Origem: Revista O Cristão – Compartilhando com Cristo

Compartilhando Amor e Compartilhando Ódio com Cristo

Em João 15:1-17, o Senhor nos apresenta a nova companhia Cristã, não de fato em sua formação ou administração (para isso o tempo ainda não havia chegado), mas em suas marcas morais e privilégios espirituais. É vista como uma companhia governada pelo amor de Cristo e, permanecendo em Seu amor, unida pelo amor uns aos outros. Nas palavras que se seguem (v. 18 e seguintes), o Senhor passa, em pensamento, fora do círculo Cristão de amor para falar do círculo de ódio do mundo, advertindo assim Seus discípulos do verdadeiro caráter do mundo, pelo qual seriam cercados, e preparando-os para a perseguição que sofreriam.

Compartilhando com Cristo 

Se compartilhamos com Cristo o amor, o gozo e as santas intimidades do círculo interior, devemos também estar preparados para compartilhar com Cristo o ódio e a reprovação que o mundo teve por Ele. Não há nenhuma sugestão de que os discípulos deveriam tentar fazer o melhor dos dois mundos, como os homens falam. Deve ser Cristo ou o mundo; não pode ser Cristo e o mundo. Um grupo que de algum modo exibisse as graças de Cristo seria reconhecido pelo mundo como identificado com Ele, e o ódio que o mundo expressou por Cristo seria mostrado a Seu povo. O ódio e a perseguição sofrida por Cristo seriam deles.

O mundo é um vasto sistema que abraça todos os grupos, classes e falsas religiões, tendo em comum o ódio a Deus. O mundo pelo qual os discípulos foram imediatamente cercados era o mundo do judaísmo corrupto. Hoje, o mundo com o qual os crentes estão principalmente em contato é o mundo da Cristandade corrupta. Sua forma externa pode mudar de tempos em tempos, mas no coração é sempre marcada pela alienação de Deus e pelo ódio a Cristo.

Odiado pelo mundo 

Por que esses homens comuns foram odiados pelo mundo? Não era um grupo de pessoas pobres que amavam uns aos outros, que viviam de forma ordeira, sujeitos ao governo, sem interferir em suas políticas? Não andaram eles anunciando boas novas e fazendo boas obras? Por que é que tais atitudes eram odiadas?

O Senhor dá duas razões para esse ódio. Em primeiro lugar, eles eram um grupo de pessoas que Cristo havia escolhido do mundo (v. 19). Em segundo lugar, eles eram um grupo de pessoas que confessaram o nome de Cristo diante do mundo (v. 21). A primeira causa atrairia mais particularmente o ódio do mundo religioso; a segunda, o ódio do mundo em geral. No decorrer de todos os tempos nada tem enfurecido mais o homem religioso do que a graça soberana que, passando por cima de todos os esforços religiosos do homem, acolhe e abençoa o excluído e o miserável. A própria menção da graça de Deus que abençoou uma viúva e um leproso gentios levou os líderes religiosos de Nazaré a se levantarem em ira e ódio contra Cristo. A graça soberana que abençoa o filho mais novo enfurece o filho mais velho (Lucas 15).

Perseguido 

Além disso, os discípulos são avisados de que esse ódio se mostrará em perseguição. “Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão a vós”. Essa expressão ativa de ódio está mais diretamente relacionada com a confissão do nome de Cristo, pois o Senhor disse: “Mas tudo isso vos farão por causa do Meu nome”. A perseguição, seja de Cristo ou de Seus discípulos, provou que os perseguidores não tinham conhecimento d’Aquele que enviou Cristo – o Pai.

Não há, no entanto, nenhuma desculpa para tal ignorância. As palavras do Senhor e as obras do Senhor deixaram o mundo sem desculpa, seja por ódio ou ignorância. Se Cristo não tivesse vindo e falado ao mundo palavras como nunca o homem tinha falado, se Ele não tivesse feito entre eles obras que nenhum outro homem tinha feito, eles não poderiam ter sido censurados com o pecado da inimizade voluntária contra Cristo e o Pai. Eles ainda teriam sido criaturas caídas, mas dificilmente teria sido demonstrado que eles eram criaturas voluntariosas e que odiavam a Deus. Mas agora não havia disfarce para o pecado deles. Não havia como esconder o fato da culpa do mundo: Ela tinha sido revelada. Cristo havia revelado plenamente – por Suas palavras e obras – todo o coração do Pai. E isso só trouxe à tona o ódio do homem a Deus. O mundo como tal foi deixado sem esperança, pois, de acordo com sua própria lei, eles odiavam a Cristo sem razão. Assim, o ódio do mundo não é mais ignorância: É pecado. É um ódio sem razão. Ai! Nós, mesmo como Cristãos, às vezes podemos dar ao mundo motivo de ódio, mas em Cristo não havia motivo. Há, de fato, um motivo para o ódio, mas não está n’Aquele que é odiado, mas no coração daqueles que odeiam. Se houver fidelidade voluntária a Cristo, os Seus compartilharão desse ódio.

H. Smith (adaptado)

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