Origem: Revista O Cristão – Alimento Espiritual e Exercício
Crescimento Espiritual
Nada entristece mais o coração de um verdadeiro servo de Cristo do que ver jovens santos que não fazem progresso espiritual. É prazeiroso encontrá-los tendo um bom começo, e não menos, vê-los crescendo e se tornando homens fortes em Cristo. Vê-los com pouco crescimento e atrofiados é um desgosto profundo demais para se expressar com palavras. O verdadeiro evangelista gosta de ouvir falar de seus conversos florescendo. Mas, quando este não é o caso, ele deve sentir um profundo pesar.
Se não houver crescimento, devemos tomar cuidado para que também não haja declínio. Às vezes, a decadência se instala antes que estejamos conscientes disso. A Efraim da antiguidade foi dito: “as cãs [cabelos brancos] se espalharam sobre ele, e não o sabe” (Os 7:9). Estar em declínio sem estar consciente disso é o pior estado de todos. É como um homem de negócios que está prestes a falir e ainda não sabe sua situação. Ele tem medo de fazer um balanço ou examinar seus livros. Quem não clamaria contra esse caminho tolo?
Existem três coisas necessárias para o crescimento espiritual. Primeiro, nutrição adequada. Em segundo lugar, exercício saudável. Em terceiro lugar, uma atmosfera pura.
A comida apropriada
Todos nós sabemos que o que nutriria e sustentaria um homem provavelmente arruinaria um bebê. Por outro lado, o que fortaleceria e ajudaria o crescimento de um bebê não capacitaria um homem a ter um dia duro de trabalho. Os bebês em Cristo devem ter o leite do evangelho e estar bem estabelecidos antes de estar preparados para entrar nas profundas coisas de Deus. Sabemos que muitos estão longe de ser estabelecidos na simples verdade do que é estar “em Cristo”, onde não há condenação. Seu gozo varia muito, e a maioria não conhece a respeito da paz estabelecida e do sólido descanso do coração na presença de Deus.
Aqueles que amam e cuidam das almas devem, em nossa opinião, prestar atenção ao tipo de comida que colocam diante delas. Carne na época certa é o que é correto a se dar. Paulo disse aos coríntios, que eram apenas bebês que precisavam de leite, “Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos”, o que significa plenamente desenvolvido [adulto] em contraste com os bebês. A mesma coisa é vista no bendito Senhor, quando disse aos Seus discípulos: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”. A sabedoria divina é mais generosa e é mostrada ao ir ao encontro das almas onde elas estão. O próprio Senhor e Paulo, que estava cheio do espírito de seu Mestre, são exemplos disso.
O mesmo tipo de comida nem sempre pode ser o adequado para aqueles que podem não ser exatamente chamados de bebês. Nós nos sentamos à mesa de um amigo a quem foi ordenado viver principalmente com pão sem fermento, enquanto ele próprio tinha que repartir com os outros o que era muito mais palatável. Desta forma, ele foi mantido em boa saúde.
Exercício
Da mesma forma, se quisermos ser mantidos no gozo da saúde espiritual, devemos frequentemente nos abster do que pode ser mais tentador. Por exemplo, existem alguns tipos de livros em que pode não haver muito mal. Grande cuidado e sabedoria são necessários aqui. Muitos jovens santos foram enredados nessa direção e como consequência tinham a alma mal alimentada. Como resultado, tornaram-se tão fracos quanto os outros homens e foram levados a um grave perigo. Então, sinceramente dizemos: Tenham cuidado!
Um santo não exercitado é aquele que foi dormir. O sono não é a morte, mas indica uma falta de vigor espiritual. Tal era o estado de Pedro antes que ele negasse seu Senhor e Mestre. Ele estava dormindo quando seu Mestre estava em agonia. Isso não demonstrou falta de amor por seu Mestre, mas que seu amor não estava ativo. “Simão… nem uma hora pudeste vigiar Comigo?” Quão profundamente comovedor é este apelo! Se Pedro tivesse sido divinamente exercitado, isso teria traspassado sua alma como se fosse uma espada.
Vigiar é o contrário. O que vigia está completamente acordado. Todas as suas faculdades espirituais estão em exercício. Isso é o mais necessário, porque o inimigo de nossa alma está sempre em alerta para nos prender numa armadilha de algum tipo. Muitas vezes somos pegos desprevenidos porque não estamos vigiando em oração.
Nós perdemos muito, e talvez de forma irrecuperável por não estarmos exercitados e prontos para responder ao Senhor quando Ele fala conosco. Assim como a noiva em Cantares 5: “Já despi as minhas vestes; como as tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?” Que indiferença isso indica! Ele tinha batido, dizendo: “Abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha, minha imaculada, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite”. Ela foi quem perdeu. Para sua perda, ela descobre que Seu amor era tão zeloso que não aceitava indiferença. Ela pôde sentir sua própria apatia. Ele não gosta que Seu amor seja desprezado. Não é que o amor do Senhor mude para com os Seus, mas Ele pode achar conveniente mudar Seus modos para produzir o exercício do coração e levá-los a julgar tudo o que impediria que Ele fosse tudo para eles.
Às vezes Ele tem que nos permitir passar por aflições e profunda tristeza de algum tipo quando Ele vê que nada mais ajudará em nosso estado. Os santos aflitos são geralmente os mais brilhantes. Nunca saberemos o quanto fomos ajudados em nossa senda Cristã por coisas que naturalmente não gostamos, até que olhemos para traz e vejamos nossas histórias à luz de Sua bendita presença em glória.
O Senhor nos guarda acima de todas as coisas de estarmos não exercitados e do declínio de alma!
A atmosfera do amor
Se habitualmente procurarmos viver na atmosfera pura do amor de Deus, isso terá um efeito muito saudável e estimulante sobre nossa alma. Tudo nessa atmosfera é revigorante. O desfrute da presença de Deus eleva nossa alma acima de tudo que está no mundo. “Porque a Tua benignidade é melhor do que a vida”. Isto é, o desfrute do amor de Deus é melhor que a maior bênção terrenal. “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti”. E não é de admirar, pois ele encontra todo o seu recurso em Deus e é fortalecido e feito feliz. “Na Tua presença há abundância de alegrias”. A plenitude de alegria é a satisfação perfeita e, portanto, somos preservados de desejar o que não satisfaz. “Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no Seu templo.” Ele Se deleita em tornar-Se conhecido para a alma que O busca. Ele nunca desilude qualquer um cujo desejo é real. “Pois fartou a alma sedenta e encheu de bens a alma faminta”.
A atmosfera do amor é encontrada na companhia dos santos. Se amarmos a Deus e nos deleitarmos em Sua presença, amaremos aqueles que são nascidos d’Ele. Se os amamos, preferiremos sua companhia a qualquer companhia mundana por mais agradável que pudesse ser. Tudo isso nos dá força e promove o crescimento de acordo com Deus.
Se encontrássemos santos que não tivessem muito desejo pela companhia e comunhão do povo de Deus, certamente diríamos que seria um mau sinal. Se eles preferissem se associar àqueles que, por mais agradáveis e refinados que fossem, pertencem ao mundo, não deveríamos hesitar em dizer que, nessa situação, deve haver declínio interior.
Costuma-se dizer que as pessoas são conhecidas por aqueles com quem andam, e há muita verdade nisso. A alma verdadeiramente sincera e piedosa sempre cultivará a convivência com aqueles que são mais espirituais do que ela. Vamos, então, procurar crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a Quem seja glória para todo o sempre.
