Origem: Revista O Cristão – Andando Dignamente
O Chamado Celestial – O que Significa ser Digno Disso?
A Epístola aos Efésios, depois revelar o mistério da Igreja de uma forma bendita, continua: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (Ef 4:1). A lei fazia a posição depender da caminhada. Graça faz a caminhada depender da posição. Ela nos coloca nos lugares celestiais em Cristo e, em seguida, pede um andar digno da posição. Esta é a presente maneira de Deus agir e é tão distante do legalismo, por um lado, quanto do antinomianismo (uma doutrina errada, ensinando que os Cristãos são libertos da obediência a qualquer lei moral, tendo sido supostamente libertados pela graça, como apresentado no Evangelho) do outro. A caminhada do Cristão individual deve ser adequada ao seu chamado em Cristo. Como membro do Seu corpo ele deve se comportar de maneira consistente. Se o corpo não é do mundo, o membro não é do mundo, e se o corpo é celestial, o membro é celestial. Como todo o corpo deve manifestar seu verdadeiro caráter, assim deve cada membro. Ora a Igreja está separada do mundo, unida a Cristo no céu e habitada pelo Espírito. Se então o crente deve andar de maneira digna de sua vocação, tal é o caráter que ele deve manifestar no mundo.
Separado do mundo
Olhando para o assunto deste ponto de vista, qual é o andar que seria adequado para um Cristão? Tendo um chamado celestial, como ele poderia se misturar com os prazeres, a política, as vaidades e as ambições do mundo? Os prazeres mundanos seriam evitados, não porque a consciência natural os condenasse, mas como inconsistente com a vocação do crente. São tais cenários, ele perguntaria, adequados para alguém que está associado a Cristo na morte e ressurreição, que pertence ao céu, e está aguardando o retorno do Salvador para levá-lo até lá? Como posso desfrutar dos prazeres e frivolidades de um mundo do qual sou separado por meu chamado celestial – um mundo que odeia a minha Cabeça celestial e despreza minha esperança celestial, e que está correndo em direção aos terríveis juízos que precedem o dia do Senhor? Será que as honras, os aplausos ou os altos lugares de um mundo tão condenado atrairiam seu coração? Ele não diria como Daniel ao ver o julgamento de Babilônia traçado pelo dedo de Deus na parede: “As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; todavia, lerei ao rei a Escritura e lhe farei saber a interpretação”? (Dn 5:17).
O que pensaria Belsazar e seus grandes da interpretação a respeito de Daniel se o tivessem visto agarrado ao poder e a um lugar na cidade cuja queda ele havia predito? E o que o mundo pode pensar ao ver os crentes se agarrando aos status vazios de um cenário na qual a sombra do julgamento que se aproxima já repousa? Certamente é para aqueles que podem ler o que foi escrito à mão estar solenemente avisando ao mundo em vez de perseguir suas honras fugazes ou procurar por seus inúteis aplausos.
