Origem: Revista O Cristão – Vestes

O Cordão Azul

Deixe-me dizer uma palavra sobre o Senhor instituir um cordão azul para ser usado pelos israelitas na orla de suas vestes. Todo Cristão perceberia que isso transmite uma lição divina.

Quanto ao significado geral da cor “azul”, que muitas vezes encontramos neste livro de Números, não pode haver qualquer dúvida sobre isso. É a cor do céu e o testemunho apropriado de um caráter celestial. O branco é usado comumente para a representação da pureza, como o carmesim ou escarlate fala da glória do mundo, o cordão azul sendo a cor celestial, o pensamento é de imensa importância prática. O Senhor quer que Seu povo, mesmo nas coisas mais comuns da vida cotidiana, apresente o testemunho constante diante dos olhos deles mesmos, assim como diante dos olhos dos outros, de que eles pertencem ao céu. Vamos descobrir que isso tem um efeito muito influente na alma. Não é suficiente para nós que simplesmente nos abstenhamos daquilo que é mau, ou que devemos cultivar a piedade. Nenhuma pessoa nascida de Deus pode negar nossa obrigação à santidade, ou que os filhos de Deus estão obrigados a se abster até mesmo da aparência do mal. Mas supondo tudo isso, e que cada um usasse sua veste sempre tão imaculada, seria isso o cordão azul? Isso não significa lembrar dia-a-dia a qual o lugar pertencemos?

Caminhos celestiais 

A veste exterior era usada para estabelecer aquilo que é exibido diante das pessoas – nosso caráter e modos. O que Deus, como eu acredito, nos mostra pelo azul nas franjas das bordas, é a mescla nos modos mais comuns da vida cotidiana, do constante sinal de que somos celestiais, e não meramente que estaremos lá mais tarde. Se, por assim dizer, adiássemos o céu, tornando-o puramente uma esperança para o futuro, não seria isso para um israelita, evitar usar esse cordão azul? Mas o efeito de nossa alma acolher a verdade que essa figura nos ensina é que, enquanto estamos na Terra, cercados por dificuldades, o céu está diante de nossos olhos e coração. Caso contrário, estaremos agindo simplesmente como homens terrenais – talvez piedosos, bondosos e sinceros, mas totalmente aquém de tudo que é a vontade de Deus a nosso respeito. Mesmo servir a Cristo, por mais bendito que seja, não é a mesma coisa que ser celestial. Em muitos casos tudo isso é verdade em santos de Deus, onde o cordão azul é esquecido.

O que corresponde à figura, de acordo com o poder do Novo Testamento, é a verdade que temos em Colossenses 3. Nós estamos lá tratados como aqueles que pertencem ao céu, mas claro que ainda sobre a Terra, o que dá origem a todas as dificuldades do caminho da fé. Não haverá dificuldade em andar corretamente quando estivermos no céu, mas a luta e a vitória são pela fé agora. Somos tão aptos a julgar pelos sentimentos de nosso coração e, assim, sermos levados para longe facilmente. E o que pode nos fortalecer contra nós mesmos? Vamos ouvir o que o Senhor diz aqui: “E nas franjas vos estará, para que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e os façais” (Nm 15:39). Não é notável que a franja azul seja usada por Deus como um incentivo à obediência?

Caminhada celestial 

O próprio fato de que nossa alma começa cada dia com este memorial diante de nós não é uma coisa pequena. Quão crucial é lembrar que pertencemos ao céu! “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra” (Cl 3:1-2). Se isto estivesse diante de nós, não há nada, pequeno ou grande, que o Cristão não faria de acordo com Deus: haveria uma ligação sentida com o céu, e não meramente uma questão de necessidade ou de caráter, que está abaixo de um Cristão. É claro que um Cristão será honesto e piedoso, mas se eu faço do caráter ou da necessidade a razão pela qual faço uma coisa, não ando como Cristão de forma alguma, mas como muitos homens que são inimigos de Deus e de Seu Filho. Fazê-lo por uma questão de dever não eleva você acima de si mesmo e das coisas presentes. Eu posso olhar para o Senhor simplesmente como Alguém que me fortalece no meu dever diário, e isso é bem verdade, mas não é a medida completa da verdade. Não é o cordão azul. Mas se meus olhos são levantados da Terra, e fixados em Cristo no céu – se eu me lembrar de que minha associação atual é com Cristo no céu, e que Deus espera que eu ande dignamente de Cristo agora acima de mim mesmo, nisso encontramos a grande verdade que corresponde à figura. E isso o Senhor aqui conecta com o lembrar de todos os Seus mandamentos, fazê-los e em andar em santidade. Ele os tirou do Egito para que pudessem andar de acordo com Ele, e que eles pudessem ser Seu povo e Ele seu Deus. Quantas vezes, infelizmente, nós caminhamos meramente “como homens”. Mas se não nos elevarmos acima desse padrão, não estaremos caminhando de acordo com esse testemunho das coisas celestiais que o Senhor apresentou, em figura, à Israel. Descobriremos que o poder de ser celestial está de acordo com a medida que nossa alma entra em Cristo ali. Não é uma questão de corrigir isso ou aquilo, ou de começar uma coisa e outra, mas das coisas celestiais em Cristo, separando nosso coração das coisas da Terra. Quando olhamos desde o céu, como conscientes disso, e trabalhamos do céu para baixo, as coisas terrenais logo diminuem, e o louvor pelo desaparecimento delas não retorna a nós mesmos, mas a Cristo. Assim, Ele mesmo tem toda a glória, seja qual for a boa obra que possa ser realizada pelo Espírito entre os filhos de Deus.

Bible Treasury (adaptado)

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