Origem: Revista O Cristão – O Amor de Cristo nos Constrange

Amor e Obediência

O amor é a mola da obediência. Qualquer obediência que não provenha do amor é legalismo, servilismo ou egoísmo. A obediência Cristã não conhece outra mola além do amor. O Cristão obedece porque ama e porque é amado. “Se me amardes”, diz o Senhor “guardareis os Meus mandamentos”, ou como o apóstolo também escreve: “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:14-15).

Ele nos amou primeiro 

Nosso amor ao Senhor é apenas a resposta de nosso coração ao Seu amor por nós. “Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro”. Assim, nosso amor é o fruto do d’Ele; é gerado por Ele e é o resultado disso. Nós não O amamos para que Ele nos ame. Isso seria impossível. Como o coração desses infelizes poderia se forçar para amar alguém que, pelo pecado, infelizmente, eles odeiam? Não é a mente carnal inimizade contra Deus? Como então poderia amá-Lo? Se não houvesse uma demonstração de amor da parte d’Ele, em primeiro lugar, agindo independentemente de nós, não poderia haver nenhuma demonstração da nossa parte.

Mas, bendito seja Deus, essa é a própria verdade revelada no evangelho da Sua graça! Foi quando estávamos “mortos em ofensas e pecados”, que Deus nos amou. Foi quando ainda éramos “pecadores” que Cristo morreu por nós e que Deus encontrou ocasião para essa demonstração de Seu próprio amor. Foi quando ainda O odiávamos que a bondade e o amor de Deus apareceram. E foi quando estávamos perdidos que o Filho do Homem veio nos buscar e nos salvar.

Essa é a verdade do evangelho. A prioridade do amor de Deus ao homem antes da do homem para com Deus é assim claramente revelada. Por exemplo, “Deus amou o mundo de tal maneira” é a verdade que traz à alma uma feliz surpresa, pois o amor imerecido brilha em todo o seu precioso esplendor sem a menor participação do homem, mas brilha, apesar de tudo o que o homem poderia fazer para desencorajá-lo. Ainda mais, esse amor eterno e imutável brilha como um sol que nenhuma nuvem pode escurecer, porque flui de um coração, cuja natureza e essência são o próprio amor. “Deus é amor” é a grande e completa explicação do fato de que “Deus amou o mundo”, e a razão de Sua longanimidade para com este mundo que está aumentando a cada dia sua montanha de pecados e oposições a Ele.

Que verdade maravilhosa e libertadora é essa! Como é doce ouvir a história desse amor ou ficar de pé ao lado da cruz do Calvário e deixar que o coração orgulhoso seja comovido por esse triunfo da bondade amorosa. Verdadeiramente, “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a Sua vida pelos seus amigos” (Jo 15:13). E por tal história o coração é ganho, o inimigo reconciliado e o pecador salvo. Por tal verdade é que acende no peito uma centelha de amor para com Ele. Assim, o amor gera amor e aquele que era inimigo torna-se amigo e seguidor.

Amas-Me? 

Há uma impressionante conexão moral entre a pergunta feita pelo Senhor a Pedro em João 21:17 e a ordem dada a ele no versículo 22 do mesmo capítulo. A pergunta é: “Amas-Me?” e o comando, “segue-Me tu”. A ordem está correta. O amor deve vir antes da obediência, e a obediência nada mais é do que seguir o amor. Se o primeiro puder ser provado, o segundo irá acontecer. Se o Senhor pode ganhar o coração, Ele pode contar que terá também os pés. E consequentemente, com sabedoria divina, Ele testa as afeições do apóstolo. “Amas-Me”, a quem tanto te amou? E qual foi a resposta do coração pobre e quebrantado de Pedro? “Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que eu Te amo”. Bela declaração e profunda gratidão ao Senhor! “Tu sabes todas as coisas”, disse Pedro, como se voltasse a derramar as amargas lágrimas de arrependimento e reconhecesse a tripla negação do seu amado e amoroso Senhor e Salvador. “Tu sabes todas as coisas”, minha fraqueza, minha insensatez, minha autoconfiança, meu pecado e meu arrependimento, minha angústia e minha tristeza também. “Tu sabes que eu Te amo”. Se ninguém mais souber disso, Tu sabes.

“Segue-Me” 

O Senhor então disse: “Segue-Me”. Se o Senhor é realmente amado, Ele também será verdadeiramente obedecido. A obediência será proporcional ao amor. “Quem não Me ama não guarda as Minhas palavras”, primeiro o amor, e então a obediência. Pode haver diferentes graus de entendimento quanto à Sua vontade, mas o espírito de obediência caracterizará todos os que realmente O amam. Um coração obediente é o seu deleite. Tal pessoa será treinada e nutrida por Ele e, como Ele diz, “Se alguém quiser fazer a vontade d’Ele, conhecerá a respeito da doutrina”. Oh! Que estas três palavras, “Segue-Me tu”, possam destacar-se em corajoso e claro alívio diante do olhar agradecido e amoroso de nossas afeições renovadas, para que possamos estimá-Lo como sendo digno de toda a nossa obediência aqui. E se a coroa que estará sobre a cabeça de cada santo deverá ser lançada a Seus pés, não devemos honrar Seu nome agora pela entrega grata, completa e sem reservas de coração, mãos e pés tão pobres, e de tudo o que temos e devemos ao serviço do mesmo Salvador e gracioso Senhor? Que nossa alma possa ouvir a sua pergunta: “Amas-Me?” e alegremente obedecer à Sua ordem, “segue-Me”.

J. W. Smith (adaptado)

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