Origem: Revista O Cristão – Babilônia

A Cabeça de Ouro

Na imagem que Nabucodonosor viu em seu sonho, registrada em Daniel 2, temos uma visão panorâmica das nações que compõem os “tempos dos gentios”. Sabemos, é claro, que o período da Igreja foi completamente omitido nesta imagem, pois o mistério (ou segredo) da Igreja estava escondido em Deus até o Novo Testamento. O período da Igreja não é contado no tempo profético. Assim a imagem nos detalha, sucessivamente, os impérios babilônico, medo-persa, grego e romano, com diferentes metais usados para identificá-los. Finalmente, há os pés de ferro e barro, que indicam a forma do Império Romano revivido – um império que cairá sob o julgamento de Deus no final do período da tribulação.

Podemos nos perguntar por que o Império Babilônico deveria ser representado pela cabeça de ouro – um metal – cujo valor excedia em muito qualquer um dos outros que representava os demais impérios. Certamente não foi o maior império durante os tempos dos gentios, nem foi necessariamente o mais forte. Então por que Daniel, ao interpretar o sonho, foi levado a dizer a Nabucodonosor: tu és a cabeça de ouro” (Dn 2:38)?

Podemos afirmar que, ao dizer isso a Nabucodonosor, Daniel não estava se referindo apenas a Nabucodonosor como o rei atual, mas ao império babilônico como ele poderia existir até sua queda.

Autoridade e posição vindas de Deus 

Talvez a razão mais importante pela qual Babilônia foi chamada de cabeça de ouro, foi porque sua autoridade e posição vinham diretamente de Deus. Todos os impérios que a sucederam, surgiram por causa de conquista, ou simplesmente porque os reinos anteriores caíram em ruína. Mas Babilônia foi especialmente levantada por Deus, não apenas para levar Israel cativo, mas para liderar o caminho para os tempos dos gentios. Isso fica claro em mais de uma Escritura, mas, especialmente por meio da boca de Jeremias. Ele foi ordenado pela Palavra do Senhor a dizer, referindo-se a Jeová: “Eu fiz a Terra, o homem e os animais que estão sobre a face da terra, pelo meu grande poder e com o meu braço estendido, e os dou a quem Me agrada. E, agora, eu entreguei todas estas terras nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, Meu servo E todas as nações servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho” (Jr 27:5-7).

Poder absoluto 

Em segundo lugar, seu poder era absoluto e, portanto, comparável ao poder de Deus. Ele não estava sujeito a nenhuma lei anterior, nem respondia a ninguém além de Deus. A respeito de Nabucodonosor, Daniel pôde dizer a Belsazar, “todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia e a quem queria abatia” (Dn 5:19). O rei Dario dos medos e dos persas foi capaz de ordenar a lei, mas ele não recebeu permissão para mudar a lei, mesmo para salvar um homem como Daniel (Dn 6:8, 15). Os reis da Babilônia não estavam limitados a nenhuma restrição como essa.

Um bom governo 

Embora as anteriores sejam provavelmente as principais razões pelas quais o Império Babilônico foi denominado cabeça de ouro, há uma ou duas outras razões que nos são apresentadas. A outra consideração é que, geralmente, havia bom governo no Império Babilônico. Dizemos geralmente, pois, como em todas as monarquias absolutistas, haviam motivos pessoais que às vezes resultavam em opressão. Por esta razão, Daniel lembrou a Nabucodonosor: “desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres” (Dn 4:27). Mas no sonho de Nabucodonosor a respeito de sua humilhação absoluta, ele foi comparado a uma grande árvore “cujas folhas eram formosas, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia mantimento” (Dn 4:21). Parece que, em sua maior parte, o Império Babilônico era um bom lugar para se viver, onde todos podiam morar em relativa prosperidade e paz.

Dimensão e beleza 

Finalmente, o tamanho e a beleza da cidade da Babilônia a tornava, sem dúvida, a maior cidade do mundo antigo, que superava em beleza a qualquer cidade antes dela. Também é questionável se alguma cidade, construída desde então, teve o encanto de Babilônia. Com suas imensas muralhas, seus jardins suspensos e o palácio do rei, ela era uma das maravilhas do mundo antigo. Nenhum outro império poderia gabar-se de ter uma cidade tão bonita.

Por todas essas razões, o Império Babilônico foi constituído a cabeça de ouro. No entanto, quando a pedra (uma figura do próprio Cristo) atingiu os pés da imagem, a imagem inteira foi quebrada em pedaços e tornou-se como “a palha das eiras de verão; e o vento a levou embora” (Dn 2:35 – KJV). Toda a glória humana deve empalidecer diante da glória do amado Filho de Deus, que “subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4:10).

W. J. Prost

Compartilhar
Rolar para cima