Origem: Revista O Cristão – O Digno Juiz
O Cordeiro no Meio do Trono
Hesito em dizer qualquer coisa sobre a cena apresentada em Apocalipse 4 e 5, para não diminuir sua glória e impedir nosso próprio gozo em contemplá-la. Nossa ligação com essa cena nada mais é do que Aquele que é o Objeto central de tudo – Aquele em torno do Qual estamos reunidos. Na leitura de Apocalipse 4, sentimos toda a glória disso, mas, por mais maravilhoso que seja, algo falta – algo que quer consertar o coração. Essa falta é mais do que preenchida no capítulo 5, quando recebemos pela primeira vez o centro de todos esses círculos de glória: “E eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro” (Ap 5:6). O ancião disse a João: “eis aqui o Leão” (v. 5), e ele olhou e viu um Cordeiro! Sim, e um Cordeiro como morto (JND). João reconhece n’Ele O mesmo que ele conheceu e amou na Terra. Sua primeira visão d’Ele no céu está no mesmo caráter, também, com aquele que primeiro o atraiu para longe de tudo, para seguir a Jesus na Terra.
O Cordeiro de Deus
Foi pelo testemunho de João Batista: “Eis aqui o Cordeiro de Deus” (Jo 1:36) que seus dois discípulos abandonaram-no e seguiram a Jesus. Sabemos que o irmão de Pedro, André, era um deles, e não tenho dúvida de que aquele não nomeado era o próprio João, pois ele evita mencionar a si mesmo ao escrever o evangelho. Jesus ouve a pergunta: Mestre, “onde moras?” e respondeu: “Vinde e vede”. Eles vieram e viram onde Ele habitava e permaneceu com Ele naquele dia. Esta foi uma unidade preciosa com o coração de Deus que encontrou seu deleite n’Aquele humilde na Terra. E agora João vê este mesmo Cordeiro no céu, como morto. Isso o ligava à cena e a nós também, amados.
É verdade que temos nesses capítulos nosso próprio lugar, e dificilmente digo que ainda não estamos lá; mas o Cordeiro no meio disso tudo é a soma e fundamento de todas as nossas bênçãos. Ele nos redimiu pelo Seu sangue. Todos no céu se prostam diante d’Ele e adoram; mas nós lideramos o cântico. Somos capazes de dizer como os anjos não podem: “Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus homens” (Ap 5:9).
O Objeto de prazer
Em volta de Sua mesa, temos o mesmo objeto diante de nós e a mesma ocupação – adoração. Em João 3:34-36, encontramos como isso nos leva à comunhão com o Pai. “O Pai ama o Filho”. Todo o Seu deleite está no Filho, e nisso temos pensamentos comuns com Ele, pois Ele Se tornou objeto de nosso deleite também. Todos os conselhos do Pai são para Ele. Quando uma vez Ele é apresentado, tudo é decidido em referência a Ele. Esta é a conexão do versículo 36: “Aquele que crê” etc. Aqueles que honram o Filho crendo n’Ele, o Pai abençoará; aqueles que não creem, a ira de Deus permanece sobre eles. Assim, vemos que Ele era o objeto do Pai sobre a Terra, como Apocalipse 5 achamos que Ele está no Céu.
João 12:32 nos dá um novo centro de atração, mas o mesmo Jesus. “E Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim”. É a cruz, lá Ele foi levantado entre a Terra e o céu, para ser o centro para o qual tudo o que é de Deus na Terra deva fluir. Mas além disso, Ele é exaltado à direita do Pai. É lá que O conhecemos, pois Aquele que foi “feito um pouco menor do que os anjos” agora é “coroado de glória e de honra” (Hb 2:9). Está chegando o dia em que todas as coisas serão colocadas em sujeição a ele. “Ainda não vemos que todas as coisas Lhe estejam sujeitas”, mas quando olhamos para o céu aberto “vemos Jesus”.
Esfésios 1 nos conecta com Ele lá. Ele é a Cabeça que está sobre todas as coisas para a Sua Igreja, que é o Seu corpo. Quando Ele foi elevado, o Espírito Santo veio para Terra. Será que o Objeto do interesse do Pai mudou? Será que o Espírito Santo desceu para tomar o lugar de Cristo na Terra ou para ser um novo Centro para nós? Oh não, amado! O Espírito Santo está aqui para nos associar a Cristo, para levar nossos corações à ocupação constante com Ele, e para nos revelar todas as Suas perfeições, para que possamos amá-Lo melhor e para que Ele seja o Único digno de nossa adoração no céu ou na Terra.
Vá até Ele
Agora estamos preparados para uma palavra como Hebreus 13:13: “Saiamos, pois, a Ele fora do arraial”. O arraial era o sistema de religião terrenal, uma vez ordenado por Deus, mas agora colocado de lado; devemos ir em direção a Ele, e isso necessariamente nos levará para fora de tudo o que é reconhecido entre os homens como religião – todos os sistemas credenciados. Pois tão verdadeiramente quanto Ele é o Centro e o lugar de reunião no céu, verdadeiramente Ele é o único Centro divino e lugar de reunião na Terra. Seguir a Ele deve nos levar para fora de tudo que é de propriedade dos homens.
2 Tessalonicenses 2:1 é profundamente interessante deste ponto de vista: “Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com Ele”. Impossível que Ele venha e não nos ajuntemos a Ele! O Seu Lugar Sempre Decide o Nosso. Se Ele está “fora do arraial”, devemos ir até Ele. Se Ele vier, devemos nos reunir a Ele. Quando Ele Se move, nós nos movemos. Quando Ele Se move do trono em que Ele Se assenta, para os ares, nós nos movemos da Terra para os ares – nosso novo lugar de reunião, onde Ele vem para nos levar de volta com Ele para a casa do Pai. Pense como será a casa do Pai! A casa de um coração como o de Cristo, onde todas as Suas divinas afeições fluem e são totalmente respondidas! É para onde Ele vai nos levar – onde Ele está em casa! Oh, amado, verdadeiramente nossa bênção e gozo estarão completos então!
São as mesmas pessoas que agora se reúnem em volta do Cordeiro na Terra – seu objetivo é o mesmo, sua ocupação é a mesma. A diferença é que lá, então, a adoração será irrestrita, desimpedida pela carne, na plena energia do Espírito de Deus. Agora nós temos tantas vezes que lamentar o fracasso – lamentar que nosso coração seja tão lento para apoderar-se do que está diante de nós. Então, bendito seja Deus, não haverá falha para se lamentar – nada para nos desviar da ocupação integral com Cristo.
