Origem: Revista O Cristão – Batismo
Batismo – Onde Ele Coloca Você?
A primeira coisa necessária para um entendimento claro do batismo é perceber o local onde o batismo coloca a pessoa batizada. A comissão de batizar dada pelo Senhor Jesus em Mateus 28:19-20 é significativa quanto ao seu tempo e lugar. A comissão ocorre entre o momento em que o Senhor ressuscitou dentre os mortos e aquele em que Ele subiu ao céu. O batismo, da mesma maneira, tem seu significado para nós durante o tempo em que estamos na Terra. Não tem relação com nossos privilégios celestiais. O Senhor Jesus, tendo todo o poder aqui na Terra e no céu, deu a comissão para identificar pessoas Consigo mesmo, ensinando-as e batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esse ato as introduziu em uma nova esfera de identificação aqui na Terra – uma posição, até então, inexistente. O ato do batismo identifica aqueles batizados, de maneira exterior, com o Senhor que morreu e ressuscitou dentre os mortos. O ato de batizar é realizado em nome das três Pessoas da Divindade, pois nosso conhecimento e relacionamento com a Trindade é característico do Cristianismo. Esta é a fórmula correta para o batismo.
Batismo no dia de Pentecostes
Em Atos 2:37‑41, temos a primeira ocasião em que os apóstolos ensinaram e praticaram o batismo após a formação da Igreja. Aqueles que ouviram a pregação de Pedro foram convencidos de sua culpa de crucificar o Senhor Jesus, e então Pedro os ensinou como se dissociarem da nação culpada sendo batizados “em nome de Jesus Cristo”. O julgamento de Deus estava pendente sobre eles e poderia cair a qualquer momento. O batismo era a maneira de ser salvo desse julgamento. Assim, Pedro testemunhou e os exortou, dizendo: “Salvai-vos desta geração perversa” (v. 40). Essa salvação se refere à salvação atual na Terra, a partir do julgamento governamental de Deus. Na pregação do evangelho, esses versículos são frequentemente aplicados à salvação da alma e não nos opomos a essa aplicação, mas essa não era a intenção das palavras de Pedro.
Juntamente com a salvação do julgamento governamental de Deus, Pedro prega: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (v. 38). Esta expressão também se refere ao perdão governamental do julgamento pendente sobre a nação culpada de Israel. A maneira de escapar desse julgamento era se identificar com o Senhor Jesus pelo batismo. Era muito importante para eles não estarem associados à nação culpada. O batismo foi uma mudança exterior de posição. Essa mudança exterior de posição não entra em conflito nem altera a necessidade da obra interior de fé em Cristo e em Seu sangue derramado. Pedro segue com a promessa: “e recebereis o dom do Espírito Santo”, que é uma prova da conclusão da salvação da alma. Essas duas verdades caminham juntas quando há uma verdadeira obra de Deus na alma. Somente Deus vê esse trabalho na alma, que é o único caminho de perdão diante d’Ele judicialmente. O ensino dessa verdade aparece mais tarde em Atos e nas epístolas (At 2:38; Hb 10:14).
A posição exterior é importante
A seguinte história verdadeira ilustra a importância de nossa posição exterior. Durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto as forças do Eixo lideradas pela Alemanha ocupavam grande parte da Europa, os Judeus foram reunidos em guetos, juntamente com ciganos e outros cidadãos indesejados. Enquanto isso acontecia, uma mãe Judia percebeu que não seria capaz de salvar sua família da terrível destruição, desde que estivesse conectada ao seu povo. Em sua situação, ela escolheu o filho que menos se parecia com um Judeu e o levou à porta de um orfanato. Ela lhe disse que ele não deveria revelar sua identidade como Judeu e o deixou lá, cortando todo o contato com ele. O pobre jovem Henry entrou no orfanato e nunca mais viu sua família. Durante a guerra, ele manteve sua identidade em segredo. Custou-lhe muito sofrimento não ter documentação. Deus honrou a fé daquela mãe e o preservou até o fim da guerra. Depois ele imigrou para Israel e se tornou um Cristão devoto.
A história ilustra o significado da posição exterior. Henry teve que se dissociar de sua identidade como Judeu. Ao se associar ao orfanato, ele foi salvo da morte iminente. Para os primeiros Cristãos Judeus, essa mudança exterior de posição era necessária por causa da rejeição nacional do Messias. Cristo, justamente Aquele que eles crucificaram, foi apresentado a eles como meio de salvação. Sua salvação do julgamento iminente veio por meio do batismo. A posição exterior era muito importante. Nós que vivemos em países chamados “Cristãos” não vemos a aparente necessidade da mudança de posição exterior pelo batismo, como aqueles que vivem em Terras não-Cristãs. O batismo é um passo significativo em países não-Cristãos. Para os gentios, a aparente necessidade de batismo não era tão importante, mas o privilégio de ser identificado exteriormente com o Senhor Jesus é igualmente importante. E que não nos esqueçamos que existe um julgamento iminente pairando sobre o mundo, e que o batismo tem seu lugar nas Terras evangelizadas.
Fé, salvação e batismo
Na comissão do Senhor aos Seus discípulos no evangelho de Marcos, encontramos as seguintes palavras: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:15-16). Muitos tiveram dificuldade com este último versículo e pensaram que significava dizer: “Aquele que crê e é salvo deve ser batizado”. Porém, quando entendemos que o batismo é uma mudança exterior de posição, não uma confirmação judicial da salvação da alma diante de Deus, podemos aceitar o versículo como está escrito. A salvação, como é apresentada neste versículo, segue a fé e o batismo. Quando vemos que a salvação nesses versículos se refere à posição atual e exterior, esse versículo é facilmente entendido. Se isso não for entendido, o versículo parece ensinar a regeneração batismal (novo nascimento por meio do batismo), que é algo totalmente estranho à Escritura. Devemos lembrar que a salvação eterna da alma, com o objetivo de habitar com Cristo na glória, não poderia ser anunciada até que o próprio Cristo tivesse ido para lá. Para aqueles de nós que vivem hoje, o conhecimento da salvação eterna de nossa alma e a esperança da eternidade com Cristo em glória podem nos levar a ignorar a visão da salvação, pois está relacionada ao batismo.
O nome de Cristo
“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo” (Gl 3:26‑27). Esses dois versículos falam da salvação interior da alma (vida em Cristo) e da aparência exterior de Cristo (revestida de Cristo). Pela fé em Cristo Jesus, nascemos de novo e nos tornamos filhos de Deus, e por meio do batismo somos identificados neste mundo com Cristo – nos revestimos de Cristo. O pensamento de vestir Cristo é ser revestido de Sua identidade. Em algumas traduções, essa é a palavra usada. Para um exemplo de “estar vestido”, considere como estamos acostumados a reconhecer um policial pelo seu uniforme. Suas roupas o tornam conhecido. O batismo nos torna conhecidos como “Cristãos”; ele coloca o nome de Cristo sobre nós. É importante que um policial seja facilmente reconhecível, assim como o Cristão. Mas meras roupas não são a única coisa necessária para tornar uma pessoa um policial. Portanto, a fé em Cristo é necessária para pertencer à família de Deus. Tanto a fé interna quanto a mudança exterior de identidade pelo batismo têm seu lugar de importância em seus modos distintos.
O nome do Senhor foi colocado sobre os filhos de Israel de maneira semelhante em Números 6:27. “Assim, porão o Meu nome sobre os filhos de Israel, e Eu os abençoarei”. Houve uma grande bênção em colocar o nome de Jeová sobre eles. Da mesma forma, o batismo coloca o nome do Senhor sobre os que são sujeitos a Ele, o que é um grande privilégio que traz sua correspondente responsabilidade.
A Sua morte e sepultamento
“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em [a ou para – JND] Jesus Cristo fomos batizados na [à ou para a – JND] sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na [à ou para a – JND] morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:3-4). O batismo é uma figura de nossa identificação com a morte e o sepultamento de Cristo. A pessoa batizada é identificada com Ele nas águas da morte. Este é o ato do batizador, mas deve lembrar a pessoa batizada a andar em novidade de vida, reconhecendo-se morta e sepultada com Ele. Esse ensinamento, como todos os que lidam com o batismo, tem sua aplicação para nós, enquanto aqui na Terra, quanto à nossa posição exterior e é o único caminho de libertação do pecado em nossa caminhada prática. É a nossa maneira atual de libertação do pecado na carne – salvação do poder do pecado neste mundo.
Muito mais poderia ser escrito sobre quem deveria ser batizado, mas, propositadamente, não estamos tentando cobrir todo o assunto. Nosso desejo é abordar o assunto de maneira concisa para preencher uma falta de ministério resultante de irmãos que não desejam ser controversos. Acreditamos que a adoção dessa maneira não provocará polêmica. “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem… Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados… Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as Igrejas dos santos” (1 Co 14:29-33).