Origem: Revista O Cristão – A Defesa da Família

Autoridade no Lar

Em todo relacionamento ou posição em que o crente possa ser colocado, o segredo da felicidade está na manutenção da ordem divina. Seja na família, na casa ou na igreja, o fracasso em manter a ordem de Deus resultará em sérias consequências. Se, por uma questão de conveniência e comodidade, houver a substituição dessa ordem por aquilo que é do homem, confusão e discórdia serão o resultado inevitável. Quantos exemplos disso vemos nas Escrituras!

Há uma ordem divina para a família. O valor que o próprio Deus atribui à sujeição à Sua ordem é visto naquela conhecida passagem em que Ele elogia Abraão, ao afirmar que “ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR, para agirem com justiça e juízo” (Gn 18:19). A Escritura registra outros, como Calebe, Arão e Joquebede, e Eunice, mãe de Timóteo, que foram fiéis em suas responsabilidades familiares e domésticas e cujas famílias mostraram o fruto disso. Além disso, nas epístolas de Efésios e Colossenses, que cuidado é tomado para exortar cada membro da família Cristã sobre a importância de cumprir as várias responsabilidades relativas a cada um! Filhos, servos, pais, senhores, maridos e esposas são orientados quanto aos deveres de suas respectivas posições. Por outro lado, que tristes exemplos de desgoverno dos pais e de desobediência dos filhos são preservados na Escritura para nossa admoestação e advertência! A felicidade das famílias de Eli, Samuel, Davi e muitos outros foi destruída porque esses pais não estabeleceram e mantiveram a ordem divina no lar. Não só a felicidade da família foi destruída, mas a desordem também trouxe consigo o governo divino. (Leia, por exemplo, 1 Samuel 3:11-14.)

Mantendo a ordem de Deus 

Como, então, a ordem de Deus na família deve ser mantida? A resposta para essa pergunta é encontrada em Efésios e Colossenses (Ef 5:22-33, 6:1-9; Cl 3:18-25, 4:1). O marido é o cabeça e, como tal, deve agir como vice-regente de Deus para governar, não de acordo com sua vontade, mas de acordo com a vontade divina. A autoridade colocada em suas mãos vem do Senhor e, uma vez que ele a recebeu para exercê-la pelo Senhor, ela não pode ser delegada a outro. A esposa está em sujeição ao seu marido, assim como a Igreja está sujeita a Cristo; o marido, por sua vez, deve amar sua esposa, assim como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela. A responsabilidade dos filhos é obedecer aos pais no Senhor. A obediência deles deve ser absoluta, qualificada apenas pela condição: no Senhor. Da mesma forma os servos têm que obedecer a seus senhores, e os pais e senhores têm, por sua vez, suas respectivas obrigações.

Com essas instruções diante de nós, é fácil perceber que, se a esposa governar em vez do marido ou se for permitido que os filhos façam o que querem – para agradarem a si mesmos em vez de viverem em sujeição –, isso resultará em desordem. Se for permitido que os servos governem a casa, isso não produzirá bênção, harmonia ou felicidade. O caminho da bênção é o caminho da obediência nas esferas que somos chamados a ocupar.

Responsabilidade pessoal 

Ao ler o que a Escritura diz sobre o assunto, que cada um se lembre primeiro de sua responsabilidade pessoal. Às vezes, ouvimos um marido exortando sua esposa a obedecê-lo, enquanto uma esposa pode se queixar de que o marido não demonstra seu amor o suficiente. Ou um filho pode se queixar de que seu pai o provoca à ira, enquanto os pais talvez se perguntem por que é que seus filhos não os obedecem, pelo menos não num espírito correto. Em tudo isso, cada um deve levar a sério o que a Escritura lhe está dizendo e procurar, com a ajuda do Senhor, colocar em prática. Que cada um leia e obedeça à Escritura por si mesmo e aja de acordo com ela antes de se ocupar com a falha de outra pessoa.

Além disso, há uma diferença entre a sujeição da esposa ao marido e a obediência dos filhos aos pais. Por esta razão, Paulo diz em 1 Timóteo 5:14: “Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa e não deem ocasião ao adversário de maldizer”. Embora a esposa deva estar sujeita ao marido, espera-se que ela governe a casa, principalmente porque é bem possível que o marido esteja ausente uma boa parte do dia no curso normal de ganhar o sustento. Como sua ajudadora, ela deve entrar nos pensamentos e sentimentos dele e governar de acordo com o padrão que ele estabeleceu. Mais do que isso, deve ser reconhecido por ambos que é a vontade do Senhor que deve ter prioridade para eles. Quando não for uma questão relacionada à vontade do Senhor, pode-se facilmente demonstrar graça, e, quando o amor é primordial no relacionamento, não haverá dificuldade.

Amor e obediência 

No caso dos filhos, deve-se insistir para que haja obediência, e isso é melhor ensinado na mais tenra idade. Implícita obediência aos pais deve ser mantida, e isso se torna cada vez mais difícil na atmosfera do mundo em que vivemos. Novamente, se o amor é primordial no lar, tal obediência não será um fardo, mas sim o feliz resultado de um relacionamento normal.

Submissão e fracasso 

Quando a Escritura aborda questões de obediência e autoridade, quem está em um lugar de submissão é sempre mencionado primeiro. Sem dúvida, isso ocorre porque aquele que deve se submeter e obedecer deve fazê-lo independentemente da maneira como a autoridade é exercida. Às vezes, a autoridade é usada de maneira errada, mas Deus jamais permite que nos rebelemos contra uma autoridade que Ele estabeleceu. Podemos ter que obedecer a Deus como a autoridade suprema em vez do homem, mas mesmo nesse caso devemos estar sujeitos às consequências, assim como os amigos de Daniel se submeteram ao fogo de Nabucodonosor por não se curvarem ao seu ídolo.

Por outro lado, quando há desordem e confusão dentro de uma esfera de autoridade que Deus estabeleceu, Deus olha para o cabeça responsável em busca do motivo. Geralmente, pode-se dizer que, onde há algo doloroso e errado nas relações humanas, normalmente aquele que detém a autoridade é quem falhou primeiro. Deus olha primeiro para aquele que Ele colocou na responsabilidade. Isso é solene e traz diante de nós a seriedade de se agir em uma esfera de autoridade diante de Deus.

Cristianismo em casa 

Quando esses princípios da ordem de Deus são seguidos pelos vários membros de uma família, ela se torna um testemunho de Deus numa cena em que todos se afastaram d’Ele – um círculo brilhante de luz no meio das trevas que a cercam. Torna-se uma antecipação da bênção que haverá no Milênio, quando a autoridade do Senhor será reconhecida em todo o mundo.

Uma grande parte de nossa vida é passada em nossa casa, sendo ela, portanto, a principal cena do nosso testemunho. Podemos até parecer muito piedosos em nossa vida de assembleia ou talvez no mundo, mas é no lar que nosso Cristianismo (ou a falta dele!) realmente se manifesta. Talvez seja bom lembrar que uma parte do testemunho adequado deve ser a expressão de Cristo em nosso lar – Cristo em todos os vários relacionamentos da família. “Para mim, o viver é Cristo”. Esse é o testemunho de fato, seja em casa, na igreja ou no mundo.

E. Dennett, Authority in the Home (adaptado)

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