Origem: Revista O Cristão – Alimento Espiritual e Exercício
Crescimento Impróprio – Nanismo, Segunda Infância e Deformidade
Crescimento é o avanço natural dos filhos de Deus do estado de bebês para se tornarem “jovens e pais” em Cristo – ver 1 João 2:12-14. Mas esse crescimento pode ser impedido, regressivo ou não natural, e o estado espiritual consequentemente pode se tornar totalmente errado. Assim, há três estados deficientes de alma, ou estágios de crescimento deformados, nos filhos de Deus, a serem encontrados na Escritura, e também discerníveis entre os Cristãos em nossos dias. Todos os três são maus, porque todos surgem de um crescimento interrompido ou não natural. Primeiro, o estado anão – permanecer na condição de bebês; segundo, o estado da segunda infância, ou retornando a essa condição; e terceiro, o resultado de ambos – deformidade.
Bebês
O primeiro é ilustrado pelos coríntios, que ainda permaneciam na condição de bebês quando o apóstolo dirigiu sua primeira epístola a eles. “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis” (1 Co 3:1-2). A expressão “porque ainda” mostra que eles nunca haviam estado em nenhuma outra condição; eles tinham permanecido na condição de bebês. Os Cristãos nesse estado geralmente estão perfeitamente satisfeitos consigo mesmos e com o que sabem; eles nunca são encontrados andando na companhia de Paulo, como em 1 Coríntios 8:2.
Segunda infância
Em segundo lugar, há o estado da segunda infância; isso nós vemos na condição dos hebreus. Quando o apóstolo se dirigiu a eles, eles eram um pouco semelhantes aos coríntios, mas com esta diferença, os hebreus avançaram, mas depois retornaram ao estado de bebês. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na Palavra da justiça, porque é menino” (Hb 5:12-13). “E vos haveis feito tais” mostra que eles haviam voltado a essa condição.
Nesse estado, você tem um crescimento não natural; o interior não acompanhou o ritmo exterior. É mais difícil de detectar, pois há toda a aparência externa de sabedoria e hombridade, mas é o entendimento e o poder que falta. O que pode ser mais triste do que ver a impotência e a inabilidade de ajudar na cabeça grisalha – a cabeça que deveria ter refreado a impetuosidade da juventude por seu prudente conselho, ou encorajado os débeis passos do bebê cambaleante?
Deformidade
Passo adiante para notar agora o terceiro estado – deformidade, cujo estado é algo repulsivo ao olho espiritual. Tomo como exemplo dos que estão nessa condição os santos abordados em 1 Coríntios e em Gálatas. É claro que, nas coisas naturais, a deformidade pode ser mental ou física; a da mente que é interna, ou a do corpo que é externa e mais visível. Isso também é verdade nas coisas de Deus, e ambas são ilustradas nessas duas epístolas. A doutrina estava errada com os gálatas e a prática com os coríntios; a deformidade interior é muito mais séria e solene que a outra. Com todo o terrível mal moral existente em Corinto, Paulo não dirige tão solenes advertências como dirige aos gálatas. Tendo começado no Espírito, os gálatas voltaram atrás e então foram impedidos de avançar. Obras legalistas foram adotadas, e eles não estavam mais “obedecendo à verdade” (Gl 3:1).
Não precisava de grande discernimento espiritual para detectar a deformidade em Corinto. Aquilo que era permitido entre eles era um escândalo “tal, qual nem ainda entre os gentios” (1 Co 5) se ouvia falar.
Recuperação
É uma questão de conforto que as almas nos três estados que estivemos considerando não estejam em um estado onde não há recuperação pela aplicação da Palavra no poder do Espírito de Deus, pois temos todas as três dificuldades abordadas nas passagens que tivemos diante de nós. Nada além da sabedoria divina pode ajudar essas almasem tal estado, mas outros têm o dever e o privilégio de ajudá-las a se recuperar.
O verdadeiro crescimento sempre se manifesta no aumento da ocupação da alma com a Pessoa de Cristo. Quando João escreve sobre os “pais”, ele diz que escreveu para eles porque “conheciamAquele que é desde o princípio”. Isso é tudo o que ele diz sobre os pais; ele não lhes acrescenta mais nenhum conselho, não lhes dá mais ocupação. Mas ao não acrescentar nada, as instruções ficam claras, pois as poucas palavras que ele diz para eles ainda estão em vigor: “Vocês já começaram ocupando-se do céu e da eternidade, e eu não conheço mais nada além disso”. Assim, o verdadeiro crescimento foi manifestado. Não há crescimento senão pela Palavra. Se a princípio ela me deu vida, deve efetivamente funcionar agora em mim no que preciso crescer.
