Origem: Revista O Cristão – A Ressurreição
A Atitude de Jesus em Relação à Morte e à Ressurreição
João 11 e 12 mostram como os pensamentos do Senhor fluíram em canais diferentes dos do homem. Suas ideias, por assim dizer, de miséria e felicidade eram muito diferentes dos pensamentos naturais do homem.
O capítulo 11 começa com uma cena de miséria humana. A querida família de Betânia é visitada por uma enfermidade, e a voz de saúde e de agradecimento em sua habitação tem que ceder ao luto, lamentação e aflição. Mas Aquele que tinha as maiores e mais ternas empatias é o mais calmo entre eles, pois carregava Consigo aquele conhecimento da ressurreição que O fazia ver além do aposento da enfermidade e do túmulo da morte.
Quando Jesus soube que Lázaro estava enfermo, ficou mais dois dias no local onde estava. Mas, quando essa enfermidade termina em morte, Ele inicia Sua jornada na plena e brilhante perspectiva da ressurreição. E isso torna Sua jornada estável e imperturbável. Ao Se aproximar da cena de tristeza, Sua ação ainda é a mesma. Ele responde repetidamente à paixão da alma de Marta a partir daquele lugar onde o conhecimento de um poder que estava além do da morte O havia assentado, com toda a serenidade. E embora Ele ainda tenha que seguir em frente, não há pressa, pois na chegada de Maria, Ele ainda está no mesmo lugar em que Marta O encontrou. No devido tempo, Ele justifica essa quietude do Seu coração e esse aparente atraso da Sua jornada.
Quando o homem estava curvado em tristeza ao pensar na morte, Ele estava levantado no resplendor da ressurreição. Mas o senso da ressurreição, embora desse essa corrente peculiar aos pensamentos de Jesus, deixou Seu coração ainda sensível às tristezas dos outros, pois Seus pensamentos não eram de indiferença, mas de elevação. E esse é o caminho da fé sempre. Jesus chora com o choro de Maria e daqueles que a acompanhavam. Toda a Sua alma estava sob o resplendor daquelas regiões onde não há morte, que ficavam longe do túmulo de Betânia, mas podia visitar o vale das lágrimas e chorar ali com os que choravam.
Quando o homem se elevava na expectativa de algo bom e brilhante na Terra, Sua alma estava cheia da santa certeza de que a morte espera por todos aqui, por mais promissor ou prazeroso que pareça ser, e que a honra e a prosperidade devem ser esperadas apenas em outras regiões mais elevadas. O capítulo 12 nos mostra isso.
Quando ouviram falar de Lázaro sendo ressuscitado, muitas pessoas se reuniram de Betânia a Jerusalém e imediatamente O aclamaram como o Rei de Israel. Eles queriam subir com Ele para a festa dos tabernáculos e antecipar a era da glória, assentando-O nas honras e regozijos do reino. Os gregos também se juntaram a Israel nessa hora. Por meio de Filipe, como que segurando a orla da veste de um Judeu (veja Zacarias 8), eles desejam ver Jesus e O adorar. Mas no meio de tudo isso, o próprio Jesus assentava-Se solitário. Ele sabe que a Terra não é o lugar para toda essa festividade e celebração do dia santo. Seu espírito pondera sobre a morte, enquanto os pensamentos deles estavam cheios de um reino com suas honras e prazeres. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”.
Esse era o caminho peculiar do espírito de Jesus. A ressurreição era tudo para Ele. Era Seu alívio em meio às tristezas da vida e Seu objeto em meio às promessas e perspectivas do mundo. Isso deu à Sua alma um Sol calmo quando nuvens escuras e pesadas se ajuntaram sobre Betânia. Ele moderou e separou Suas afeições quando o brilho refulgente de um dia festivo iluminava o caminho dali para Jerusalém. Pensar nela santificava Sua mente igualmente em meio à tristeza e regozijo ao Seu redor. A ressurreição era tudo para Ele! Ela fez d’Ele um Padrão perfeito desse excelente princípio do Espírito de Deus: “Os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem” (1 Co 7:30).
Oh, por um pouco mais da mesma mente em nós, amados! Oh, por um pouco mais dessa elevação acima das condições e circunstâncias passageiras da vida.