Origem: Revista O Cristão – Betel

O Altar em Betel

O comentário inspirado sobre a idolatria que encontramos em Romanos nos mostra que ela teve sua origem na corrupção da mente humana e na altivez do intelecto. De maneira adequada, no início de 1 Reis 12, descobrimos que foi o amor ao mundo que ergueu o altar idólatra em Betel. Jeroboão pensou que era a única maneira pela qual ele poderia garantir o reino. Ele não negou, mas sim corrompeu a religião do povo, fazendo com que ela servisse aos seus próprios fins.

No início do capítulo 13, aprendemos como o Senhor lida com essa corrupção. Ele envia Seu servo desde a terra de Judá ao altar em Betel, com uma nova comunicação de Sua mente e uma nova unção de Seu Espírito, para denunciá-lo e apresentar o julgamento de Deus contra todos os que se ligaram com tal altar, mas retardando a execução desse julgamento até o tempo de Josias, o futuro rei da casa de Davi. Mas Ele também dá uma presente amostra de tal execução, pois o altar foi partido e as cinzas que estavam sobre ele foram derramadas. O julgamento aqui pronunciado foi executado exatamente como descrito (2 Reis 23), sendo Josias profetizado nominalmente.

A amostra – longanimidade – julgamento 

Este é o caminho comum de Deus: Ele pronuncia o julgamento, mas atrasa a execução, embora dê no presente uma amostra dele. O intervalo é chamado de Sua longanimidade, e sabemos que é tempo de vivificar e ajuntar (2 Pe 3:15). Enoque pronunciou o julgamento do ímpio, e sabemos de Deus que este julgamento ainda está para ser executado, mas o dilúvio foi uma amostra do cumprimento. O Senhor pronunciou o julgamento de Jerusalém em Mateus 24, e sabemos pelos próprios termos da sentença que ainda está para ser executado, mas a invasão romana foi uma amostra do seu cumprimento.

Jeroboão ficou indignado com o homem de Deus que pronunciou essa sentença contra seu altar e estendeu o braço, ordenando a seus servos que o apanhassem. Mas a mão de Deus segurou Jeroboão e seu braço estendido tornou-se rígido e seco. Então sua mente é transformada, e ele pede para que o homem de Deus ore pela restauração de seu braço. Isso é feito, então ele convida o homem de Deus para ir para casa com ele ao seu palácio para se refrescar e receber recompensa. Mas no espírito de Daniel, ele faz com que o rei saiba que ele pode manter seus presentes para si e dar suas recompensas para outro. Ele deixa a cena da maldição de Deus e se coloca no caminho de volta a Judá, tendo terminado todo o negócio dado a ele pela “Palavra do Senhor” para ser feito. O altar e seus frutos são deixados para o julgamento de Deus em sua devida época.

O velho profeta 

Agora, no entanto, a cena muda. Não vemos mais o homem de Deus e o rei juntos, mas veremos o homem de Deus em companhia de um velho profeta que naquela época vivia em Betel. Estaremos expostos a tentações especiais, se vivermos em zonas de fronteira ou em circunstâncias e condições questionáveis. O velho profeta, santo de Deus como era, vivia perto do altar. O diabo o usa, e com uma mentira em sua boca, ele traz o homem de Deus que estava na estrada que o levava a Judá, para comer e beber com ele em sua casa em Betel.

Paulo pronunciaria um anátema até mesmo sobre um anjo se ousasse negar a palavra que ele havia recebido de Deus. Mas o homem de Deus não estava neste vigor de Paulo. Ele renunciou a palavra que ele tinha recebido de Deus pela palavra (como ele julgou ser) de um anjo, e ele voltou para comer e beber no lugar de que o Senhor lhe dissera: “Ali, nem comerás pão, nem beberás água” (1 Rs 13:17).

O começo do julgamento 

E aqui outro princípio divino nos dá uma ilustração muito impressionante. Deus está julgando de acordo com a obra de todo homem (1 Pe 1:17), isto é, Ele está disciplinando o Seu povo agora. O julgamento na casa de Deus já começou (1 Pe 4:17) e vemos isso aqui. O julgamento sobre Jeroboão e seus sacerdotes é adiado, o julgamento do homem de Deus será imediato. Ele será agora julgado pelo Senhor para que não seja condenado com o mundo, ou Jeroboão (veja 2 Reis 23:17-18). A palavra cai em juízo sobre ele, enquanto ele se senta à mesa do velho profeta comendo e bebendo, pois ele estava comendo e bebendo juízo para si mesmo. Pouco depois, quando ele retoma sua jornada de volta para Judá, um leão o encontra e o mata.

Quão cheio de significado solene é tudo isto! O julgamento do mundo está adiado, porém a disciplina dos santos continua. Houve uma amostra pessoal do futuro julgamento do mundo, e haverá agora uma amostra presente da futura salvação do santo. O altar foi fendido, como vimos, e as cinzas se derramaram, assim também não é permitido ao leão tocar a carcaça do homem de Deus ou colocar sua pata mortal sobre o jumento que o carregou. Seu corpo é reservado para a honra final, embora sua vida tenha sido confiscada diante da santa disciplina de Deus. Teria sido a natureza do leão matar o jumento, assim como o seu cavaleiro, e devorar o cadáver, mas ele agiu verdadeiramente sob a ordenação divina na morte do homem de Deus, como o próprio homem de Deus havia agido quando ele pronunciou o julgamento sobre o altar. Que ilustrações variadas e instrutivas da verdade todas essas coisas são!

Seu sepultamento 

O velho profeta também deve ser visto novamente. Havia nele o que era de Deus, assim como o que era natural e da carne. Mas ele agora estava velho e vivia descuidado como um santo; ele havia feito sua morada em um lugar impuro. Satanás o usa para corromper seu irmão mais novo, um vaso recém-ungido do Espírito. Mas ainda assim ele parece ter sido um “homem justo”, como Ló, apesar de viver em Sodoma. Seu lamento sobre o que aconteceu com o homem de Deus era genuíno, como a de um santo sobre outro – tão genuíno quanto a lamentação de Davi por Jônatas. Foi a tristeza de um santo de Deus, e ele encarrega seus filhos de que quando ele morresse deveria ser enterrado no mesmo sepulcro onde ele estava agora religiosamente colocando os restos mortais daquele a quem ele chama de seu “irmão”, o homem de Deus.

Tudo isso fala da melhor natureza que havia nele. E quando a mão do Senhor executa por Josias o julgamento que ele havia pronunciado agora pelo homem de Deus, quando o poder de Sua mão vem para fazer valer as declarações de Seu Espírito, e o dia do juízo final do mundo chegar – este Jeroboão – o mundo do qual estamos falando – a mão de Deus respeita o velho profeta como ele fez ao homem de Deus. Josias salva o sepulcro desses homens e preserva os ossos de cada um deles da queimação penal comum, sob a qual ele estava colocando todos os outros encontrados naquele lugar impuro ao redor do altar em Betel, como lemos de maneira tão completa e notável em 2 Reis 23.

Tudo isso nos dá uma lição de instrução moral muito variada. Vemos o caminho de Deus no julgamento do mundo e na disciplina de Seu santo; vemos o perigo de morar perto de Sodoma, e aprendemos novamente que devemos nos apegar ainda mais a Palavra de Deus diante de tudo e de todos.

J. G. Bellett (adaptado)

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