Origem: Revista O Cristão – O Digno Juiz

“Ao Nome de Jesus”

Deus deu a Cristo o lugar da supremacia universal e absoluta. Por isso, diz: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:10-11). Com isto se entende que é da vontade de Deus que cada criatura no universo, mais cedo ou mais tarde, reconheça a supremacia e Senhorio do Jesus exaltado e glorificado. Se a confissão da boca procede de uma fé viva em Cristo, isso será a salvação para todos aqueles que assim procederem (Veja Rm 10:8-13). Mas todos fora desta classe abençoada – todos os homens impenitentes, todos os anjos que foram preservados em sua perfeição original, todos os anjos que caíram, e todos os demônios e seres infernais – reconhecerão ou serão compelidos pelo poder a reconhecer a autoridade e senhorio de Jesus glorificado. Deus não permitirá que uma única criatura conciente seja declaradamente rebelde para com Seu amado Filho. Eles podem odiá-Lo em seus corações, mas eles serão obrigados a curvar o joelho ao Jesus uma vez humilhado e agora glorificado. Seus lábios terão que confessar que Ele, Jesus Cristo, é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Todo joelho se dobrará 

Vamos então examinar as proprias palavras dessa Escritura. Ela diz: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na Terra, e debaixo da Terra”. As coisas no céu incluirão todas as existências celestiais – todas as hostes celestes – e as coisas na Terra indica claramente os homens. A única dificuldade está na frase “debaixo da Terra”. A palavra em si (pois é uma palavra em grego) aponta admitidamente para o que é subterrâneo. Mas em seu uso clássico pode-se ir além e com isso compreender espíritos maus, e quando é lembrado que, durante a permanência do nosso bendito Senhor neste mundo, os demônios foram compelidos a reconhecer Sua autoridade e até confessar Seu nome e que, como Tiago ensina, eles “creem e tremem”, há uma forte segurança de que eles são os que estão sendo mencionados nesta porção da Escritura. Há outra Escritura que, embora aparentemente tenha o mesmo significado, ainda assim é bem diferente. Em Apocalipse 5:13 lemos: “E ouvi a toda criatura que está no céu, e na Terra, e debaixo da Terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”. O termo “debaixo da Terra” aqui não é o mesmo que em Filipenses; significa cada coisa animada que está sob a superfície da Terra. Assim, olha para o cumprimento do último verso do Salmo 150: “Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR” e antecipa o louvor de toda a criação.

Mas quando ocorrerá este reconhecimento universal da autoridade de Cristo, juntamente com a confissão de Seu senhorio? Não se trata aqui de Sua Divindade, embora isso nunca deva ser esquecido, mas sim do lugar que Deus concedeu a Ele como o Homem que Se tornou obediente até a morte, até mesmo a morte da cruz. Juntamente com Sua exaltação neste caráter, o decreto emitido foi que todas as criaturas inteligentes devem curvar-se e reconhecer Sua soberania. Ao procurar responder a pergunta, podemos tomar os três círculos de seres em sua devida ordem.

As coisas no céu 

Primeiro, vamos considerar as coisas no céu. Em Hebreus 1:6 lemos: “E todos os anjos de Deus O adorem”; isto está relacionado com a introdução do Primogênito no mundo. Em Apocalipse 5:12 nos é permitido ouvir milhões de milhões e milhares de milhares de anjos dizendo: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças”. O reconhecimento deles de Sua supremacia será constante e perpétuo, começando com o momento de Sua exaltação e continuando para sempre.

As coisas na Terra 

A submissão da segunda esfera – o das coisas na Terra – será mais gradual. Começou no dia de Pentecostes, pois o testemunho de Pedro naquele dia foi que Deus havia feito Aquele mesmo Jesus, que os judeus haviam crucificado, tanto Senhor como Cristo. Todos os que pela graça receberam este testemunho, de fato, dobraram seus joelhos a Cristo. Isso acontece com todos convertidos desde aquele dia, até o fim do dia da graça. Depois que a Igreja for tirada, ainda haverá uma poderosa obra da graça (Apocalipse 7), e durante o Milênio a gloriosa predição do Salmo 72:11 será cumprida: “E todos os reis se prostrarão perante Ele; todas as nações O servirão”. Durante este reinado de justiça, o homem não ousará se rebelar contra o governo soberano de Cristo, quaisquer que sejam os pensamentos de seu coração. Se o fizer haverá destruição instantânea. Externamente, portanto, tudo estará em submissão professa ao Seu governo. E não é um deleite contemplar essa perspectiva, quando o outrora humilhado e rejeitado Cristo será universalmente exaltado sobre esta mesma Terra? O cenário que uma vez testemunhou Sua vergonha e ignomínia então contemplará Sua exaltação e glória, e de milhões de corações subirá a alegre confissão de que Lhe é devida por direito, enquanto eles cantam: “E bendito seja para sempre o Seu nome glorioso; e encha-se toda a Terra da Sua glória! Amém e amém!” (Sl 72:19).

As coisas sob a Terra 

Em relação a última esfera temos menos Escritura para nos guiar, embora o fato seja declarado repetidas vezes, de que nenhum ser no universo estará isento da submissão à Sua autoridade (Veja, por exemplo, Efésios 1:20-22 e 1 Coríntios 15:24-28). O tempo em que “aos anjos que não guardaram o seu principado” serão tratados com seu distinto estado para estar no “juízo daquele grande Dia” (Jd 6). E aprendemos em Apocalipse 20 que o próprio diabo será lançado no lago de fogo e enxofre, imediatamente antes do grande Trono Branco, onde todos os mortos, pequenos e grandes, receberão sua recompensa eterna. Os demônios não são mencionados aqui, mas não pode haver dúvida de que eles estão incluídos no julgamento de seu líder e chefe. Portanto, o julgamento final, seja dos anjos caídos, do próprio Satanás ou das multidões de mortos não convertidos, ocorrerá no final de todos os procedimentos de Deus para com este mundo.

Antes que esta última sessão de julgamento comece, a Terra e o céu terão fugido da face d’Aquele que Se assentará sobre o grande Trono Branco, pois esta cena final do estabelecimento das santas reivindicações de Deus é preparatória para a introdução do novo céus e da Nova Terra, onde a justiça habitará. Os propósitos de Deus referentes à glória de Seu amado Filho serão consumados.

Até mesmo a exaltação e glória de Cristo tem um objetivo. É, como lemos, “para a glória de Deus Pai”. Se Seus conselhos eternos concernentes a Cristo e Seus remidos fluírem de Seu próprio coração, a consumação desses propósitos redundará para Sua própria glória manifestada diante dos olhos de todo o universo. É para o crente antecipar isto, e certamente a contemplação deste glorioso fim de todos os caminhos de Deus encherá seu coração de adoração ao ponto que ele exclamará com as palavras inspiradas do apóstolo: “D’Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:36).

E. Dennett (adaptado)

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