Origem: Revista O Cristão – Sal
Concerto de Sal
A expressão “concerto de sal” é usada duas vezes na Palavra de Deus. É usada em primeiro lugar em Números 18:19, em referência às ofertas alçadas dos filhos de Israel.
“Todas as ofertas alçadas das coisas sagradas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, eu as tenho dado a ti, a teus filhos e a tuas filhas contigo, como porção, para sempre; é um pacto perpétuo de sal perante o Senhor, para ti e para a tua descendência contigo” (AIBB).
As ofertas alçadas faziam parte das ofertas do povo de Israel, e nessa passagem foram dadas a Arão e à sua família, como sacerdotes do Senhor. Foram garantidas a eles, se pudéssemos usar essa palavra, a Arão e à família dele perpetuamente, pois os sacerdotes não tinham herança na terra. Eles deviam ser inteiramente devotados e separados ao Senhor, e o Senhor estava assegurando-lhes que suas necessidades seriam atendidas continuamente.
O reino usurpado
O segundo uso da frase “um concerto de sal” está em 2 Crônicas 13:5, onde o rei Abias, de Judá, se dirige ao rei Jeroboão, de Israel (as dez tribos), quando esses dois reis entraram em guerra um com o outro. Não nos é dito qual foi o agressor; simplesmente é dito que “houve guerra entre Abias e Jeroboão” (v. 2). No entanto, Abias faz um discurso a Jeroboão, lembrando-o de como ele havia usurpado o reino que pertencia ao pai de Abias, Roboão, e de como Deus havia dado o reino à casa de Davi por “um pacto de sal”.
“Porventura não vos convém saber que o Senhor Deus de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por um pacto de sal?” (AIBB)
Havia verdade nisso, pois Deus havia prometido a Davi que sempre haveria uma luz de sua família para se sentar no trono de Israel. O Senhor tinha dito: “Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre” (2 Sm 7:13). Isso se refere a Salomão, mas notamos que Abias convenientemente deixa de fora o próximo versículo, que diz, “e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens” (v. 14). Salomão realmente transgrediu, e Deus de fato o havia visitado, permitindo que adversários viessem contra ele na última parte de seu reinado. Além disso, após a morte de Salomão, foi o Senhor Quem deu parte do reino a Jeroboão, embora ele tenha provado ser um homem infiel.
No entanto, estamos nos ocupando com a expressão “um concerto de sal”. A expressão foi usada pela primeira vez pelo Senhor quando Ele falou a Arão sobre as ofertas do povo prometidas a ele e sua família, e essa mesma expressão foi buscada por Abias e usada contra Jeroboão, a quem Abias considerava ser um usurpador. Como vimos, isso era apenas uma meia-verdade.
O caráter de conservação do sal
Vimos em outros artigos desta edição que uma das funções do sal é seu caráter conservador. A expressão significa, então, que o que foi feito e selado não poderia ser alterado. O que o Senhor disse a Arão não pode ser mudado, e o que Deus disse sobre a família de Davi e o trono de Israel também não pode ser mudado.
Sabemos que, no dia milenar, o sacerdócio será restabelecido em Israel e que a família de Arão servirá naquele dia diante do Senhor. Sabemos também que os propósitos de Deus a respeito da família de Davi serão cumpridos em Cristo, embora a família de Davi tenha sido um fracasso em sua responsabilidade, perante o Senhor, ao governar Israel. Finalmente, todo o Israel foi levado ao cativeiro, e o último rei de Judá (Zedequias) foi culpado de fazer um juramento em nome do Senhor e, em seguida, quebrar sua palavra. Mas tudo será aperfeiçoado em Cristo, pois, embora Davi tenha sido compelido a dizer no final de sua vida: “Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus”, ele também pôde continuar dizendo: “contudo, estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado” (2 Sm 23:5).
Quão abençoado é saber que Deus pode fazer um concerto que nunca será mudado e que Ele fez tal concerto com Israel. Ele também não mudará Suas promessas para conosco, pois embora, como Igreja, não estejamos em um relacionamento de concerto com Deus, ainda assim “todas quantas promessas há de Deus são n’Ele sim; e por Ele o Amém, para glória de Deus, por nós” (2 Co 1:20).