Origem: Revista O Cristão – Jerusalém
A Casa de Jeová
Salomão é colocado diante de nossos olhos em seu trono, em uma postura, por assim dizer, imutável; a paz reina, os conselhos de Deus em relação ao Seu Rei são cumpridos, e este Rei é o próprio Deus.
Esta cena de paz e bem-estar tem seu ponto de partida no monte Moriá, um detalhe – que possamos notar isto de maneira clara – que está faltando no livro dos Reis: “E começou Salomão a edificar a Casa do SENHOR em Jerusalém, no monte Moriá, onde o SENHOR Se tinha mostrado a Davi, seu pai, no lugar que Davi tinha preparado na eira de Ornã, o jebuseu” (2 Cr 3:1). Foi em Moriá, antes de tudo, que Abraão tinha oferecido Isaque sobre o altar e o recebeu novamente em figura pela ressurreição. Ali, tudo o que a santidade de Deus exigia tinha sido fornecido. Em seguida, foi em Moriá onde, por ocasião da falha de Davi, a graça se exaltou sobre o julgamento. O reinado de paz de Salomão é assim estabelecido após a ressurreição, no princípio de graça, assim como o futuro reino do Cristo ressurreto será baseado inteiramente na graça que triunfou na cruz. Após o sacrifício em Moriá e em virtude da perfeição pessoal do soberano monarca, este último pode, a partir de então, entrar em seu templo. As portas eternas levantarão suas cabeças para deixar o Rei da glória passar (Sl 24:7). Ele terá uma rica entrada em Seu próprio reino. Só em Crônicas encontramos a imensa altura do pórtico do templo (2 Cr 3:4).
A mobília
Mais um detalhe característico: Aqui, vemos apenas palmeiras e correntes nas paredes da casa; as palmeiras são símbolos da paz triunfante, as correntes, que também adornam os pilares aqui, não são mencionadas em nenhum outro lugar senão nos ombros e no peitoral do sumo sacerdote. Elas unem firmemente as várias partes e parecem simbolizar a solidez do vínculo que une o povo de Deus. Não há mais flores parcialmente abertas, símbolo de um reinado que está começando a florescer, como no livro dos Reis. Aqui, o reinado está definitivamente estabelecido; não há mais querubins escondidos sob o ouro das paredes; eles aparecem apenas no véu. Não há mais pensamentos secretos, nem mais conselhos ocultos de Deus; eles são agora manifestados na Pessoa de Cristo, mas fixados no véu – Sua carne é entregue à morte. No lugar santíssimo, dois querubins com as asas estendidas “e estavam postos em pé, e os seus rostos virados para a casa” (2 Cr 3:13), um fato mencionado apenas aqui; eles contemplam a ordem do povo de Deus estabelecida a partir de agora. As colunas Jaquim e Boaz (“Ele estabelecerá” e “n’Ele está a força”) são essenciais para esta cena, emblemas de um reinado estabelecido a partir deste tempo e dependente inteiramente do poder que está em Cristo.
Outro detalhe interessante: Salomão “também fez dez mesas e pô-las no templo, cinco à direita, e cinco à esquerda” (2 Cr 4:8). Primeira Reis 7:48 menciona apenas uma mesa. Não é impressionante ver os pães da mesa da proposição assim multiplicados por dez? Salomão é visto como estando assentado “no trono do SENHOR” (1 Cr 29:23); Israel aumentou sob o seu reinado; eles permaneceram as mesmas tribos, mas aumentaram infinitamente aos olhos de Deus, que as contempla e as governa. O verdadeiro Salomão, o próprio Cristo, é o Autor dessa multiplicação (2 Cr 4:8). No Milênio, Israel estará completo, conforme apresentado a Deus por Cristo, como uma oferta que agrada a Deus.
A arca
Em 2 Crônicas 5, a arca é levada da cidade de Davi para a magnífica casa que Salomão preparou para recebê-la. O tabernáculo e todos os seus vasos, que estavam em Gibeão, juntaram-se à arca no templo; assim, a lembrança da jornada no deserto sempre permaneceria perante Deus. Não nos é dito sobre os vasos do pátio; mais importante ainda, nada nos é dito sobre o altar de bronze que foi feito por Moisés e onde Deus, em graça, veio para Se encontrar com um povo pecador. Este altar do deserto é substituído pelo altar de Salomão, que corresponde ao altar de Davi, montado na eira de Ornã. O altar de Salomão é mencionado no livro dos Reis somente quando tudo tinha sido concluído (1 Rs 8:22). Os livros de Reis, como dissemos, têm outro objeto em vista ao invés de adoração. A arca finalmente encontrou um lugar de descanso, mas o cenário milenar, que esses capítulos prefiguram, não é o eterno e definitivo descanso para o trono de Deus. Os varais não desapareceram, embora sua posição ali indique que a arca deixará de viajar. Toda a cena de bênção milenar descrita aqui terminará quando os novos céus e a nova Terra forem estabelecidos.
