Origem: Revista O Cristão – Anjos

Os Anjos e o Mundo Invisível

A criação do universo visível é registrada na Escritura, mas não a criação dos anjos. No entanto, é evidente que eles foram criados antes do mundo, como um grupo separado de seres, pois estão presentes na criação e demonstram interesse na obra de Deus. Naquela época, a Escritura diz que “quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam” (Jó 38:7). Satanás e suas hostes estavam originalmente entre esses anjos, mas em algum momento antes da criação do homem, eles se rebelaram contra Deus e caíram. Mais tarde, antes do dilúvio de Noé, outros anjos “que não guardaram o seu estado original” e se envolveram com as filhas dos homens de maneira pecaminosa. A Escritura nos diz que agora eles estão confinados em “cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo” (2 Pe 2:4). Aqueles que não pecaram são chamados de “anjos eleitos” (1 Tm 5:21) e são os mensageiros de Deus e o poder administrativo no mundo. Em relação ao homem, eles são “maiores em força e poder”. Eles foram como emissários de Deus a Sodoma para investigar a iniquidade ali; um anjo matou 185 mil homens do exército assírio no tempo de Ezequias; os anjos estiveram envolvidos quando a lei foi dada. Um anjo também livrou Pedro da prisão e estará envolvido na execução do julgamento num dia vindouro. De todas as maneiras, eles são servos de Deus, fazendo a Sua vontade instantaneamente e agindo por Ele tanto no que diz respeito ao Seu governo neste mundo, quanto no cuidado dos Seus.

A maioria dessas obras é realizada sem ser vista pelo homem. No entanto, a Escritura ocasionalmente nos dá um vislumbre deste mundo invisível. Quando Daniel orou ao Senhor, um anjo foi enviado a ele, mas ele se atrasou “vinte e um dias” por causa do “príncipe do reino da Pérsia” (obviamente um anjo caído). Quando Miguel, “um dos primeiros [principais – JND] príncipes”, veio para ajudar, o anjo foi capaz de falar com Daniel, mas, então, ele tinha que retornar para “pelejar contra o príncipe dos persas”. Ele também diz a Daniel: “eis que virá o príncipe da Grécia”. Portanto, muitas vezes há uma luta entre os anjos eleitos que fazem a vontade de Deus e os das hostes de Satanás que se opõem a eles.

Uma hierarquia 

Parece que também há uma hierarquia entre os anjos. Gabriel evidentemente tem um lugar proeminente e é mencionado pelo nome no tempo de Daniel, bem como no anúncio dos nascimentos de João Batista e do Senhor Jesus. Miguel é chamado de “arcanjo” (Judas 9) e parece estar especialmente associado a Israel – “Miguel, vosso príncipe” (Dn 10:21). Quando Satanás e seus demônios forem expulsos do céu em um dia futuro, Miguel parece estar à frente daqueles anjos eleitos que fazem isso (Ap 12).

O papel dos anjos 

Quando Cristo nasceu neste mundo, os anjos celebraram Seu nascimento com louvor, contemplando maravilhados e adorando seu Criador Se tornando Homem. Eles se deleitam com os caminhos de Deus com o homem; não há inveja no coração deles, mesmo que Deus esteja alcançando criaturas pecadoras e levando-as a um lugar maior de bênção do que os anjos hoje desfrutam. Durante o ministério terrenal de nosso Senhor, os anjos eram Seus servos – “os anjos O serviam” (Mc 1:13). Quando os conselhos de Deus em graça para com o homem são revelados, Pedro diz, sobre o evangelho da graça de Deus: “as quais coisas os anjos desejam bem atentar” (1 Pe 1:12). Quando o evangelho é pregado, há alegria entre eles por cada pecador que se arrepende. Quando a verdade de Cristo e a Igreja foi revelada por Deus por meio do apóstolo Paulo, lemos que “para que agora, pela Igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3:10). Uma irmã que ora ou profetiza “deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos” (1 Co 11:10), pois os anjos veem na conduta de uma mulher Cristã uma figura da Igreja. Eles veem a sabedoria de Deus na redenção e Sua glória em trazer pecadores perdidos a uma bênção maravilhosa. Para o crente hoje, os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14), bem como continuam seu papel na administração do governo deste mundo. Quantas vezes, na história da Igreja, Deus interveio em favor dos Seus, usando anjos para guardá-los e protegê-los!

Seu papel no futuro 

No entanto, seu papel nem sempre será o mesmo. Lemos em Hebreus 2:5: “Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos”. Deus vai governar “o mundo futuro” [o Milênio] por meio do Homem – “o Homem Cristo Jesus”. Quando Cristo volta para reinar, Ele vem “na Sua glória, e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9:26). Quando Ele aparecer com Sua Igreja, Ele primeiro executará o julgamento; então o reino glorioso será estabelecido, e Cristo e a Igreja governarão. Por essa razão, Paulo diz aos coríntios: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1 Co 6:3). Quando essa transição ocorre, é registrado que “as potências dos céus serão abaladas” (Mt 24:29), pois a atual administração do mundo sob os anjos dará lugar a Cristo e a Igreja. Uma forma de recompensa para o crente fiel será a responsabilidade administrativa naquele reino: “Sobre dez cidades terás a autoridade”; “Sê tu também sobre cinco cidades” (Lc 19:17, 19).

Mas os anjos não terão mais utilidade naquele momento? Pelo contrário, lemos que eles misturam seus louvores com os dos remidos por toda a eternidade. Eles não têm a proximidade que o crente terá naquele dia, nem podem cantar o cântico dos redimidos. Mas o louvor deles ressoa no céu, junto com “toda criatura que há debaixo do céu”. “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Ap 5:11-12).

W. J. Prost

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