal fonte de óleo no Oriente. Israel ocupou o lugar especial de privilégio e testemunho diante de Deus, mas de acordo com Romanos 11, eles foram cortados. Outros ramos foram enxertados, de modo que hoje os gentios ocupam aquele lugar de privilégio e testemunho. Esses ramos participam da raiz e da gordura da oliveira (Rm 11; Jz 9:8-9; Jr 11:16).

Romãs 

As romãs são um fruto de caráter celestial (Êx 28:33-34; Ct 6:11; 8:2). Essa fruta não era encontrada no Egito. Podemos considerá-la um símbolo daqueles que são salvos – fruto do céu. Alguns disseram que tem nove seções correspondentes às nove partes do fruto do Espírito (Gl 5:22-23). Sinos e romãs foram colocados alternadamente no manto do sumo sacerdote e pendurados perto do chão. Enquanto o sacerdote caminhava, os sinos tocavam melodia ao tocar as romãs – melodia conectada com frutas ricas. Que contraste isso era com o murmúrio e a queixa frequentemente ouvidos no acampamento de Israel!

Mel 

O mel era abundante na Palestina, pois era chamada da “terra que mana leite e mel” (Êx 3:8, 17). O mel é simbólico do que é doce na natureza e deve ser tomado com moderação, para que não cause vômito (Pv 25:16, 27). Era estritamente proibido acrescentar mel às ofertas queimadas ao Senhor (Lv 2:11). As coisas da natureza, embora possam ser doces para nós, não podem ter lugar no que é oferecido a Deus. O Senhor não comeu mel durante Sua vida na Terra, mas participou de um favo de mel quando ressuscitou, para provar Sua ressurreição corporal.

Esses sete alimentos de Canaã nos apresentam a imagem do que o Cristão deve se alimentar para o crescimento espiritual.

Diversas fontes

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