Origem: Revista O Cristão – Josué, Calebe e Eleazar
“Assim Como Fui com Moisés”:
Um Encorajamento para Josué
Josué 1:2, 5-7
“Moisés, Meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que Eu dou aos filhos de Israel […] como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo (sê forte e corajoso – ARA), porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo (sê forte e mui corajoso – ARA) para teres o cuidado de fazer conforme toda a lei que Meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares” (Js 1:2, 5-7).
Fundados em graça
É um princípio infalível que as exortações da Escritura são fundadas na graça. Deus é o Deus de toda a graça; portanto, o que Ele exorta Seu povo a fazer, Ele lhes dá poder para realizar. Talvez em nenhuma porção da Palavra de Deus haja maior graça a ser encontrada do que em Suas exortações, pois o objetivo delas é aproximar Seu povo de Si mesmo e guiá-lo mais profundamente em seus privilégios.
Na comovente exortação que acabamos de ler, o fundamento é que a terra pertence a Israel de acordo com a promessa. Assim, porque Deus lhes deu a terra, Ele manda que eles “levantem-se e a possuam”. Quando essa exortação foi dada, Israel foi trazido pela graça soberana e pela bondade paciente até as próprias fronteiras da terra da promessa. Suas glórias se espalharam diante de seus olhos – os campos de trigo, olivais, vinhas e as montanhas das quais deveriam “cavar o cobre” (AIBB). Como se sabe, por antecipação, os “ribeiros de águas, de fontes e de abismos, que saem dos vales e das montanhas” eram deles, e uma única coisa lhes era necessária para o gozo dessa porção: Eles deveriam se “levantar” e possuir. Era época de colheita – a época dos bens mais ricos do ano – e o Jordão (isto é, o rio da morte ou do juízo) lhes ameaçava barrar o caminho, pois “o Jordão transborda todas as suas margens durante todo o tempo da ceifa” (Js 3:15). No entanto, a fé se apoderaria da Palavra do Deus vivo e, independentemente da dificuldade, obedeceria a essa palavra imediatamente.
Mais do que contemplar a terra
Ora, contemplar os campos de trigo não era comer dos frutos, e contemplar as montanhas não era cavar suas riquezas. A única condição que o Senhor impôs ao povo era que eles entrassem e possuíssem a terra que Ele lhes dera.
Essa também é a verdade em relação à posse espiritual, pois, nenhum conhecimento geográfico (se assim pode ser chamado) da verdade de Deus, nenhuma capacidade de mapear doutrinas ou dispensações, é por si só a posse. A verdadeira possessão torna-se a porção daqueles que, por combate pessoal, passo a passo, ganharam terreno; para esses é a promessa: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado” (Js 1:3).
A fim de estimular o Seu povo a entrar na sua posse, o Senhor graciosamente prometeu a Sua presença infalível, força e proximidade com eles no conflito. O Senhor não tinha esquecido dos temores deles em Escol. Ele sabia que os filhos de Anaque ainda pisavam a terra e que cidades grandes e altas, muradas até aos céus, enchiam o território. Em Sua graça, Ele encorajaria tanto o Seu povo, que eles iriam aprender a medir os filhos de Anaque pelo poder de Jeová em vez de pelo seu próprio, e as cidades muradas, pelo poder d’Ele e não pela aptidão de suas armas de guerra.
Ser forte no Senhor
A força que Jeová desejava em Seu povo era força da mão para tomar e reter firmemente, e força dos joelhos para que o lutador não fosse derrubado. E nós, Cristãos, somos exortados a “ser fortes no Senhor e na força do Seu poder”, “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”, que são para nós como os exércitos de Canaã eram para Israel. Também não devemos nos contentar com o fato de vencer um inimigo; “havendo feito tudo”, ou como diz a versão Almeida Atualizada, “depois de terdes vencido tudo”, somos orientados a “ficar firmes” (Ef 6:12-13). A cidade murada pode ser tomada, mas como sentinelas em seus postos, devemos “ficar firmes”, se esperamos mantê-la.
Deus, pela exortação e pelo encorajamento, nos alerta a respeito do perigo e da dificuldade. Mas se recuamos diante da dificuldade, lembre-se que recuaremos diante da terra da promessa. O quê? Deveria um Cristão sentar-se no lado deserto do Jordão por causa dos gigantes de Canaã? Novamente, o Senhor convoca o Seu povo para a força e a coragem. E agora, isso significa que eles podem obedecer a toda Sua Palavra. Não é permitido o menor desvio. Essa é uma estrada reta, e um passo fora levaria a um total desvio; “não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda”. A Palavra de Deus não deveria se desviar da boca do Cristão. “Está escrito” deveria decidir tudo, e ser a sua meditação, tanto de dia como de noite – o seu estudo contínuo. Ao obedecerem à Palavra de Deus teriam prosperidade e sucesso.
E aqui está uma boa ocasião para sermos sinceros conosco mesmos. Por que alguém está sem a completa paz com Deus? Por que a alma de outro fraqueja? Por que outro tem dificuldades em vez de gozo? A Palavra de Deus não é inquestionavelmente seguida; houve desvio na “vereda direita” da Escritura.
Três vezes: “Esforça-te”
Uma terceira vez temos o Senhor dizendo: “Esforça-te e tem bom ânimo”. A primeira vez, porque tudo vem da Sua graça; a segunda, porque a Palavra é a Sua Palavra; e agora, porque a Sua própria autoridade nos encarrega disso. Uma vez que o Cristão abrace o fato da autoridade divina da Palavra de Deus, imediatamente tudo o que é humano deve se curvar a ela.
Com a promessa: “porque o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares”, a exortação se encerra, pois não seria possível obedecer a esse Seu mandamento a não ser que fosse abençoado com a Sua presença. Josué tinha visto tudo o que Moisés fez durante os 40 anos no deserto, e como este tinha confiado no Senhor em todas as circunstâncias. Ele tinha visto mais de uma vez quando Moisés parecia estar sobrecarregado com os fardos de suas responsabilidades, mas ele viu como o Senhor tinha repetidamente instruído Moisés sobre o que fazer. O mais importante de tudo, ele tinha visto o amor de Moisés pelo povo e seu desejo de ver a bênção para eles, apesar do fracasso e, às vezes, da rebelião deles. Deve ter sido uma grande consolação o Senhor dizer a Josué: “Assim como fui com Moisés, assim serei contigo”. Josué tinha visto Moisés contar com o Senhor uma e outra vez, e ele percebeu que também podia contar com Ele.
E assim é nos dias de hoje. Talvez tenhamos admirado e respeitado aqueles que antes de nós tenham perseverado, e talvez cobicemos a fé e a caminhada piedosa deles. Que cada um de nós lembremos que o Senhor é o mesmo hoje, e que a fé pode se apropriar d’Ele e contar com Ele, assim como os mais fiéis fizeram no passado.