Origem: Revista O Cristão – Amizade

Amigos

Gary, um homem de meia-idade, contou que, quando estava na sétima série, era muito tímido, desajeitado e praticamente sem amigos. Ele costumava olhar com admiração para Rod, um aluno alto e popular da nona série, que, destacando-se nos estudos e nos esportes, era o líder do grupo mais popular de alunos. Rod nunca prestou atenção em Gary – nunca, pelo menos, até pouco antes da eleição da escola para presidente do grêmio estudantil.

Gary se lembrava de como se sentiu surpreso e satisfeito quando, um dia, Rod parou no corredor e fez uma tentativa especial de conversar com ele. Ele queria saber como ele estava, o quanto gostava dos professores, parecendo demonstrar interesse genuíno por ele. Nos dias seguintes, Rod demonstrou o mesmo amigável interesse, dando-lhe tapinhas nas costas, conversando com ele e até mesmo incluindo-o em seu círculo de amigos. Como Gary se sentiu importante, feliz e aceito!

E, claro, no dia da eleição, Gary não tinha dúvidas sobre quem deveria ser o presidente do grêmio estudantil. Ele votou em seu novo “amigo”, Rod.

E, ao fazer isso, ele aprendeu uma lição dolorosa.

Depois que Rod foi eleito presidente do grêmio estudantil, ele parecia ter se esquecido de Gary. Ele nunca mais falou com Gary nem demonstrou o menor interesse por ele. Rod não era mais o “amigo” de Gary.

O mundo promove a amizade como algo muito desejável, mas pouco sabe sobre seu verdadeiro significado.

Amigos de verdade não fazem concessões 

A Escritura apresenta muitos relatos, advertências e instruções sobre o assunto de amigos. Alguns foram verdadeiros amigos que trouxeram bênçãos e conforto aos seus companheiros. Outros agiram como amigos, mas trouxeram infelicidade, desastre e até mesmo morte. Que todos nós (especialmente os queridos pais de filhos pequenos) prestemos muita atenção, nestes últimos e sombrios dias, aos princípios divinos da Bíblia a respeito de “amigos”.

O mundo, promovendo a tolerância como sinal da verdadeira amizade, presume que os Cristãos devem mostrar amor e aceitação até mesmo daquilo que Deus chama de abominação. Seu objetivo é que os princípios divinos e imutáveis da infalível Palavra de Deus sejam desconsiderados (negados) por qualquer um que queira ser seu amigo.

Quão solenemente a Bíblia adverte sobre amigos e amizades com aqueles que podem trazer desastres espirituais ou naturais à fé, às famílias e à vida dos crentes.

Amigos sagazes e mortais 

Em 2 Samuel 13, lemos sobre o pecado que Amnom, filho do rei Davi, cometeu contra sua meia-irmã Tamar. Embora de fato culpado daquela impiedade, há uma nota arrepiante em sua história que mostra como ele foi encorajado àquele pecado: “Tinha, porém, Amnom um amigo, cujo nome era Jonadabe homem mui sagaz” (2 Sm 13:3). Amnom aceitou o conselho sagaz e enganoso de seu “amigo” para se entregar àquele pecado – conselho que custou ao jovem de vontade fraca sua honra e sua vida.

Muitos amigos 

Há também um versículo muito interessante e solene em Provérbios 18:24. “O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão”. Esse versículo pode parecer que está encorajando os Cristãos a ganharem muitos amigos. Mas uma melhor tradução traz um aviso solene que todos (especialmente os pais, ao criarem seus filhos) fariam bem em se atentar: “O homem que tem muitos amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão” (Pv 18:24 – AIBB).

A grande ênfase do mundo na amizade verdadeira como sendo totalmente receptiva e sem julgamentos parece boa e razoável. Mas, sem a luz e a orientação de Deus, essa é uma filosofia terrível e mortal. O livro que oferece sabedoria celestial para o nosso caminho terrenal alerta claramente sobre os resultados desastrosos para aquele “que tem muitos amigos”. O perigo é que, para ter “muitos amigos”, um Cristão será obrigado a comprometer sua obediência à Palavra de Deus.

Para os pais, é especialmente importante ensinar aos filhos o caráter bíblico da verdadeira amizade, tomando cuidado para não incutir neles o desejo de popularidade. Os filhos precisam ter uma disposição terna e amorosa e sabedoria na escolha de seus amigos. Sigamos nós mesmos e ensinemos a nossos queridos filhos a chave divina para ter amizades felizes e amigos fiéis. Companheiro sou de todos os que Te temem e dos que guardam os Teus preceitos” (Sl 119:63).

Amizade fiel 

Um amigo que vale a pena ter não exige, como condição para a amizade, a aceitação daquilo que desonra o Senhor. Um verdadeiro amigo piedoso terá a coragem moral de repreender a desobediência do outro. O bendito Senhor, em perfeito amor e sabedoria, buscando encorajar dois de Seus amados discípulos, diz-lhes: “Ó néscios [insensatos], e tardos de coração para crer” (Lc 24:25), uma repreensão perfeita de um coração de infinito amor divino, de um verdadeiro Amigo!

Novamente em Provérbios, lemos sobre o mesmo princípio: “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos” (Pv 27:6). Às vezes, palavras dolorosas precisam ser ditas para salvar um amigo de um caminho de tristeza. E isso é o que caracteriza um verdadeiro amigo. Basta lermos sobre a traição de Absalão contra seu pai Davi (2 Sm 15:5) para aprendermos quão enganosa pode ser a amizade fingida em roubar o coração. Jó tinha três amigos, mas Eliú era seu melhor amigo, e o mais verdadeiro. Ele expressou os pensamentos de Deus. Embora Jó possa não ter se sentido muito consolado ao ouvir as palavras de Eliú, elas trouxeram bênçãos.

Um Amigo dos pecadores 

Mas o Senhor Jesus não era Amigo dos pecadores para ser uma bênção para eles (veja Lucas 7:34; 15:2)? Sim. Mas Ele nunca esteve em comunhão com o pecado deles. Ele veio “buscar e salvar o que se havia perdido”. Aqueles, tal como os “publicanos e pecadores”, que sentiram sua necessidade e vieram até Ele encontraram um Amigo perfeito. Ele era certamente o mais acessível dos homens – um verdadeiro Amigo e Alguém que amava o pecador. Mas Ele sempre foi, como Homem perfeito (e ainda verdadeiro Deus), “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Hb 7:26), sempre disponível, mas nunca contaminado pelo pecado (Hb 4:15).

Nunca encontramos na Bíblia que ser um verdadeiro amigo dos outros exija que um Cristão ande ou aja de uma maneira que desonre o Senhor ou desobedeça à Palavra de Deus. Que cada um tenha um desejo crescente de ser um amigo fiel que “em todo o tempo ama” (Pv 17:17) e alguém que teme ao Senhor em tudo o que faz (Pv 1:7).

D. Nicolet, The Christian Shepherd, 2004

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