Origem: Revista O Cristão – Paciência

Dando Fruto com Paciência

A respeito da parábola do semeador, conforme apresentada no Evangelho de Lucas, lemos sobre a incapacidade de se produzir qualquer colheita onde a semente cai “à beira do caminho”, “sobre uma rocha” ou “entre espinhos”. Esses lugares representam para nós, respectivamente, a esfera do diabo, a carne e o mundo. Entretanto, lemos: “E a que caiu em boa terra são os que, de sincero e bom coração, tendo ouvido a palavra, a retém e dão fruto com paciência” (Lc 8:15 – KJV). Pode parecer, ao mundo, que são frutos brilhantes e abençoados, mas se as pessoas não têm a Cristo, elas se cansam. Não será duradouro, a menos que Cristo tenha posse da alma; mas se Ele tiver, haverá um motivo permanente, e as pessoas irão prosseguir e “dar fruto com paciência”. Aquelas que ouvem e retém a palavra seguem firmemente, tendo seu motivo de ação no Senhor. Problemas podem acontecer, mesmo na igreja; decepção pode surgir, mesmo com irmãos; mas elas continuam assim mesmo, porque têm a Cristo diante delas. A Palavra que ouviram e retêm as conecta com Cristo, e Ele é mais do que qualquer outra coisa.

O efeito prático 

Esta é uma questão, não de salvação eterna, mas do efeito prático da Palavra visto neste mundo (vs. 16-18) – o crescimento da Palavra na alma; e isso não ficará escondido debaixo de um alqueire. “Vós sois a luz do mundo” e “o sal da terra”, nosso Senhor podia dizer aos Seus. Naqueles que apenas parecem ser Cristãos, não demora a dar em nada. “A qualquer que não tiver até o que parece ter lhe será tirado” (Lc 8:18). Mas aqueles em quem a Palavra opera eficazmente são como uma “candeia” colocada no velador. Tendo Israel sido colocado de lado por um período, Deus estabelece uma nova luz no mundo – uma luz acesa por Deus, por causa das trevas do mundo. Quando Cristo estava aqui, Ele era a luz do mundo por causa das trevas, e agora devemos ser uma luz no mundo, já que somos “luz no Senhor”. A luz é aqui estabelecida pela Palavra de Cristo, e as pessoas são responsáveis pela Palavra recebida. Suponha que você tenha ouvido a Palavra e não produza nenhum fruto; logo será visto que você ouviu a Palavra e a perdeu, junto com o poder espiritual que a acompanha. Ainda que sejamos santos, tudo o que tivermos ouvido e que não resulte em fruto ou poder irá manifestar-se, pois nada há oculto que não será conhecido ou revelado. “Vede, pois, como ouvis.”

A necessidade de reter a Palavra 

Cristo está procurando os resultados de Sua semeadura. Não se deve apenas ouvir, mas tomar posse, e nisso está a responsabilidade, pois se você retém a Palavra que ouviu, mais lhe será dado. Se, ao ouvir, eu tomo posse, como meu, daquilo que ouço, então isso se torna uma parte da substância de minha alma, e eu terei mais. Quando a verdade se torna uma substância na minha alma, há capacidade para receber mais. Suponha, por exemplo, que você ouça a verdade da segunda vinda do Senhor e veja sua porção como a noiva de Cristo, mas não tome posse dessas verdades na prática; você logo perderá a expectativa da vinda d’Ele e esquecerá seu lugar de separação do mundo. A verdade gradualmente se dissipará, porque você não a está mantendo em sua alma diante de Deus. Consequentemente, sua alma se torna morta e sem brilho, e você perde a própria verdade que recebeu.

Meu Senhor tarda em vir 

Mas alguém que vive diariamente esperando pelo Senhor vir do céu não fará planejamento para o futuro, nem ajuntará para o dia de amanhã; tal homem aprenderá mais e mais, uma vez que, em torno desta grande verdade central, outras se abrirão, e ele será mantido na verdade. Se, por outro lado, ele abandona essa verdade central, dizendo: “Ele não pode vir ainda; tantas coisas precisam acontecer primeiro”, então o progresso da comunhão dessa pessoa com Deus é prejudicado. De que adianta me ensinar que o Senhor pode voltar amanhã, se vou continuar vivendo como se Ele não viesse por 100 anos? Ou onde estão o conforto e a bem-aventurança da verdade para minha alma, se estou dizendo em meu coração: “Meu Senhor tarda em vir”? Embora não possa perder minha vida eterna, se eu estiver perdendo a verdade e a luz que recebi, estarei meramente flutuando na corrente da vida, metade para o mundo e metade para Cristo, e todo o poder da vida Cristã será diminuído em minha alma. Se a verdade é mantida em comunhão com Deus, ela separa para Ele. A verdade é para dar fruto, e não há verdade que não dê fruto. A verdade deve edificar a alma. “Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Cristo se torna precioso na verdade, e pela verdade, que eu aprendo, e, se ela não tiver esse poder, tudo isso dá em nada e é levado embora. Se Cristo é precioso para mim, estarei esperando por Ele com afeição e produzindo fruto com paciência.

J. N. Darby (adaptado)

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