Origem: Revista O Cristão – Os Concertos de Deus com o Homem
O Ministério do Novo Concerto
Neste período da graça de Deus, Ele não nos colocou em um concerto; ainda assim, nós recebemos a bênção do novo concerto. Falando de maneira geral, quaisquer termos pelos quais Deus coloca o homem em relacionamento de caráter definido Consigo mesmo podem ser chamados de concerto. A Escritura fala especialmente do “concerto eterno”, aquele em que a Semente da mulher é ferida e o poder do mal é finalmente eliminado, do “velho”, que era um concerto de obras e do “novo”, que é puramente de graça e, portanto, incondicional. Este último será feito “com a casa de Israel e com a casa de Judá… não segundo o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da Terra do Egito; como não permaneceram naquele Meu concerto, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as Minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo. E não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos Me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não Me lembrarei mais. Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hb 8:8-13). Mas, quando nos voltamos para Hebreus 10:16-17, encontramos esta citação de Jeremias 31 resumida nas seguintes palavras: “Porei as Minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta: E jamais Me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”, e isso constitui claramente uma parte da bênção dos crentes Cristãos, de modo que, mesmo que o novo concerto não seja feito conosco, mas com Israel, nós somos participantes das bênçãos desse novo concerto.
O concerto eterno
O Senhor falou do novo concerto como sendo em Seu sangue, e o apóstolo, em Hebreus 13, fala do “sangue do concerto eterno”, que é claramente o precioso sangue de Cristo. A única base de toda bênção incondicional é, portanto, exibida em conexão com esses dois concertos. A promessa original de Deus de bênção para o homem por meio da Semente da mulher sendo ferida, e a bênção específica que será em breve desfrutada por Israel e Judá são igualmente incondicionais, porque ambas são baseadas na eterna eficácia desse sangue, sobre o qual o Senhor disse: “Porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento (ou Novo Concerto), que é derramado por muitos”. Assim, sempre que participamos do cálice, ele é a garantia dessas bênçãos do novo concerto, e o sangue que ele simboliza é o sangue desse novo concerto, aquele sangue que é a base da justiça de Deus em graça agora e em glória futura.
As bênçãos do concerto
Como o concerto e as condições andam juntos e que a existência de condições implica competência para cumpri-las, vemos claramente que, como crentes em Cristo, não estamos judicialmente colocados sob nenhum tipo de concerto ou sob condições de caráter de um concerto. Por outro lado, observamos com alegria que temos as bênçãos que o novo concerto, quando estabelecido, trará a Israel, cada uma delas já é nossa, recebidas de Cristo em glória! O apóstolo podia falar apropriadamente de si mesmo como um apto ministro do novo concerto, pois, embora ainda não esteja estabelecido, ele é por antecipação (pois todas as coisas são nossas) ministrado à Igreja de Deus. Este é realmente o caráter que o evangelho assume em 2 Coríntios 4. Paulo ministra a bênção incondicional do novo concerto para os gentios, cujas boas novas, se escondidas, foram escondidas onde Satanás lançou um véu de cegueira moral sobre seus devotos. Onde quer que foram recebidas, foi porque Deus resplandeceu nos corações para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
Em 2 Coríntios 3, ele fala daqueles a quem ele escreveu como eles sendo a epístola de Cristo ministrada pelo apóstolo, a escrita do Espírito do Deus vivo, não como no passado, em tábuas de pedra e ordenada por anjos, mas em tábuas de carne de seus corações. E o apóstolo tinha confiança diante de Deus sobre isso, pois, negando possuir capacidade pessoal para tal serviço, ele declara que sua capacidade vem de Deus, que o fez um competente ministro do novo concerto, não da letra, mas do espírito. Então, indo mais alto, com um toque inspirado, ele marca o contraste entre as duas coisas; a letra condena, mas o Espírito dá vida – apresentando o Espírito de Deus objetivamente, a Quem ele retorna no versículo 17, após o desvio do assunto principal dos versículos 7-16, que formam um parêntese, o qual consideraremos agora um pouco.
Os dois ministérios
Temos aqui o que constitui o ministério do novo concerto em contraste com o velho. Este último, admite-se, “veio em glória” (v. 7), pois começou quando o rosto de Moisés brilhou tão intensamente que os filhos de Israel não podiam suportar olhar para ele. Mas isso foi depois que ele quebrou as primeiras tábuas em santa indignação e recebeu as segundas em seu caráter como mediador, recebendo-as escritas com o dedo de Deus sobre o fundamento da redenção prevista. Assim, quando ele desceu a segunda vez para estar entre o povo, ele carregava a lei em seus braços e a graça em seu rosto (Compare 2 Coríntios 4:6). Então, o apóstolo está contrastando ambos. Ele não diz aqui que o velho concerto era glorioso, mas que a glória com que ele foi introduzido era meramente temporária, e mesmo essa era demais para Israel. Além disso, o lampejo de glória com o qual ele começou não alterou o fato de que era um ministério de morte. O ministério do novo era o de um Espírito vivificante, e ele subsiste em glória, tendo uma glória que nunca será extinta. Outro contraste está entre o ministério da condenação, que tinha uma certa medida de glória, como vimos, e o ministério da justiça que abunda em glória. Assim, o velho concerto ministrou condenação e morte, mas Deus o glorificou em graça (por conta da mediação e em conexão com a pessoa do mediador) com uma medida de glória temporária acompanhada de um véu. Mas para nós o novo concerto é uma ministração do Espírito. Ele é coroado com uma glória inigualável e não tem um véu sobre nosso coração ou sobre a face de Cristo, que é nosso Mediador – o verdadeiro Moisés que foi à presença do Senhor. Pois, note isso, que “entrando Moisés perante o SENHOR, para falar com Ele, tirava o véu até que saía” (Êx 34:34), prefigurando Cristo com certeza, mas também de nosso próprio lugar bendito e porção agora n’Ele, pois não há véu sobre nosso coração (infelizmente ainda há sobre Israel), e também não há véu sobre nosso rosto, quando entramos diante do Senhor. Assim, também, quando Israel se voltar para o Senhor, não haverá mais véu – eles descobrirão que o véu foi tirado.
Liberdade e transformação
O parêntese termina aí, e seguem-se duas coisas relacionadas ao versículo 6 e que formam um desfecho do nosso assunto, a saber, primeiro, a liberdade do Espírito que Sua presença certamente garantirá e, segundo, a transformação, desconhecida sob o velho concerto. Não poderia haver transformação na ausência de um objeto transformador, e esse objeto só poderia ser um Cristo glorificado. Ao contemplarmos Aquele em cuja face não há véu, Sua imagem é produzida em nós, sendo tal transformação de glória em glória pelo Senhor o Espírito. (Veja 2 Co 3:18 – JND)
Nisso, então, constitui o ministério de Paulo do novo concerto, sua presente ministração para a Igreja antes ainda de que ele seja feito. No caráter mais elevado que ele tem para nós, evidentemente alcança a reprodução de um Cristo glorificado em Seus santos na Terra, isto é, não a nossa posição diante de Deus em glória, mas o efeito direto da glória em nosso estado aqui.
Que os frutos deste maravilhoso ministério sejam cada vez mais vistos em nós, para Seu presente e eterno louvor!
W. Rickards, adaptado
