Origem: Revista O Cristão – Anjos

Obediência

Todos nós conhecemos o caráter do primeiro pecado que entrou no mundo, que o transformou em um cenário de violência, corrupção, tristeza, morte e julgamento; foi a desobediência. Orgulho e independência levaram Satanás, o príncipe deste mundo, à desobediência, e assim o fizeram cair. O espírito angelical outrora exaltado e brilhante, cujo nome era “estrela da manhã” e “filho da alva” (TB), havia dito em seu coração: “Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:13-14). Ele foi perfeito em seus caminhos desde o dia em que foi criado, até que a iniquidade foi encontrada nele. E qual era a iniquidade dele? “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti” (Ez 28:17). Não há dúvida de que esta passagem de Ezequiel se refere não apenas ao então rei de Tiro, mas a Satanás, o príncipe deste mundo, de quem o príncipe de Tiro é uma figura. Tiro representa o mundo quanto à “concupiscência dos olhos” (no comércio e no tráfico); Sodoma, quanto à “concupiscência da carne”; Nínive, quanto à “soberba da vida”; Babilônia, quanto ao orgulho e à prostituição espiritual ou religiosa.

Esse pecado de desobediência transformou aquele belo “querubim protetor” no arquienganador, e “aquela antiga serpente” e seus brilhantes anjos em “hostes espirituais da maldade”“príncipes das trevas deste século”. A queda de Satanás e seus anjos ocorreu antes que ele, como a serpente, tentasse Adão e Eva no jardim. E depois que Deus ordenou que a luz brilhasse das trevas e terminou “os céus, e a Terra, e todo o seu exército foram acabados”, foi novamente o mesmo espírito de desobediência que levou à queda de outro número daqueles brilhantes seres angelicais. Eles “não guardaram o seu principado [estado original – JND], mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia” (Jd 1:6). Eles “viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (Gn 6:1). Seus filhos eram os “gigantes na terra”, uma raça caracterizada por autoconfiança, orgulho e vontade própria.

Força e obediência 

Após esses relatos solenes da queda daqueles seres outrora perfeitos e celestiais, é um alívio voltar ao mesmo registro divino quanto ao caráter dos anjos bons, tão bela e concisamente dados no final do Salmo 103. Nós vemos que eles são os que excedem “em força” e guardam “os Seus mandamentos”. Ao contrário de seus ex-companheiros caídos e da humanidade caída, onde força e desobediência andam de mãos dadas, há força combinada com obediência. Mas há uma terceira característica que nos é dada neste salmo quanto aos seres angelicais brilhantes; eles são os que excedem “em força” e que guardam “os Seus mandamentos”, eles também estão “obedecendo [ouvindo atentamente – JND] à voz da Sua palavra”. A obediência deles não é morna, mera obediência de dever, mas é uma obediência do coração. Eles “ouvem atentamente”, isto é, inclinam os ouvidos, não apenas para “Sua palavra”, mas para a “voz de Sua palavra”. O coração deles, assim como seus ouvidos, gostam de ouvir a voz de seu Soberano divino, e se interessam por tudo o que diz respeito à Sua glória. Quanto à criação, “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam” (Jó 38:7); quanto à salvação e redenção, “as quais coisas os anjos desejam bem atentar” (1 Pe 1:12); também, eles podem se engajar em aprender na Igreja “a multiforme sabedoria de Deus” (Ef 3). Com eles, é a mesma obediência de coração à vontade de Deus, o mesmo interesse de coração em todos os conselhos de Sua vontade divina, mesmo onde os objetos desses conselhos pertencem a uma raça caída e rebelde e mesmo que eles mesmos continuem “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14). Não há inveja daqueles abençoados assistentes nas cortes celestiais acima, onde tudo é perfeito e todo coração tem apenas um objetivo e motivo – a glória de Deus e Seu Cristo e fazer Sua vontade, ouvindo atentamente a voz de Sua Palavra.

J. A. vonPoseck (adaptado)

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