Origem: Revista O Cristão – O Amor de Cristo nos Constrange

A Alma Restaurada

Na cena de João 21:9-14, Jesus alimentou e satisfez todos os Seus discípulos, testificando assim, um amor que não fazia distinção entre eles. O Senhor levou Pedro a um lugar à parte com Ele mesmo e perguntou-lhe: “Simão, filho de Jonas, amas-Me mais do que estes?” Pedro amava ao Senhor, mas havia outro discípulo que O amava, não digo mais, mas melhor que Pedro. Enquanto este estava ocupado com o serviço do Senhor, João estava ocupado com o Senhor. Ele nunca se chama de o discípulo que amava a Jesus, mas o discípulo “a quem Jesus amava”. O que pareceu maravilhoso para ele chegar a registrar isso, era que Jesus amava alguém como ele, e ele não se cansava de repetir isso.

Jônatas amava Davi como sua própria alma e, no entanto, não sacrificava sua posição por ele. O amor de Abigail, que mais se assemelhava ao de João, era a sensação de ser possível que ela fosse amada por tal homem, ela que era apenas uma “serva [que] servirá de criada para lavar os pés dos criados de meu senhor”.

Amas-Me? 

João, como Maria Madalena, estava ocupado com a pessoa e o amor de Cristo, portanto, ele foi rápido em reconhecer Jesus e não foi como Pedro que precisou de alguém para lhe dizer: “É o Senhor”. Pedro, com toda a impetuosidade de sua natureza, lançou-se ao mar para chegar a Jesus e mostrar sua afeição. João estava satisfeito em ser o objeto do amor de Jesus.

“Amas-Me mais do que estes?” Pedro dissera que ele O amava mais e ainda assim O havia negado. O Senhor o leva, por assim dizer, pela mão, de volta ao ponto de origem da sua queda – confiança em sua própria força e em seu amor por Cristo. Três vezes durante as últimas entrevistas do Salvador com Seus discípulos, Pedro manifesta claramente sua autoconfiança. “Ainda que todos se escandalizem em Ti, eu nunca me escandalizarei” (Mt 26:33). “Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão e à morte” (Lc 22:33). E, “Por que não posso seguir-Te agora? Por Ti darei a minha vida” (João 13:37). O Senhor pega estas três palavras, começando com a primeira: “Ainda que todos se escandalizem”, “Amas-me mais do que estes?” Ai, todos o haviam abandonado, mas somente Pedro O havia negado e, portanto, não pode mais confiar em seu amor em comparação com o dos outros. Assim, humilhado, ele apela, não a seus sentimentos, mas ao conhecimento do Salvador. Ele sabia. “Sim, Senhor; Tu sabes que Te amo”. Ele não acrescenta: “Mais que estes”, pois ele se compara a Cristo e, na humildade, considera os outros melhores que ele.

Apascenta os Meus cordeiros 

Então Jesus lhe disse: “Apascenta os Meus cordeiros”. O cuidado pastoral das jovens almas vem da humildade, juntamente com o amor ao Senhor. Onde o Senhor encontra isso em Seu povo, Ele pode confiar neles para executarem este serviço. Outros dons talvez estejam completamente desconectados do estado interior, mas não se pode realmente atender às necessidades das tenras almas sem abnegação e muito amor, não apenas por elas, mas por Cristo.

“Apascenta os Meus cordeiros”. Essa palavra nos mostra o que eles são para Jesus e o valor do que o Senhor confiou a Pedro. Eles são Sua propriedade. O coração de Cristo não mudou a respeito de Simão, e Ele confiou a Pedro o que amava, em seu primeiro passo no doloroso caminho que o levava à restauração. O coração de Pedro estava quebrantado, mas sustentado por Cristo no quebrantamento. Jesus não o sondou três vezes para dar a ele uma resposta apenas na terceira questão, Ele já deu na primeira. Que afeição delicada e carinhosa na disciplina! Se as três perguntas tivessem sido feitas sem o encorajamento de uma promessa para cada uma, o coração de Pedro teria ficado sobrecarregado de tristeza, mas a promessa o sustentava a cada golpe destinado a derrubá-lo. Era como a sarça ardente, que a graça impediu de ser consumida. Jesus sondou Pedro três vezes. Ele tinha negado a Jesus três vezes. Na última vez nada restou além do que o Senhor produziu e pôde aprovar. A tristeza também estava lá, sem dúvida, mas unida à certeza de que o amor que era fruto de Seu amor, embora ocultado aos olhos de todos pelas manifestações da carne, o olho que tudo vê de Cristo pôde discernir. “Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que eu Te amo”. Depois da segunda e da terceira pergunta, o cuidado das ovelhas e o apascentar de todo o rebanho foram confiados a Pedro. Foi quando, por meio da graça, ele se viu, e foi obrigado a apelar ao Senhor para descobrir o que ele tinha deixado de descobrir em si mesmo, que ele se encontrava possuindo a bênção plena e sem reservas.

Christian Friend (adaptado)

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