Origem: Revista O Cristão – Oferta pelo pecado e pela culpa
Comer a Oferta pelo Pecado em um Lugar Santo
Levítico 6:24-30
Em Levítico 4, havia duas maneiras pelas quais uma oferta pelo pecado era oferecida:
1. No caso da oferta pelo pecado por um sacerdote ou por toda a congregação, o sangue do animal era levado ao lugar santo e aspergido perante o Senhor, diante do véu do santuário. Do sangue, uma parte era aspergida sete vezes perante o Senhor, uma parte era colocada nas pontas do altar de incenso e o restante era derramado na base do altar de cobre . Os corpos desses animais eram levados para fora do arraial e queimados depois que certas partes eram retiradas e queimadas no altar de cobre.
2. No caso de um governante ou de uma pessoa comum, o sangue era colocado nas pontas do altar do holocausto, e todo o sangue era derramado na base do altar. Na lei da oferta na passagem acima mencionada, é mencionado outro detalhe importante. A oferta deveria ser morta no lugar onde o animal oferecido em holocausto era morto, e então o sacerdote que a oferecia deveria comê-la em lugar santo – no pátio. Mais tarde é mencionado que todos os varões entre os sacerdotes tinham que comer dela.
No primeiro caso (com o sacerdote ou com toda a congregação), o assunto era mais sério, pois a comunhão com o povo de Deus como um todo era interrompida. No caso do sacerdote era porque ele era o elo do povo com Deus.
O sacerdote levava a iniquidade
É particularmente sobre o segundo caso que desejamos meditar agora. Neste caso, a oferta tinha que ser comida pelo sacerdote em lugar santo – o pátio do tabernáculo. Em Levítico 10:17, Moisés pergunta aos filhos de Arão: “Por que não comestes a oferta pelo pecado em lugar santo, visto que é coisa santíssima, e o Senhor a deu a vós para levardes a iniquidade da congregação, para fazerdes expiação por eles diante do Senhor?” (AIBB) O sacerdote não era o culpado do pecado diante de Deus, mas, ao comer da oferta, ele tornava sua a questão e assim levava a iniquidade da congregação, para fazer expiação por eles perante o Senhor. Era somente por meio dessa atividade sacerdotal que a expiação poderia ser feita. “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17).
Quando há falha no outro, é fácil ver o que pensamos ser o pecado ou a dificuldade e lavar as mãos quanto ao assunto, pensando dessa forma que não somos culpados. Mas se professamos um relacionamento com Deus, nossa responsabilidade vai além. Comer algo o torna nosso – aquilo torna-se parte de nós. Quando nós, em espírito, comemos a oferta pelo pecado no lugar santo, nos identificamos totalmente com o pecado e, na santa presença de Deus, percebemos o que custou ao nosso Senhor Jesus fazer expiação por aquele pecado. Não é nos isolarmos, mas nos identificarmos assim com os culpados.
Daniel se identificando com os culpados
Daniel, em espírito, embora não fosse sacerdote, fez isso ao se identificar com seu povo culpado. Não havia justificação própria ali, apenas ele justificando a Deus e confessando “o meu pecado e o pecado do meu povo Israel” (Dn 9:20). Era algo acompanhado de verdadeira aflição de alma, como indicado pelo jejum, pano de saco e cinza. Certamente isso deve acompanhar tal atividade sacerdotal: não tristeza fingida, mas tristeza real, produzida ao se mensurar, na santa presença de Deus, o que isso significou para nosso Salvador no Calvário. O jejum é a atitude de negar a nós mesmos. Pano de saco era o sinal de luto interior. As cinzas falam do juízo que foi consumado.
O Espírito do Senhor Jesus
Nosso bendito Senhor Jesus Cristo carregava Consigo o mesmo espírito. Como Filho de Deus, Ele era santo, inocente, imaculado e separado dos pecadores. No entanto, ao iniciar Seu ministério público, Ele veio a João Batista para ser batizado com o batismo de arrependimento. João, reconhecendo em Jesus o Santo e imaculado Cordeiro de Deus, se Lhe opunha. Mas Jesus respondeu: “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3:15). Desta forma, Ele Se identificou com aquelas pessoas culpadas que haviam se arrependido. Que beleza de perfeição moral em nosso Senhor Jesus contemplamos aqui! Quanto será que correspondemos em espírito a isso? Então, quando Ele estava naquela terrível cruz fazendo expiação, Ele tomou nossos pecados tão completamente que os chamou de Seus (Sl 69:5). Só assim a expiação poderia ser feita.
Precisamos esclarecer que qualquer atividade sacerdotal em que possamos estar ocupados não é para expiação. Essa obra foi feita de uma vez por todas por nosso Senhor Jesus na cruz. Mas, em espírito, precisamos saber o que significa identificar-se com alguém que é culpado e comer a oferta pelo pecado em pleno reconhecimento da santidade de Deus. Se houvesse mais dessas atividades sacerdotais sozinhos diante de Deus, será que não haveria menos da confusão, vergonha e divisão que surgiram entre Seus remidos, que são responsáveis por Seu testemunho aqui na Terra?