Origem: Revista O Cristão – A Casa do Pai
O Céu – Nosso Lar
João 13:1-10;14:1-18;20:11-18
É uma coisa maravilhosa para nossa alma ter a casa do Pai revelada para nós, para que possamos já desfrutar dela antes de chegarmos lá. Não há ligação moral entre a casa do Pai e este mundo – não há possibilidade de colocá-los juntos em nosso coração. Sabemos alguma coisa da ruptura completa entre esses dois lugares? No momento em que o Senhor soube que Sua hora havia chegado, Seu primeiro pensamento foi dar, àqueles a quem Ele estava deixando neste mundo, uma parte com Ele mesmo aonde Ele estava indo.
Temos primeiro a comunicação da vida e natureza divinas que traz consigo a capacidade de que todas essas coisas entrem em nossa alma: A alma precisava do conhecimento do que Ele havia feito para entrar nelas. Mas Ele sabe a necessidade que encontramos em cada vez, e Ele provê para isso. Tudo isso é preliminar; até aqui a casa do Pai não tinha sido mencionada. Quando o Senhor Jesus foi capaz de perceber a tristeza do coração daqueles que sentiriam a falta d’Ele, Ele disse: “Não se turbe o vosso coração… Na casa de Meu Pai há muitas moradas”. Que revelação! Não houve tal coisa até esse momento na Escritura. Grande parte do ministério do Senhor havia preparado o caminho para isso; agora chegou o momento para a completa revelação se abrir para nós, um lar para onde Ele foi, Seu próprio lar, agora revelado para nós e tornado nosso.
O caminho
Então Ele prossegue e Se dirige aos Seus discípulos: “Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho”. Como eles saberiam disso? Filipe pensou que, se ao menos conhecesse o Pai, ele poderia conhecer a casa do Pai. Jesus diz: “Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai”. Cada característica da bem-aventurança da casa do Pai foi revelada e resplandeceu na Pessoa e nos caminhos do Filho aqui embaixo. O coração que conhece o Filho também conhece o Pai, mesmo os pequeninos mais fracos, pois não é uma questão de conhecimento; o Senhor Jesus quer nos iniciar nisso. A verdade principal da revelação do Pai encontra-se no evangelho de João, como Aquele com Quem estou relacionado. Por esta razão, todos nós nos voltamos para o evangelho de João, pois ali temos toda a preciosa revelação do Pai na Pessoa do Senhor Jesus aqui.
A preparação
“Vou preparar-vos lugar”. Não há nada mais importante do que apreender o significado desta pequena sentença. Não é que alguma preparação esteja acontecendo agora, mas como é que eu consegui ter uma casa preparada lá em cima? A redenção realizada nos prepara para ela. O Senhor Jesus, ao encerrar toda a nossa história aqui, abre-nos um lar celestial, adequando essa casa para nós por Sua presença lá e nos ajustando perfeitamente a esse lar. Assim, logo no início de nossa jornada, podemos dar graças ao Pai, pois Ele nos tornou aptos. A verdade só se torna real para nós quando ela supre uma necessidade criada em nossa alma. Esta necessidade foi criada em Maria Madalena. Os discípulos ficaram satisfeitos quando inspecionaram o sepulcro, eles voltaram para suas casas, mas separados do Senhor; o coração de Maria não tinha casa para ir, e ela ficou fora, junto ao sepulcro chorando. Ele a tinha livrado do terrível poder de Satanás e o sentimento do que Ele era havia detido ela ali, até que Sua voz soou nos ouvidos dela. Ela desejou retomar a proximidade na qual O conhecera antes, mas Ele diz: “Não Me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai”. Ele iria introduzi-la a uma bênção muito mais profunda e completa do que ela poderia ter conhecido antes. “Vai para Meus irmãos e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Que acréscimo de luz é esse sobre tudo o que encontramos sobre a revelação da casa do Pai? Ele agora é capaz de nos abrir o lugar para onde Ele foi e associar-nos da maneira mais plena Consigo mesmo. “Virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também”. Como isso de maneira tão simples nos dá o nosso lugar; o ontem da minha vida se encerrou na cruz de Cristo, o amanhã é estar com Ele em glória, e o presente é tão maravilhosamente preenchido com tudo aquilo ao que fomos introduzidos, enquanto aqui. Estamos vivendo no poder das coisas que já são nossas? Sabemos o que é em uma pequena medida nos aquecer à luz do amor do Pai? Nós temos o Espírito Santo para ser o poder para desfrutarmos de todas estas coisas em nossa alma, enquanto estamos esperando ansiosamente Ele vir novamente, para que, onde Ele está, possamos estar lá também. O que eu procuro é que possamos entrar no poder que nos é dado para desfrutar essas coisas. “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que O amam” (1 Co 2:9). Conquistados por esse pensamento, muitos de nós paramos e colocamos tudo no futuro, mas o apóstolo apenas cita isso de Isaías para contrastar com o que temos: “Deus no-las revelou pelo Seu Espírito”. As coisas que Deus preparou em Seus eternos conselhos agora são reveladas a nós pelo Seu Espírito, que possamos conhecê-las e apreciá-las como nossa possessão presente, que nosso coração possa viver nelas como uma realidade presente.
Vendo o invisível
“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem” (2 Co 4:18). Será que sabemos algo dessa atitude? Estamos olhando para as coisas que são vistas hoje ou para as coisas que não são vistas? Essas coisas são reveladas para que possamos olhar para elas. “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra” (Cl 3:2). Associado a Ele, ressuscitado com Ele, assim pensai. As afeições e a mente são coisas distintas, o Espírito supõe que as afeições seguirão a Cristo até lá, mas a mente está lá? A cruz sobre a Terra responde à glória celestial. Quão fatal é a influência do homem que vem entre mim e aquele Cristo glorificado e ressuscitado. Está nosso coração se demorando na cena da qual Ele já Se foi? Ou nosso coração e mente estão voltados para Ele, onde Ele está na glória? “Mas a nossa cidade [pátria – TB] está nos céus” (Fp 3:20). A cidadania era tudo para um grego; isso vinha antes do relacionamento mais querido. Tudo o que forma a vida moral está no céu agora. Quão débil é a apreensão dessas coisas! Qual é o poder prático delas? Tudo sobre nós presta testemunho a elas, de modo que estamos apenas esperando que Ele venha, para nos levar a Si mesmo, em Quem todas as nossas alegrias e esperanças se concentraram enquanto estamos aqui? Nem uma coisa nos foi negada, e Ele está empenhado em servir-nos na glória, para que não haja impedimentos para desfrutarmos dessas coisas, de modo que possamos estar atravessando esse mundo sombrio com nosso rosto iluminados e em todos os eventos nosso coração cheio com o Seu amor. Encontramos o que nos satisfaz divinamente e para sempre.
