Origem: Revista O Cristão – Nuvens

O Arco na Nuvem

“E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a Terra, aparecerá o arco nas nuvens” (Gn 9:14).

Neste dia da graça, há sempre um arco na nuvem. Nós podemos estar, e às vezes estamos, tão ocupados com o que é mais manifesto (a nuvem) que não discernimos seu acompanhamento celestial, mas ele está lá. Luzente e fascinante, se projeta do céu à Terra. “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). Sim, todas as coisas, este é o arco na nuvem. Que grande extensão essas palavras “todas as coisas” abrem para nós! Até mesmo a dor é serva de Deus para o bem de um crente, assim como um terremoto no mundo, ou mesmo uma convulsão moral ou heresia na Igreja (1 Co 11:19).

Um grande e forte vento pode “fender os montes” e “quebrar as penhas diante do Senhor” (1 Rs 19:11). Isso pode ser seguido por um terremoto, e o terremoto, por um fogo, e embora possamos dizer que tudo isso é “a nuvem visível”, não devemos estar totalmente ocupados com ela. A questão para nós é: O que o Senhor tem a nos dizer com isso? O objetivo para Ele é o Seu povo, e devemos ouvir a “voz mansa e delicada”. Este é o arco na nuvem. Se Deus varreu o homem uma vez no julgamento do dilúvio, a nuvem, qualquer que seja a forma que assuma, está novamente declarando Sua avaliação a respeito do primeiro homem. Se a misericórdia se declarou e nós somos poupados, ainda assim não devemos esquecer que Sua avaliação do que somos permanece registrada, e aquela mesma nuvem testemunha isso novamente. No entanto, o arco na nuvem declara a fidelidade d’Ele à Sua promessa, pois “A Sua misericórdia dura para sempre” (Sl 106:1 – ARA).

O terreno da misericórdia 

Estamos no terreno da misericórdia e, se nos esquecermos disso, Ele não Se esquece. “Não depende de quem quer ou de quem corre, mas de Deus usar a Sua misericórdia” (Rm 9:16 – ARA). Nós olhamos para a nuvem, Deus olha para o arco. Que graça há nisso! Ele diz, “E o arco estará na nuvem; e Eu olharei para isso” (Gn 9:16 – JND). O arco fala da imutável fidelidade e misericórdia de Deus quando tudo termina para o homem. Este é o terreno em que estamos com Deus.

Eu trago uma nuvem […] Eu coloco Meu arco”. Não podemos separar os dois, nem olhar para um e não para o outro. Se é bom para nós sermos lembrados de que o homem (ele mesmo e suas obras) só é digno de julgamento, é bom também sermos lembrados do que Deus é, ou a alma será dominada pelo desespero. E então, “Afastai-vos […] do homem, cujo fôlego está no seu nariz” (Is 2:22) e vamos olhar para o que Deus vê: “Eu olharei para isso”.

Esta é a maneira de obter os pensamentos de Deus. Vemos que, apesar da nuvem, Deus é “por nós”. Somente quando temos pensamentos tão elevados – os pensamentos de Deus – devemos ser lembrados do que somos, não para nos levar ao desespero, mas para nos manter humilhados e nos apoiar sempre e somente n’Aquele que nos recebeu em graça.

O arco na nuvem 

Em todos os exercícios do caminho Cristão, Deus deseja que vejamos o arco na nuvem. Pense nisto em sua provação atual (tudo permitido por Ele), naquela que mais o aflige, e cuja existência talvez nenhum Cristão conheça. Estas palavras foram escritas para você. É uma provação na assembleia, uma provação nos negócios, uma provação no lar ou individualmente com você mesmo? “E acontecerá que, quando eu trouxer uma nuvem sobre a Terra, o arco será visto na nuvem” (Gn 9:14 – KJV). Faça um esforço para vê-lo. Isso o colocará em paz com Deus e, assim, alegrará seu caminho de peregrinação. A nuvem pode ser escura e sombria, mas há uma beleza nela pintada por Suas próprias mãos, e ela lhe diz, apesar de tudo, o que Ele é para você. E, lembre-se, quer você o veja ou não, o arco está lá.

“Sendo necessário” 

Deus vê como “sendo necessário” (1 Pe 1:6) as provações que permite à Igreja. Devemos estar com Ele para aprender isso. Toda a experiência do deserto é para aprendermos o que somos e o que Deus é. A inclinação natural do coração é sempre crescer orgulhoso e independente. Deus, que conhece o coração, vê isso. A respeito do coração do homem, “quem o conhecerá? Eu, o Senhor esquadrinho o coração” (Jr 17:9-10). Ele o conhece, nos revela a nós mesmos, nos corrige, e tudo para o bem – “para nosso proveito”. Que possamos, cada um de nós, ser assim com Ele, a fim de apreendermos Sua mente em qualquer provação, pois o bem vem de Deus, mesmo quando está sob a forma de sofrimento. Se o coração se afastar do Senhor (e isso acontece quando confiamos no homem), seremos “como o arbusto solitário no deserto” (Jr 17:5-6 – ARA), e não veremos vir o bem. Devemos olhar para uma provação e falar sobre ela como sendo “apenas outra nuvem”, caso contrário, não veremos o bem nas mãos que certamente está trabalhando por meio da prova a nosso favor, nem que isso seja, “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hb 12:6). A palavra para nós é: “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4:10). Tudo vem d’Ele, “para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem” (Dt 8:16). Lembremo-nos de Sua Palavra: “E o arco estará na nuvem; e Eu olharei para isso”. “Nós mudamos; Ele nunca muda.”

H. C. Anstey (adaptado)

Compartilhar
Rolar para cima