Origem: Revista O Cristão – O Cuidado Pastoral – João 21
“E Teve Compaixão Deles”
“E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6:34).
Em um mundo de miséria e carência, quão abençoado é conhecer Aquele cujo coração sente tudo, Quem o faz próprio e cujas emoções de compaixão são tão expressas que podemos conhecê-las e vê-las: “E teve compaixão deles”. Aquele bendito rosto claramente descreveu a pulsação da misericórdia divina que agia por dentro. O coração se expressou antes que as mãos se movessem para aliviar o que os olhos viam. Tampouco era um sentimento transitório, uma emoção passageira. A miséria humana encontrou um lar no coração de Jesus, e Ele, que é “O mesmo ontem, e hoje, e eternamente”, embora agora sobre o trono de Deus em glória, Ele ainda tem “compaixão deles” ao olhar e acolher toda a miséria e necessidade que clamam incessantemente, em uma intensidade cada vez mais profunda, no trono da misericórdia.
O Pastor de Israel
Se o Pastor de Israel teve grande compaixão ao ver os filhos de Abraão, “como ovelhas que não têm pastor”, quão profunda deve ser a emoção com que o Senhor Jesus agora vê os filhos de Deus novamente espalhados pelo mundo! Que destruição os “lobos cruéis” fizeram ao “rebanho de Deus”! Como os faladores de coisas pervertidas levaram “discípulos após” eles! Que divisão e ofensa generalizada têm praticado “os tais” que “não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre”! Certamente tudo isso apela com força tocante àquele que “amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela”.
Mas foi apenas porque o povo de Jeová era “como ovelhas sem Pastor”? Será que eles mesmos não tinham pecado? O coração deles “não era reto para com Ele”. Eles haviam sido firmes em Seu concerto? Ele conhecia muito bem a longa, e triste história, daquele povo perverso e de dura cerviz; tudo estava diante d’Ele, “mas Ele, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade e não os destruiu” (Sl 78:38).
A Igreja do Deus vivo
E a Igreja do Deus vivo sofreu apenas com falsos mestres e maus guias? Os filhos de Deus têm uma história melhor do que a dos filhos de Israel? Eles foram menos perversos e não foram de dura servis? Eles guardaram completamente a Sua Palavra? E o coração deles foi correto diante d’Aquele que os redimiu com Seu próprio sangue? Quão bem Ele sabe que privilégios mais altos e melhores promessas trouxeram apenas um pecado mais profundo e uma resposta relativamente menor ao Seu amor! Certamente todo coração sabe disso. Quão doce, então, em nossos dias, voltar-se para Ele cujas “misericórdias não tem fim” e que, “como havia amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim”!
Fazemos bem em nos familiarizar com esse coração profundamente comovido de amor compassivo e perdoador, pois “ensinava-lhes muitas coisas”. É verdade que agora ele fala desde o céu, mas esse céu está aberto para nós, e não há distância para a fé.
Fracasso e ignorância estão por todos os lados. Somente poderemos corretamente sentir o fracasso e ministrar à ignorância, à medida que estivermos realmente com Ele, que, acima de todo o mal, vê tudo, apenas para encontrar nele a ocasião para o ministério do amor.
Servindo as ovelhas de Cristo
Aqueles que, em uma pequena medida, servirem às ovelhas de Cristo precisam refletir muito sobre essas palavras, ditas a alguém do passado: “Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão”. Ao fazer isso, eles precisam estar em espírito com aquele “Sumo Sacerdote misericordioso e fiel”, que não está rodeado de fraqueza, mas que é tocado pelo nosso sentimento e “possa compadecer-Se ternamente dos ignorantes e errados”.
C. W., de Words of Faith, 1:5
