Origem: Revista O Cristão – Deus tem falado?

A Bíblia: De onde ela veio? Do Céu ou dos Homens?

“Toda a Escritura é Divinamente Inspirada” 

É da maior importância possível que o povo do Senhor seja enraizado, fundamentado e estabelecido na grande verdade da inspiração plena das Santas Escrituras, pois em muitos lugares tornou-se moda derramar o desprezo sobre a ideia da completa [absoluta] inspiração. Os homens presumem julgar a Bíblia como se fosse uma mera composição humana, e eles virtualmente sentam-se como juízes para julgarem o próprio Deus. O resultado presente é, como é de se esperar, total confusão e trevas.

O Livro de Deus 

Não há nada como a Escritura. Qualquer escrita humana da mesma data que a Bíblia seria meramente uma curiosa relíquia da antiguidade, algo a ser colocado em um museu. A Bíblia, pelo contrário, é o próprio livro de Deus, Sua perfeita revelação. É um livro para todas as épocas, para todas as classes, para todas as condições, altas e baixas, ricas e pobres, eruditas e ignorantes, velhas e jovens. Em uma palavra, é, como o inspirado apóstolo nos diz, “eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12). Ela lida com precisão e força com os hábitos e costumes de hoje, bem como com os das primeiras eras da existência humana.

Mas então este livro julga o homem – seus caminhos, seu coração. Ela diz a verdade sobre ele. Por isso, o homem não gosta do livro de Deus e, portanto, esta também é a razão do esforço constante para encontrar falhas no bendito livro de Deus. Outros livros são deixados de lado, mas a Bíblia eles não podem suportar, porque os expõe e lhes diz a verdade sobre eles mesmos e sobre o mundo ao qual eles pertencem. E não aconteceu exatamente o mesmo com a Palavra viva – Ele, o Filho de Deus? Os homens O odiavam porque Ele lhes dizia a verdade.

Absolutamente perfeita 

O apóstolo inspirado nos diz em 1 Coríntios 2:14 que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. Isso é conclusivo. O homem natural não pode conhecer as coisas do Espírito de Deus. Como então ele pode julgar a Palavra de Deus? Certamente ninguém tem qualquer opinião digna de ser considerada sobre um assunto do qual ele é totalmente ignorante. Se Deus nos tem dado uma revelação de Si mesmo, deve ser absolutamente perfeita em todos seus aspectos, e sendo assim, ela está inteiramente além do alcance do julgamento humano. O homem não é mais competente para julgar as Escrituras do que para julgar o próprio Deus. As Escrituras julgam o homem, não o homem às Escrituras. Este fato faz toda diferença.

O Espírito Santo 

Mas talvez possamos, aqui, ser surpreendidos pela pergunta que tantas vezes é levantada: “Como podemos saber que o livro que chamamos de Bíblia é a Palavra de Deus?” Nossa resposta a esta pergunta é muito simples: Aquele que nos deu graciosamente o bendito livro pode nos dar também a certeza de que o livro é d’Ele. O mesmo Espírito que inspirou os vários escritores das Santas Escrituras pode nos fazer saber que essas Escrituras são a própria voz de Deus falando conosco. É somente pelo Espírito que qualquer um de nós pode discernir isso. Como já vimos, “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. Se o Espírito Santo não nos faz saber e nos dá a certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus, nenhum homem, ou grupo de homens, pode fazer isso, e por outro lado, se Ele nos dá esta bendita certeza, não precisamos do testemunho de homens. Apenas Deus pode dar a certeza de que Ele tem falado em Sua Palavra. O verdadeiro crente descansa na santa tranquilidade daquela revelação sem par que nosso Deus tem graciosamente nos dado.

Infidelidade 

A infidelidade se ocupa em nos dizer que Deus não nos deu um livro – e não poderia dar. A superstição se ocupa em nos dizer que, embora Deus nos tenha dado uma revelação, ainda assim não podemos estar seguros dela sem a autoridade de um homem, nem compreendê-la sem a interpretação do homem. E é precisamente isso que o diabo almeja; ele quer roubar a Palavra de Deus de nós. Devemos sustentar que a Escritura, tendo sido dada por Deus é completa, ela fala por si mesma e leva suas credenciais com ela. “Deus tem falado” é nossa para ouvir e prestar uma obediência irrestrita e reverente. O que nós insistimos especialmente a todos os Cristãos é aquela condição de alma, aquela atitude de coração expressa naquelas preciosas palavras do salmista: “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (Sl 119:11). Isso, podemos ter certeza, é precioso ao coração de Deus, “Eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito e que treme diante da Minha Palavra” (Is 66:2).

Segurança moral 

Aqui está o verdadeiro segredo da segurança moral. Nosso conhecimento da Escritura pode ser muito limitado, mas se nossa reverência por Ela for profunda, seremos preservados de milhares de erros. E então haverá um crescimento constante. Cresceremos no conhecimento de Deus, de Cristo e da Palavra escrita. A Palavra de Deus se tornará cada vez mais preciosa para nossa alma, e seremos guiados pelo ministério poderoso do Espírito Santo até a profundeza, plenitude, majestade e glória moral das Santas Escrituras. Seremos libertos completamente das influências devastadoras de todos os meros sistemas teológicos, porque temos a perfeição divina na Palavra de Deus, no amplo círculo da revelação divina que tem seu centro eterno na bendita Pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

C. H. Mackintosh (adaptado)

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