Origem: Revista O Cristão – Anjos

O Hino dos Anjos

Duas coisas são apresentadas em Lucas 2:11-14. O anjo que vem aos pastores da Judeia anuncia a eles o cumprimento das promessas de Deus a Israel. O coro de anjos celebra, em seu louvor celestial, toda a importância real deste evento maravilhoso. “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu”, diz o mensageiro celestial que visita os pobres pastores, “hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Isto estava proclamando boas novas para eles e para todo o povo.

A plenitude, soberania e perfeição da graça de Deus 

Mas no nascimento do Filho do Homem, Deus manifestado na carne, a realização da encarnação teve uma importância muito mais profunda do que isso. As palavras, “Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra, boa vontade [de Deus] para com os homens”, abrangem pensamentos tão extensos que é difícil falar adequadamente deles. Primeiro, é profundamente bendito ver que o pensamento de Jesus exclui tudo o que poderia oprimir o coração na cena que cercava Sua presença na Terra. Infelizmente, o pecado estava lá, mas se o pecado O havia colocado ali, a graça O havia colocado lá. A graça superabunda; aquilo que Deus é em graça absorve a mente e possui o coração e é o verdadeiro alívio do coração em um mundo como este. Vemos somente a graça, e o pecado apenas amplia a perfeição dessa graça. Jesus, vindo em graça, enche o coração. É a mesma coisa em todos os detalhes da vida Cristã. É a verdadeira fonte de poder moral, de santificação e de gozo.

“Glória a Deus nas alturas” 

Vemos, a seguir, que há três coisas trazidas à tona pela presença de Jesus nascido como Criança na Terra. A primeira é a glória para Deus nas alturas. O amor de Deus, Sua sabedoria, Seu poder, o cumprimento de Seus conselhos eternos, a perfeição de Seus caminhos onde o mal havia chegado, a manifestação de Si mesmo em meio ao mal de maneira a glorificar-Se diante dos anjos – em uma palavra, Deus havia Se manifestado de tal maneira pelo nascimento de Jesus que as hostes do céu, há muito familiarizadas com Seu poder, podiam elevar seu coro: “Glória a Deus nas alturas”! Que amor como esse amor! Que pensamento puramente divino, que Deus Se tornou Homem! Que supremacia do bem sobre o mal! Que sabedoria em aproximar-Se do coração do homem e do coração do homem de volta a Ele! Que aptidão em abordar o homem! Que manutenção da santidade de Deus! Que proximidade com o coração do homem, que participação em seus desejos, que experiência de sua condição! Mas acima de tudo, Deus acima do mal em graça, e nessa graça visitando este mundo contaminado para Se tornar conhecido como Ele nunca fora conhecido!

“Paz na Terra” 

O segundo efeito da presença d’Aquele que manifestou Deus na Terra é que a paz deveria estar lá. O coro celestial está ocupado com o fato de Sua presença, e eles celebram essas consequências. O mal manifestado deve desaparecer, pois Jesus, poderoso em amor, deve reinar e transmitir Seu caráter a toda a cena, segundo o coração de Deus.

Os meios para isso – a redenção, destruição do poder de Satanás, a reconciliação do homem pela fé e de todas as coisas no céu e na Terra a Deus – não estão aqui apontados. Tudo dependia da Pessoa e da presença d’Aquele que nasceu. Apresentado à responsabilidade do homem, o homem é incapaz de tirar proveito disso, e tudo é falha. Mas, sendo a graça e a bênção ligadas à Pessoa d’Ele recém-nascida, foi a intervenção de Deus cumprindo o conselho de Seu amor, o propósito estabelecido de Seu bom prazer. E, Jesus, uma vez lá, as consequências não poderiam falhar; qualquer interrupção que houvesse para o cumprimento deles, Jesus era a garantia deles. A presença do Filho de Deus no meio dos pecadores dizia a toda inteligência espiritual: “Paz na Terra”.

“Bom prazer de Deus nos homens” 

A terceira coisa foi o bom prazer de Deus nos homens (JND). Esta é a mesma palavra usada quando se diz de Cristo: “Em Quem Me comprazo”. É bonito ver a celebração sem inveja, por esses seres santos, do avanço de outra raça para este lugar exaltado pela encarnação do Verbo. Era a glória de Deus, e isso lhes bastava. Isto é muito belo.

Foi um testemunho glorioso de que a afeição, o bom prazer de Deus estava centralizado nesta pobre raça, agora longe d’Ele, mas na qual Ele teve o prazer de realizar todos os Seus conselhos gloriosos. Assim, em João 1, a vida era a luz dos homens. Em uma palavra, era o poder de Deus presente em graça na Pessoa do Filho de Deus, participando da natureza e interessando-Se no destino de um ser que havia se afastado d’Ele e fazia dele a esfera da realização de todos Seus conselhos. Que posição para o homem! Todo o universo deveria aprender no homem o que Deus era em Si mesmo, e o fruto de todos os Seus conselhos gloriosos, bem como seu descanso completo em Sua presença, de acordo com Sua natureza de amor. Tudo isso estava implícito no nascimento d’Aquele Menino a Quem o mundo não prestou atenção. Assunto natural e maravilhoso de louvor aos santos habitantes do céu, a quem Deus o fez conhecer! Era Glória a Deus nas alturas.

J. N. Darby (adaptado)

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