Origem: Revista O Cristão – O Cordeiro de Deus

Autoesvaziamento

Temos, na pessoa de João Batista, um bom exemplo de alguém que entrou, em algum grau, no verdadeiro significado do autoesvaziamento. Os judeus enviaram sacerdotes e levitas de Jerusalém para perguntar-lhe: “Quem és tu? Que dizes tu de ti mesmo?” Qual foi sua resposta? Um que a si mesmo se esvaziou. Ele disse que era apenas “uma voz”. Isso era tomar o seu verdadeiro lugar. “Uma voz” não tinha muito de que se gloriar. Ele não disse: “Eu sou aquele que clama no deserto”. Não! Ele era apenas “a voz do que clama”. Ele não tinha ambição de ser nada além disso. Isso era autoesvaziamento. E observe o resultado. Ele encontrou o objeto que o cativou totalmente em Cristo. “No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus” (Jo 1:35-36). O que foi tudo isso, além da plenitude de Deus aguardando em um vaso vazio! João não era nada, e Cristo era tudo. Portanto, quando os discípulos de João o deixaram para seguir a Jesus podemos nos sentir seguros de que nenhuma palavra de murmúrio, nenhum sinal de ambição frustrada ou orgulho ferido escapou de seus lábios. Não há inveja nem zelo em um coração esvaziado de si mesmo. Não há nada de sensível, nada de apego em alguém que aprendeu a tomar o seu verdadeiro lugar. Se João tivesse procurado coisas para si mesmo, ele poderia ter reclamado quando se viu abandonado, mas quando um homem encontrou o seu objeto que o satisfaz no “Cordeiro de Deus”, ele não se importa muito em perder alguns discípulos.

Ele deve crescer – Eu devo diminuir 

Temos uma nova exposição do espírito autoesvaziado de João Batista no terceiro capítulo de João. “E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, Aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, ei-Lo batizando, e todos vão ter com Ele” (Jo 3:26). Aqui vemos uma conversa bastante calculada para extrair a inveja e o ciúme do pobre coração humano. Mas note a resposta, a nobre resposta de João Batista: “O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu É necessário que Ele cresça e que eu diminua. Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da Terra é da Terra e fala da Terra. Aquele que vem do céu é sobre todos” (Jo 3:27, 30-31). Este é um testemunho precioso! Um testemunho de sua própria nulidade absoluta e da plenitude, glória e incomparável excelência de Cristo! “Uma voz” era “nada”, pois Cristo estava “acima de tudo”.

Livre de si mesmo 

Oh! Para um espírito autoesvaziado – “um coração livre de si mesmo” – uma mente liberta de toda ansiedade sobre suas próprias coisas! Que possamos ser mais completamente libertos do “eu” em todas as suas detestáveis reviravoltas e obras! Então o Mestre poderia nos usar, nos possuir e nos abençoar. Escute o Seu testemunho de João – aquele que disse de si mesmo que não era nada além de uma voz. “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista” (Mt 11:11). Quão melhor é ouvir isso do Mestre do que do servo! João disse: “Eu sou uma voz”. Cristo disse que ele era o maior dos profetas. Simão, o mágico, disse que ele “era uma grande personagem” (At 8:9). Tal é o caminho do mundo – o modo do homem. João Batista, o maior dos profetas, disse que ele próprio não era nada – que Cristo estava “acima de tudo”. Que contraste!

Que possamos ser mantidos humildes e autoesvaziados e sermos continuamente cheios de Cristo. Isso é verdadeira benção. Que a linguagem de nosso coração e a expressão distinta de nossa vida sejam, “Eis o Cordeiro de Deus”.

C. H. Mackintosh (adaptado)

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