Origem: Revista O Cristão – O Apóstolo Paulo
O apóstolo Paulo chegou a Roma como um prisioneiro
Será que Paulo deixou Roma alguma vez?
O registro histórico da vida de Paulo, conforme encontramos em Atos, termina com Paulo na prisão em Roma, aguardando o julgamento de seu caso pelo imperador romano César. Deste fato, podemos concluir rapidamente que sua vida terminou aí. No entanto, um estudo cuidadoso de suas epístolas leva a uma conclusão diferente.
É proveitoso entender que as Escrituras nem sempre apresentam fatos históricos de maneira direta. Considere, por exemplo, o martírio de Pedro. É fato conhecido por nós apenas pela indicação do Senhor de que deveria ser assim. Tendo-o assim dos Seus lábios, temos a certeza de que o evento aconteceu como se o tivéssemos visto por nós mesmos.
Se tivéssemos apenas fontes fora da Palavra para estudar, como tradição e história secular, consideraríamos a questão de se Paulo foi libertado ou não para ser alguém deixado sozinho, pois o Espírito de Deus não escolheu nos dar uma resposta. No entanto, acreditamos que a Palavra lança luz suficiente sobre a questão para tornar o estudo disso proveitoso.
A evidência em Filipenses
Pelo Espírito Santo, falando por meio do apóstolo Paulo, temos evidências semelhantes de que ele partiu de Roma depois de uma primeira prisão lá e depois foi preso pela segunda vez. Volte para Filipenses 1:21-26, que foi escrito de Roma. “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé, para que a vossa glória aumente por mim em Cristo Jesus, pela minha nova ida a vós”.
O Espírito de Deus deu expressão a essas palavras inspiradas por meio de uma boca humana. Depois que Paulo diz a eles que, enquanto para si mesmo ele escolheria a parte mais doce de partir para estar com Cristo, ele, no entanto, sentiu-se desejoso de ficar um pouco mais de tempo, para que pudesse ser útil a eles.
Ele conclui com as afirmações positivas: “mas o permanecer na carne é mais necessário por vossa causa” (TB), e não “eu acho que seja”. “Eu sei que ficarei e permanecerei com todos vós”, e não “eu acho que ficarei”. Note particularmente que ele não está dando sua opinião, mas fatos. O versículo 26 é mais explícito. Ele deve permanecer para que a glória deles possa abundar em Cristo Jesus por meio dele, por sua presença novamente com eles. Como podemos duvidar, portanto, que Paulo foi libertado, deixou Roma, viu novamente os santos em Filipos, sem praticamente negar a inspiração desta parte da Palavra? O Espírito de Deus faria o apóstolo dizer que ele sabia que deveria permanecer e vê-los mais uma vez se o evento iria ser exatamente o oposto? De modo algum!
Visita à Espanha
Há passagens em que o escritor inspirado é autorizado a dar o seu julgamento pessoal (por exemplo, 1 Coríntios 7:25 e outras partes desse capítulo onde o apóstolo dá seus pensamentos e julgamento como um homem espiritual, sua mente animada e guiada pelo Espírito), mas é bem diferente aqui. O permanecer e habitar junto com eles são mencionados como fatos reais que devem ser realizados, e visto que estamos lendo a Palavra de Deus, e não a palavra do homem, acreditamos que eles tiveram a sua realização.
Pode-se objetar que Romanos 15:28 é uma afirmação positiva de que ele irá de Roma para a Espanha, e assim é. Mas por que duvidar que ele foi? O que mais provável do que isso em sua libertação, ele procedeu imediatamente para lá, de acordo com sua intenção que já há muito estava formada? Onde quer que o apóstolo não se sinta à vontade para falar com certeza sobre qualquer coisa que ele proponha fazer, ele diz: “Eu espero” ou “Se o Senhor quiser”, ou coisas semelhantes (Veja 1 Coríntios 16:7; Filipenses 2:19; Filemom 22).
Pode-se perguntar: “Se essa passagem provar o ponto em questão, o que ganhamos?” Muito. Quão abençoada é a graça que, depois que Paulo, por sua obstinada jornada a Jerusalém, foi levado cativo a Roma, ordena as coisas para que ele seja livre novamente e visite novamente, para seu “progresso e gozo da fé”, os amados santos macedônios! É doce contemplar essa misericórdia final concedida pelo Senhor a Seu servo! Como Ele gosta de nos abençoar e precisamente quando, com nossas loucuras, demonstramos nossa indignidade de ser abençoados!
O testemunho na segunda epístola a Timóteo
A passagem em Filipenses deve ser conclusiva para uma mente que está em sujeição. A segunda epístola a Timóteo, no entanto, fornece uma confirmação abundante. “Deixei Trófimo doente em Mileto” (cap. 4:20). Agora é impossível que o apóstolo possa referir-se à sua visita a Mileto (At 20:15-38) – para não falar do tempo que se passou desde então, que deve ter sido três ou quatro anos – porque lemos que Trófimo estava com ele quando chegou a Jerusalém (At 21:29). E a narrativa em Atos 27 deixa perfeitamente claro que ele não chegou perto de Mileto em sua viagem a Roma, sendo Mirra, na Lícia (v. 5), o único ponto tocado na Ásia Menor. Torna-se, portanto, uma questão de absoluta certeza de que ter deixado Trófimo em Mileto tenha ocorrido quando Paulo, tendo sido libertado e tendo deixado Roma, estava novamente na Ásia Menor.
Observe a grandeza da graça do Senhor para com Paulo. Não só lhe foi concedido rever a Macedônia e fazer com que a glória dos filipenses abundasse em Cristo Jesus por meio dele, por terem sua presença novamente com eles, mas também para ver novamente algumas das assembleias da Ásia Menor e Corinto. “Erasto ficou em Corinto” (2 Tm 4:20). Sem dúvida, deve ter havido muita tristeza relacionada a esta jornada, pois quando em Roma novamente, ele diz a Timóteo “que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim” (cap. 1:15), mas ministrar a verdade trazia consigo um gozo que nenhuma deserção do indiferente poderia tirar, e aqui e ali ele encontrou Priscila e Áquila e a casa de Onesíforo.
Segunda Timóteo é a última palavra do apóstolo. Em Filipenses ele diz que iria permanecer e em 2 Timóteo que ia partir. “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (2 Tm 4:6). Em Filipenses, ele diz: “Procura vir antes do inverno” (cap. 4:21). Lindas são suas palavras finais de triunfo. “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4:7). “E o Senhor me livrará de toda má obra e guardar-me-á para o Seu Reino celestial; a Quem seja glória para todo o sempre. Amém” (cap. 4:18). Belas são suas saudações de despedida ao seu amado filho. “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco” (cap. 4:22).
F. M. adaptado
