Origem: Revista O Cristão – A Criação de Filhos – Parte 2
Caminhos de Prazer, Rotas da Paz
No céu onde Deus habita sempre houve plenitude divina: pureza perfeita, amor divino e felicidade eterna. Naquele lar de luz e amor, Deus Se deleitava com os filhos dos homens desde a eternidade, mesmo “antes que os montes fossem firmados […] ainda Ele não tinha feito a Terra” ou estabelecido seus fundamentos. De acordo com Seu propósito eterno, alguns entre os filhos dos homens, não só entrarão e desfrutarão da felicidade desta habitação divina, mas também do “gozo em Deus” (Rm 5:11 – KJV). Por causa do Calvário, isso pode e será assim.
Criação favorecida por Deus
O homem é a criação especial e favorecida por Deus. Embora os anjos se sobressaiam em força e habitem reinos espirituais, apenas o homem é mencionado ser feito à Sua semelhança; dotado com capacidade de interagir com Deus, de uma forma que o resto da criação não pode, com inteligência, com interesse para entender coisas abstratas, e com a capacidade de experimentar pensamentos comuns com Ele.
Os seis dias da criação são marcados com as palavras importantes, “E disse Deus”, maravilhoso precursor daquele futuro, quando a Palavra em Si se tornaria carne e habitaria entre nós, expressando em Sua própria Pessoa toda a plenitude da divindade. Incomparável criação do homem por Deus, em contraste com outras coisas criadas, foi Sua comunicação ao homem “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo […]” comunicando ao homem o que deveria ser e o que deveria fazer.
Uma nova criação
Infelizmente, como sabemos, muito rapidamente a bondade do homem se foi na sua queda, “como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada que cedo passa” (Os 6:4). Ainda assim, o Oleiro havia formado o vaso, como era Seu direito livre de fazer, a fim de que em Seu conselho o primeiro homem fosse substituído na roda do Oleiro pelo segundo Homem, o Senhor vindo do céu, na plenitude do tempo. Isso foi assegurado pela ressurreição de entre os mortos; há um Homem ressuscitado e glorificado no céu hoje, Ele mesmo o princípio de uma nova criação e somente Ele ali, por enquanto, as Primícias de uma colheita vindoura.
Gêneros masculino e feminino
Outro aspecto único da criação do homem por Deus é a declaração de que haveria homem e mulher, cada um diferente do outro e complementares um do outro para que fossem, em certo sentido, um. “Macho e fêmea os criou, e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados” (Gn 5:2). Embora saibamos, a partir de Gênesis 6:19 e da observação, que os animais também foram criados com esses dois gêneros complementares, é somente com o anúncio da criação do homem que essa distinção é imediatamente evidenciada: uma vez, após a declaração de que o homem foi feito à imagem de Deus (Gn 1:27) e depois, novamente após a declaração de que o homem foi feito à semelhança de Deus (Gn 5:1). Parece que Deus escolheu exibir as glórias naturais de Seus seres criados, e da humanidade em particular, com esta polaridade de homem e mulher. Como o apóstolo Paulo lembrou aos coríntios, o homem é “a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão” (1 Co 11:7). Deus poderia ter criado a humanidade com um único gênero e perpetuado a raça dos homens de acordo com tal sistema; Ele poderia ter criado a humanidade com vários gêneros. Ele não fez nada disso; Ele nos criou homem e mulher. É a glória do homem reconhecer e receber luz de Alguém superior a ele e ordenar adequadamente seus pensamentos e caminhos. Isso é excelência no homem. A vida do crente em Cristo é “ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2:10), pois ele aprende alegremente a se comportar na casa de Deus e a andar de maneira correta neste mundo, de acordo com a Palavra de Deus “E disse Deus”.
Confusão de gênero
Deus não é Autor de confusão; é Seu deleite ver a ordem moral e a felicidade que ela proporciona ao homem, como o apóstolo Paulo disse aos colossenses, “regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo” (Cl 2:5). Por causa da importância de tal revelação, há oposição satânica até mesmo à ordem natural do homem e da mulher. A própria Igreja tem sido submetida a “espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4:1), que procuram introduzir aquilo que desonra a Deus e cria confusão e infelicidade no homem. O mundo ocidental, antes imerso na luz e nas bênçãos da revelação de Deus em Cristo, parece estar na vanguarda agora da, assim chamada, confusão de gênero e depravação moral, obscurecendo a mente dos homens para a integridade natural e a luz espiritual. É neste mundo que vivemos e criamos nossos filhos e, portanto, é mais importante do que nunca que apresentemos a eles o caminho da fé e da sabedoria de concordar com todas as coisas conforme são apresentadas na Palavra de Deus. O contraste exterior que se observa entre o caminho dos filhos da luz e os das trevas está se tornando maior no mundo ocidental, com o mal chamado bem e o bem mal, e trevas como luz e luz como trevas (Is 5:20). “Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso” (Rm 3: 4).
Escolha de gênero
Está na moda hoje em dia pensar que alguém pode simplesmente escolher mudar de gênero como alguém poderia mudar de residência ou ocupação, como se Deus estivesse errado no caso desse alguém. Oferecer escolha aos jovens quando não há escolha, com o apoio institucional dessa loucura, agora protegida por decreto do governo, perpetua a confusão com consequências devastadoras para os jovens assim induzidos. Os homens caídos continuam a professar-se sábios e, assim, mostram que se tornaram loucos (Rm 1:22) com o coração obscurecido. “Porque o que eles fazem em oculto, até dizê-lo é torpe” (Ef 5:12), só que agora a grande mudança na opinião pública, que influencia as ações dos homens deste mundo, tirou essas coisas do sigilo para a luz do dia.
Degradação moral
Foi declarado que os caminhos morais de Deus não mudam com as dispensações, desde os dias sob a lei até os dias atuais da graça. Como um jovem lendo os livros de Moisés, pode-se perguntar: “Quem faria uma coisa dessas que é proibido aqui?” No entanto, infelizmente, à medida que avançamos na vida, vemos ou ouvimos que essas coisas são feitas. Quando o homem escolhe desistir de Deus, para que Ele não esteja em todos os seus pensamentos, Deus, em Seus caminhos governamentais, entrega o homem à degradação moral. Em nossa mente, é benéfico chamar as coisas como Deus as chama, em vez das referências “liberalistas” usadas hoje. Aqueles que se envolvem em relações íntimas com outras pessoas do mesmo sexo, são chamados de “violadores de si mesmos com a espécie humana”, na Bíblia em inglês, uma tradução “educada” de palavras gregas, que são bastante diretas. Esse comportamento moralmente condenado é colocado em uma lista junto com várias outras atividades iníquas que são contrárias ao reino de Deus e à sã doutrina (1 Co 6:9; 1 Tm 1:10). Este assunto irrelevante, nem um mero “tom de cinza”, mas é uma base moral que justifica o reforço da Palavra de Deus em nossa casa e na assembleia. Frequentemente, há a objeção de que alguns são “programados dessa forma” ou predispostos a tal comportamento. A carne em nós pode se apresentar de certa maneira em um, diferente do que em outro, mas “o que é nascido da carne é carne”, e é nosso dever e disciplina julgar a nós mesmos para que “não sejamos condenados com o mundo”. Deus não é o Autor de nenhuma confusão moral, e não podemos dizer que Deus tenta qualquer homem com o mal (Tg 1:13). É “de dentro, do coração dos homens” que essas coisas procedem (Mc 7:21), mas “Ele dá mais graça”, e a maravilhosa liberdade do evangelho é que a graça capacita o crente a andar em santidade, não mais ser mantido sob o domínio do pecado (Rm 6:14). Sermos compreensivos uns com os outros, pois cada um de nós lida com a batalha da carne contra o Espírito de uma forma ou de outra (Gl 5:17).
Distinção cultural
Outro desafio sentido pelos crentes no mundo ocidental hoje é a tentativa deliberada na cultura que nos cerca de eliminar quase toda forma de distinção entre homens e mulheres. Na verdade, falar sobre as características da feminilidade e da masculinidade é, muitas vezes, incorrer em desprezo e censura. Lemos em Deuteronômio 22:5 “A mulher não usará roupa de homem, nem o homem, veste peculiar à mulher” (ARA). Independentemente de a conduta ser direcionada ao israelita, podemos aplicar essa passagem, figurativamente, ao caráter, e como uma exortação para encorajar o caráter feminino em nossas meninas e moças e o caráter masculino em nossos meninos e rapazes. Paulo tinha o mesmo pensamento em mente quando exortou os coríntios a “portai-vos varonilmente e fortalecei-vos” (1 Co 16:13).
A Palavra de Deus é certa
É em face desse vento cultural contrário que nós e nossos filhos devemos recorrer constantemente à clareza e refrigério da Palavra de Deus. O Deus que, “abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (1 Tm 6:17) ordenou graciosamente a vida do homem para sua bênção, pois Ele é bom e deseja, mesmo em um sentido natural, encher nosso coração “de mantimento e alegria” (At 14:17). A cultura ocidental, que antes se alinhava amplamente com a ordem natural e adequada mostrada na Palavra de Deus, cada vez mais despreza essa ordem. No entanto, a Palavra de Deus é certa, estabelecida para sempre no céu, transcende e durará mais do que todas as normas culturais dos homens.
O destino dos homens e mulheres redimidos é ser “como os anjos de Deus no céu”, sem se casar nem se dar em casamento. Mas Deus tornou nobre o relacionamento do homem e da mulher, como uma figura para o relacionamento mais elevado e doce de todos, o de Cristo com a Igreja como Sua noiva celestial. Enquanto isso, neste mundo, como filhos da luz e filhos do dia, é claramente nosso privilégio honrar o Senhor, ocupando adequadamente os lugares que nos são designados como homem ou mulher.
É característico de quem possui vida em Cristo ter confiança implícita na sabedoria e bondade de Deus. “A sabedoria é justificada por todos os seus filhos” (Lc 7:35), e “Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz” (Pv 3:17). Aqueles que têm a noção do que Deus é por eles, e, que o caminho da sabedoria, de acordo com a luz da Sua Palavra, é o caminho melhor e feliz, caminharão pela fé em Seus preceitos.