Origem: Revista O Cristão – Anjos
Anjos Caídos
Parece que houve pelo menos duas quedas de anjos; uma foi a daquele que chamamos de Satanás, o qual, quando o homem foi feito, tentou o homem por meio de Eva. Com relação a esses anjos maus, dos quais lemos na Bíblia desde Gênesis até Apocalipse, eles não estão sob cadeias eternas. Eles estão vagueando pelo mundo continuamente, e até agora não foram reservados em cadeias de trevas; é permitido a eles terem acesso ao céu. Você verá isto de maneira muito admirável na história de Jó. Você verá os “filhos de Deus” que são referidos ali. Eles são os anjos de Deus. Os anjos de Deus se apresentaram diante de Deus. Aprendemos com isso que eles têm acesso e incluem não apenas os anjos bons, mas também os anjos satânicos. Satanás é um anjo caído, mas ainda assim ele era um anjo, e quando “os filhos de Deus” vieram, Satanás também estava lá, de modo que é evidente, mais particularmente no Livro do Apocalipse, que Satanás não perderá esse acesso à presença de Deus até que estejamos de fato no céu. Isto ainda não aconteceu. As pessoas têm uma ideia extraordinária de que, seja qual for o acesso que Satanás tivesse antes daquele tempo, ele o perdeu – ou quando nosso Senhor nasceu ou quando nosso Senhor morreu – mas não há nada disso na Epístola aos Efésios, onde, pelo contrário, é afirmado expressamente que nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra espíritos iníquos nas regiões celestiais. Não somos como os israelitas que lutavam contra os cananeus. Nosso cananeu é um inimigo espiritual nos lugares celestiais, isto é, Satanás e seu exército de demônios ou anjos.
Anjos em cadeias
Em Judas 6, lemos sobre “anjos que não guardaram o seu principado [primeiro estado – ARA]”. Esses anjos caíram em uma iniquidade muito peculiar, que é geralmente mencionada em Pedro, mas de maneira especial em Judas. Em consequência, eles foram colocados sob cadeias de escuridão e não foram autorizados a sair da prisão. Eles não são os anjos que nos tentam agora; eles fizeram sua má obra pouco tempo antes do dilúvio. Não sabemos exatamente como isso foi feito, mas Gênesis 6 diz que havia “filhos de Deus” na Terra naquele tempo que agiram de uma maneira que era tão ofensiva para Ele que provocou o dilúvio. Sem dúvida, o homem em geral era muito corrupto e vil, mas, além disso, havia, de alguma maneira misteriosa, essa terrível violação dos limites que dividem as criaturas de Deus. Como resultado, Deus destruiu completamente toda a estrutura da criação, de modo que cada um deles pereceu. Aqueles anjos que se comportaram daquela maneira tremendamente perversa se tornaram prisioneiros. Eles não são como Satanás e seu exército que nos tentam até hoje; esses anjos em particular não podiam mais tentar homens. Eles haviam feito demais, e Deus não permitiria que essas coisas continuassem mais; portanto, houve essa poderosa interferência no momento do dilúvio. Sua queda foi um afastamento de seu primeiro estado, mas nesse caso particular Satanás não fez isso, nem os anjos que caíram com Satanás. Esses anjos deixaram sua própria habitação e preferiram ocupar seu lugar na humanidade para agir como se fossem homens na Terra. Consequentemente, Deus agora os reservou em cadeias eternas sob as trevas até o julgamento do grande dia.
O que torna o assunto tão impressionante é que Judas compara essa terrível conduta com Sodoma e Gomorra. A enormidade dessa maldade excedeu a de todas as pessoas más, e é isso que as coloca em uma posição com Sodoma e Gomorra: “Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles (anjos), e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno” (Judas 7).
Em Pedro, é geral: “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram” (2 Pe 2:4). Ele os lançou em cadeias de escuridão, mas essa descrição não se aplica a Satanás e suas hostes. Portanto, parece que houve duas diferentes quedas de anjos; a de Satanás e seus seguidores elevando-se em orgulho de seus corações para com Deus; e, outra, a desses anjos afundando-se na impiedade de seu coração para com o homem, em uma condição realmente muito baixa. A diferença, portanto, é mais acentuada. Deus “os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; E não perdoou ao mundo antigo”. Existe uma conexão entre as duas narrativas (isto é, o julgamento desses anjos e o dilúvio de Noé), pois elas ocorreram na mesma época. Pedro marca exatamente esse ponto e o coloca junto com o tratamento de Deus com os anjos. De acordo com esse tema de injustiça e julgamento, Noé é descrito como um “pregador da justiça”, não como um pregador da graça.
Obediência
Chegamos agora à implicação das palavras de Pedro em relação ao tempo presente. “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados” (2 Pe 2:9). A analogia é que essa forma particular de mal requer uma forma particular de disciplina, e que o mundo será destruído não pela água, mas pelo fogo vindo de Deus no céu. Agora, quando chegamos a Judas, é muito mais próximo do que tudo isso. O que ele diz é: “contudo, da mesma forma estes sonhadores” (v.8 – JND) – aqueles que vivem na imaginação de seu próprio coração, ao invés de serem guiados pela Palavra de Deus. A Palavra de Deus é uma expressão da autoridade de Deus, e Sua vontade é a única coisa que deve nos guiar, sejam crentes ou incrédulos. Se eu desse, em uma palavra, o que consiste todo o Cristianismo prático, devo dizer obediência, obediência da fé, não lei. É caracterizado por Pedro em sua primeira epístola como “a obediência de Cristo”. Anjos caídos falharam na sua obediência, e o homem caído falhou na sua obediência. É um privilégio, como crentes, procurar ser caracterizado pela obediência de Jesus Cristo.
