Origem: Revista O Cristão – Ressurreição

Como os Mortos São Ressuscitados?

1 Coríntios 15:35 

O apóstolo aqui passa das advertências ao enfrentamento das objeções, por meio de perguntas a respeito do corpo, assim como nosso Senhor enfrentou a dificuldade social levantada pelos saduceus. Rapidamente, Paulo expõe o verdadeiro caráter das objeções. Nossa sabedoria está em conhecer as Escrituras e, assim, Sua mente, sem questionar Seu poder de torná-las eficazes.

“Mas Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada semente, o seu próprio corpo” (1 Co 15:35-38). O apóstolo aqui dirige uma repreensão que seria profundamente sentida por aqueles que se orgulhavam com sua sabedoria, mas foram tolos o suficiente para ignorar as analogias da natureza diante de seus olhos, e refutam a semelhança assumida entre o corpo como ele é, e como ele será. “Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer”. A morte, portanto, não era uma barreira para a ressurreição, mas sua antecedente. Pode haver mudança, como mostrado adiante, mas não há ressurreição a menos que a morte venha primeiro. Há decomposição na morte, mas não aniquilação. Há uma desorganização na morte que antecede outro modo de ser. Mas a semente morre como tal para se transformar em uma planta; e assim ele acrescenta: “quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada semente, o seu próprio corpo”.

O que brota difere do que foi semeado 

O que brota difere amplamente do que foi semeado, mas cada semente produz sua própria planta. Existe algo como a espécie, e esta fixada desde o início, como Deus quis. A “seleção natural” não é apenas contrária aos fatos, mas sem sentido; ainda assim, é o ídolo dos materialistas modernos. Não há dúvida de que existe uma origem ou princípio de vida; mas o que aqueles que se opõem sabem disso? Se ele desconhece totalmente isso, inclusive quanto à semente, ele está em posição de se questionar quanto ao corpo?

“Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, e outra, a carne dos animais, e outra, a dos peixes, e outra, a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do Sol, e outra, a glória da Lua, e outra, a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela. Assim também a ressurreição dos mortos” (1 Co 15:39-42). O apóstolo mostra quão vã é a suposição de uma condição para o corpo na ressurreição semelhante ao estado atual, baseada na diversidade até mesmo da carne no presente mundo animal. Não há monotonia na criação de Deus. A carne é inegavelmente diferente nos homens, gado ou quadrúpedes, pássaros, peixes. Então, quão irracional seria presumir que o corpo deva ser como o que é agora, em uma condição tão distinta quanto a ressurreição! Muito mais sensato seria alguém imaginar a mais marcante diferença.

Corpos celestiais – Corpos terrenais 

“Há corpos celestes e corpos terrestres”, e a glória de um difere da do outro; e não apenas isso, mas os celestiais, Sol, Lua, estrelas, variam uns dos outros, como os de baixo. No entanto, o objetivo não é provar diferentes graus de glória no céu, como dito por muitos antigamente e modernamente, mas sim contrastar o ressuscitado com o estado natural. “Assim também a ressurreição dos mortos”. Isso fica claro a partir do que se segue. Eles estão completamente errados quando fazem a glória ser exclusivamente celestial ou terrenal. Ambas serão encontradas no reino de Deus (veja João 3:12).

“Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção [incorruptibilidade – JND]. Semeia-se em ignomínia [desonra – JND], ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal [natural – ARA], há também corpo espiritual” (1 Co 15:42-44). O corpo do crente é semeado em desonra, corrupção e fraqueza; como todos veem; mas em que cremos? Ele é ressuscitado em incorruptibilidade, glória e poder – não um mero corpo etéreo, mas um corpo movido com vida espiritual, como uma vez teve vida animal da alma, portanto, não um espírito, mas um corpo espiritual, não limitado por condições terrenais, mas capaz de passar por uma porta fechada, ou de ser sentido, capaz de comer, embora não necessitando de nada, se considerarmos a partir d’Aquele que, ressuscitado como a grande Cabeça, exemplo e poder, declarou que um espírito não tem carne e ossos, como eles viram que Ele tinha.

A adequação disto para o céu é evidente. “Se há corpo animal (ou natural), há também corpo espiritual”. Tão certo como há o corpo que temos agora, adequado à Terra e à vida que agora existe, há também um corpo espiritual, que teremos quando o Senhor Cristo vier para ressuscitar aqueles que são Seus (veja 1 Co 15:20-23). Deus, que constituiu um para a esfera de responsabilidade e de provação, certamente adaptará o outro às condições de glória, onde a vida eterna que agora é exercida em cenas de tristeza, em si mesma em fé, esperança e amor, desfrutará então do repouso, sem nuvens, de Deus nas alturas.

Um espírito vivificante 

Agora, o apóstolo chega à prova decisiva da Escritura e ao teste pessoal de Cristo. “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15:45-49). É a maneira do apóstolo, e de fato dos homens inspirados em geral, rastrear tudo até às suas fontes. Adão e Cristo estão diante de nós, o primeiro homem Adão foi feito apenas uma alma vivente, o último Adão um espírito vivificante. Assim, como de costume, primeiro se vê o homem falhando em sua responsabilidade, depois o Homem obediente, sofredor e vitorioso.

Deve-se notar também que a grande ocasião em que a Escritura nos mostra que o Senhor Se tornou um Espírito vivificante foi quando Ele ressuscitou dentre os mortos. Então, não antes, Ele soprou sobre os discípulos e disse: Recebei o Espírito Santo. Não foi o novo nascimento simplesmente, mas a vida mais abundante, por causa do poder da ressurreição; e isso se encaixa perfeitamente com a doutrina do capítulo, que não olha nem para a encarnação nem para a ascensão, por mais importante que sejam, nem aqui em Sua morte, embora isso seja, sacrificialmente e em poder moral, o fundamento de tudo para nós, bem como para a glória de Deus.

Tal foi a ordem, e este o triunfo, não ainda em nossa ressurreição, mas na d’Aquele que ressuscitará os santos adormecidos em Sua vinda. Não é que Adão não tivesse uma alma imortal, ou que Cristo não pudesse dar a Sua vida; mas um no princípio foi feito em alma vivente, o Outro, depois de ter sido manifestado no final dos tempos para anular o pecado pelo Seu sacrifício, foi feito em Espírito vivificante como ressuscitado. “Aquele que veio do céu” não é mais inconsistente com isso, do que “aquele que veio da terra” com foi Adão sendo feito uma alma vivente, mas cada um, pelo contrário, mais adequado.

Tal como o terrenal 

E agora podemos dar um passo adiante em cada caso. Tal como o terreno (feito do pó – JND) – Adão, tais também os terrenos (os feitos do pó – JND) – a raça; e como O celestial, tais também os celestiais (Cristãos); e assim como levamos a imagem de um feito do pó, também levaremos a imagem de Um celestial. Nós éramos, e somos, naturalmente a família do primeiro homem, e levamos a sua imagem (Gn 5:3); nós, estando agora em Cristo, também levaremos a imagem de Cristo no dia que está chegando. Deus nos predestinou para sermos conformes à imagem de Seu Filho, para que Ele seja o Primogênito entre muitos irmãos. Entretanto, não é uma questão de nos transformar de acordo com a mesma imagem pelo Espírito, que é verdadeira e importante dia a dia; mas aquela conformidade completa e final que não pode existir até que Cristo consuma a salvação e transforme nosso corpo de humilhação em conformidade com Seu corpo de glória, de acordo com a operação de Sua capacidade de subjugar todas as coisas a Si mesmo.

W. Kelly (adaptado)

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