Origem: Revista O Cristão – Compartilhando com Cristo
Cristo Compartilhando Sua Vida Conosco
Vida eterna
No evangelho de João, temos a vida eterna que estava com o Pai manifestada na Terra e comunicando-se quando o Espírito de Deus capacitou o ouvido para ouvir as palavras do Filho e crer n’Aquele que O enviou – assim aquela alma passa da morte para a vida. Mas a epístola de João continua essa história e caráter da vida eterna, e nos mostra como, agora, habita nos santos e se manifesta aqui neles durante a ausência de Cristo, Aquele que é essa vida eterna. A vida eterna na epístola de João é descrita como habitando no santo, primeiro tendo estado aqui n’Aquele que é a vida eterna.
O Verbo Se fez carne e habitou na Terra por 33 anos, exibindo em Sua caminhada, caminhos e palavras, em Sua história diária e interação com o homem, o que era essa vida eterna. Onde quer que houvesse convicção do pecado pelo Espírito, a fé abria os olhos para descobrir virtude em Jesus. A natureza não via nada além do filho do carpinteiro, mas as percepções da fé podiam exclamar: “Vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai” (Jo 1:14).
Tantos quantos O receberam
“Mas a todos quantos O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no Seu nome” (Jo 1:12). Devemos lembrar que todas as coisas foram dadas a Ele por Deus, mas “ninguém conhece o Filho, senão o Pai” (Mt 11:27). Ele veio na forma humana para revelar a Deus. “Deus nunca foi visto por alguém” (Jo 1:18), então, o Filho de Deus, por meio de Sua Palavra, revela o Pai para o mais humilde dos crentes. E Ele não só revela Deus a nós, mas traz a vida eterna em Si mesmo para todos quantos O recebem pela Palavra, de modo que não só nascemos de novo e nos tornamos filhos, mas por esta vida eterna em nós, temos a capacidade de conhecer o próprio Deus como o verdadeiro Deus, e Jesus Cristo a Quem Ele enviou.
Feitos aptos para Ele em glória
Mas esse Bendito, para nos preparar para tal associação celestial com Ele em glória, teve que defender as reivindicações da justiça de Deus contra o pecado e o mal que Satanás havia trazido. Ele tinha que ser feito pecado, Aquele que não conheceu pecado, para que pudéssemos ser feitos justiça de Deus n’Ele. E, tomando esse lugar de pecado, Ele teve que enfrentar e sofrer toda a justa ira de Deus contra o pecado, mesmo sendo Ele o mais obediente em fazer a vontade de Deus. Ainda mais, Ele teve que passar pelo poder de Satanás e sua hora de trevas antes que Ele pudesse, em vitória, nos levar Consigo, como irmãos, para a casa de Seu Pai.
Sabemos, quando este Bendito veio do céu com a verdade e a bondade de Deus para o homem, como Ele foi desprezado e rejeitado. Nem sequer uma casa em Belém estava aberta para Ele. Essa foi a recepção que o homem deu a Deus! Quão diferente é a recepção de Deus ao homem como pecador! Até o ladrão estaria com Ele, naquele dia, no Paraíso. Aqueles que pela graça deixaram o Salvador entrar no coração, são feitos filhos, e deixados por um tempo aqui nesse relacionamento para andar como vasos, tendo neles esta vida eterna, para brilhar diante dos homens como filhos andando na obediência de Cristo diante de Deus. Com Cristo habitando de tal maneira no coração deles, esse fruto será amor, não em palavras, mas em obras.
Deus é o Doador
Deus é o Doador e a Fonte dessa vida, mas é no Filho que obtemos a vida, e, embora haja diferentes graus de seu gozo, como em crianças, jovens e pais, o caráter é o mesmo em cada um – humildade, amor e obediência. É uma bela planta, e ainda mais belas flores vêm dela. Sendo do plantio do Pai, não pode ser arrancada.
É verdade que o Pai nos conhece aqui como Seus filhos, e sabemos que até os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. Em vista disso, o Senhor nos exorta: “Não temas, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino” (Lc 12:32).
Tudo isso é muito precioso e necessário para nós quando passamos por este mundo maligno. Isso nos capacita, na confiança de tal cuidado, a lançar todo o nosso cuidado sobre Ele, pois Ele cuida de nós. Mas no momento em que tomamos o nosso lugar em Cristo Jesus diante de Deus, no entendimento da morte e ressurreição e no poder do Espírito Santo descendo de um Cristo glorificado, nesse momento nos apoderamos de tesouros mais profundos do amor do Pai dos quais nos alimentamos. Somos agora filhos de Deus, tendo a mesma vida que o Seu Filho amado. Como tal, podemos desfrutar das mesmas coisas que Cristo desfruta – um privilégio inestimável!
Em Cristo diante d’Ele em amor
Descobrimos que os pensamentos de Deus sobre nós e Suas afeições para conosco são agora medidos pelo que é devido ao amor e obediência de Cristo. Não é meramente o cuidado de Deus como Criador e Preservador sobre Seu povo em misericórdia, mas sim como Seu Filho conheceria tal amor do Pai. “Como o Pai Me amou, também Eu vos amei a vós” (Jo 15:9). No propósito de Deus estamos agora diante d’Ele em Cristo e em amor, para Sua própria complacência e deleite em nós. Conhecemos o amor de Cristo “que excede todo entendimento” e está sendo preenchido com toda a plenitude de Deus!
Tendo assim nos salvado e nos chamado para uma santa vocação, nos escolhido em Cristo Jesus antes da fundação do mundo, e nos ressuscitado juntamente com Cristo, Ele agora espera que sejamos aqui uma manifestação de Deus pelo Espírito Santo. Daqui em diante, nos séculos vindouros, Ele manifestará as riquezas de Sua graça em Sua bondade para conosco por meio de Cristo Jesus, mas Ele nos deixa aqui agora, como indivíduos, para aprendermos lições de Seu amor e paciência conosco. Ele nos ensina mais sobre nosso próprio coração e forma nossas afeições espirituais por Sua Palavra e Espírito, para que possamos desfrutar mais plenamente de nossos privilégios quando estivermos em Sua presença naquele dia. Ele nos deixa aqui no deserto como filhos, não apenas para os nossos próprios ricos e preciosos privilégios habitados pelo Espírito Santo, mas também para que nós, como filhos de Deus, “no meio duma geração corrompida e perversa”, possamos brilhar “como luzeiros no mundo” (Fp 2:15). Mas esta dignidade pertence apenas àqueles que têm a vida eterna e estão conscientes de que não são deste mundo, assim como Ele não é deste mundo – aqueles que passaram em fé com Cristo além da ressurreição.
Food for the Flock, vol. 3 (adaptado)