Origem: Revista O Cristão – Os Olhos
A Concupiscência dos Olhos
A expressão “a concupiscência dos olhos” é mencionada apenas uma vez na Palavra de Deus, em 1 João 2:16, mas há vários exemplos desse tipo de concupiscência na Bíblia. Nossa primeira mãe, Eva, foi tentada por Satanás no Jardim do Éden dessa maneira, pois ela viu que o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal era “agradável aos olhos”, e, combinado com outras concupiscências, foi o suficiente para fazê-la desobedecer o único mandamento que o Senhor havia dado a ela e a seu marido.
Mais tarde, vemos Ló, sobrinho de Abraão, “E levantou Ló os seus olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada… como o jardim do SENHOR” (Gn 13:10). Seus olhos o levaram para a perversa cidade de Sodoma, com consequências desastrosas para ele e sua família.
Mais tarde ainda, descobrimos que a esposa de Potifar “lançou os olhos sobre José” de uma maneira imoral, e, porque ele recusou os seus avanços, ela falsamente o acusou, e ele foi preso (Gn 39:7-20). Não precisamos multiplicar os incidentes, mas foi a concupiscência dos olhos de Davi que o fez olhar para uma mulher bonita e cobiçá-la, mesmo ela sendo esposa de outro homem (2 Sm 11:1-5). Muitos outros exemplos poderiam ser dados, onde os olhos foram o meio de despertar a concupiscência na mente de um indivíduo.
Perfeitamente obediente
No entanto, houve Um que foi tentado dessa forma, mas que não cedeu à tentação. Antes de Ele seguir em frente para iniciar Seu ministério terrenal, era necessário provar Quem Ele era. Não poderia haver dúvida quanto à perfeição de Sua natureza e Sua absoluta incapacidade de cometer pecado, mas um teste era necessário para manifestar isso claramente. Assim foi que o Espírito de Deus O levou ao deserto, onde Ele foi tentado sob as piores condições possíveis. Ele estava sozinho no deserto, e por 40 dias não tinha nada para comer. (Em contrapartida, a tentação de Adão e Eva ocorreu nas melhores das condições – eles estavam juntos, tinham o bastante para comer e estavam cercados pelas belezas do Jardim do Éden.)
No entanto, nosso bendito Senhor e Mestre andou em um caminho de dependência de Seu Pai em tudo, e Ele não deixaria esse caminho. Além disso, Ele não manda simplesmente Satanás ir embora, mesmo que, como Deus, Ele tivesse o poder de fazê-lo. Mas nosso Senhor citou a Palavra de Deus para o diabo, e foi o suficiente para derrotá-lo. Ao contrário de todos os outros homens e mulheres na história da humanidade, não havia nada em nosso Senhor que respondesse às tentações de Satanás, e Satanás foi obrigado a retirar-se. Dessa maneira o Senhor Jesus foi um bom exemplo para nós, pois enquanto vivermos e nos movermos no caminho da obediência, de acordo com a Palavra de Deus, Satanás não terá poder sobre nós.
A última tentação
É interessante notar que, na ordem das tentações de nosso Senhor, como apresentado em Mateus 4, a concupiscência dos olhos é mostrada por último. O último estratagema de Satanás foi apresentar-Lhe todos os reinos deste mundo, dizendo-Lhe que seriam d’Ele se Ele Se prostrasse e o adorasse. Porém, tanto em Lucas 4 quanto em 1 João 2:16, as tentações são apresentadas em uma ordem moral, com a concupiscência dos olhos sendo mencionada em segundo lugar. A concupiscência da carne vem primeiro, pois até mesmo um cego tem a concupiscência da carne. Por outro lado, a concupiscência dos olhos tende a ser a próxima para nós que podemos ver, pois aquilo que nossos olhos captam costuma formar nossos pensamentos e governar nossas ações. Finalmente, entra a soberba da vida, onde Ele é convidado a lançar-se do pináculo do templo, contando com Deus para guardá-Lo do mal.
A concupiscência dos olhos
A concupiscência dos olhos é, e sempre foi, um sério problema para o homem pecador. Satanás sabe disso muito bem e sabe como apresentar as coisas deste mundo sob uma ótica extremamente positiva. É o olho que costuma ser o primeiro a ser atraído por algo neste mundo, mesmo que o objeto também incorpore a concupiscência da carne e a soberba da vida. Pode ser algo bem pequeno, mas, se isso não for suficiente, Satanás sabe bem como “aumentar a aposta” para algo ainda mais bonito.
É importante reconhecer que, em tudo isso, é a “concupiscência” dos olhos que é o problema. O olho em si não é mau, pois Deus nos deu olhos que podem ver a beleza de Sua criação, incluindo a beleza em outro ser humano. Onde eu moro, muitas das árvores que perdem as folhas adquirem lindas cores no outono, e as pessoas geralmente viajam longas distâncias para ver o colorido das árvores no início de outubro. Mas, quando o homem pecou, todas as suas faculdades puderam ser usadas da maneira errada, e nossos olhos particularmente se sobressaem nesse sentido.
O antídoto
Qual é, então, o antídoto para a concupiscência dos olhos? Como vimos, a resposta está sempre no caminho de obediência à Palavra de Deus. Quando somos tentados por essa concupiscência, o pensamento que vem à nossa mente é o de que ceder à concupiscência nos fará mais felizes do que continuar andando em obediência à Palavra de Deus. É uma lição difícil aprender que “a carne para nada aproveita” (Jo 6:63), e, para alguns de nós, parece levar uma vida inteira para aprendê-la.
O grande ponto é perceber que Deus nos deu algo melhor. Todas as concupiscências mencionadas em 1 João 2:16 são “do mundo” e “não do Pai”. O que nós queremos: as coisas do mundo, ou feliz comunhão com Deus nosso Pai? A palavra “concupiscência” implica um intenso desejo por algo, mesmo que já tenhamos o suficiente. Assim, lemos que “havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado” (Tg 1:15). Um desejo por algo pode não ser errado em si, a menos que seja por algo pecaminoso, mas um forte desejo por algo pode nos levar ao excesso, quase ao vício, e é aí que entra o pecado.
Que o Senhor nos mantenha em guarda nestes últimos dias, em que Satanás está cada vez mais ativo. Como já mencionamos, costuma ser por um apelo à nossa visão que Satanás primeiro atrai nossa atenção, e, em seguida, vêm o pecado e suas consequências. Uma atitude de dependência e obediência à Palavra de Deus nos preservará.