Origem: Revista O Cristão – Dependência e Obediência
Dependência
A única atitude verdadeira para o Cristão é a da dependência. No momento em que sairmos do terreno de dependência de Deus, certamente iremos sofrer. Isso é verdade tanto individual quanto coletivamente.
Pedro saiu do terreno de dependência quando, confiante, disse: “Ainda que todos se escandalizem em Ti, eu nunca me escandalizarei” (Mt 26:33). Infelizmente, ele logo teve que aprender por amarga experiência que não tinha força para resistir quando chegasse a hora da provação. Então, assim é conosco; se pensamos que somos fortes e capazes de enfrentar o inimigo, é só então que estamos na posição mais perigosa de todas. Deus tem que permitir que alguma peneiração venha nos mostrar que não somos nada e que toda a nossa força está n’Ele.
Para um servo de Deus, até o sucesso na obra do Senhor tem seus perigos. Ele está apto a se credenciar com o que Deus fez por meio dele e a pensar que ele realizou alguma coisa. Nesse sentido, é interessante notar que os apóstolos, depois de retornarem de uma obra missionária bendita, não relataram o que eles haviam feito, mas tudo o que Deus havia feito por meio deles (veja Atos 14:27; 15:4, 12; 21:19).
É somente na presença e proximidade do Senhor que pode haver essa ausência do “eu” e a constante dependência d’Ele, tão necessária para a vida e o serviço Cristão. A mesma necessidade de dependência é verdadeira coletivamente. No momento em que uma assembleia de Cristãos começa a dizer (ou a pensar, se não o disser), “Nós somos o povo, o testemunho”, o fracasso chegou; eles estão fora do terreno de dependência. O “eu”, e não Cristo, tornou-se objeto de atenção. De fato, eles deram o primeiro passo na ladeira da ocupação consigo mesmo, que com certeza terminará em desastre se não se arrependerem disso.
O verdadeiro exemplo
Nosso bendito Senhor foi o verdadeiro Exemplo de dependência. Ele nunca Se desviou do caminho da absoluta dependência do Pai, nem por um momento. O Último Adão ficou firme onde o primeiro Adão falhou. Nenhuma sedução sutil de Satanás poderia induzi-Lo a estabelecer uma vontade independente ou deixar o terreno da simples dependência.
Assim, Ele poderia dizer: “Eu desci do céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou” (Jo 6:38); “Não busco a Minha vontade, mas a vontade do Pai, que Me enviou” (Jo 5:30); “Eu faço sempre o que Lhe agrada” (Jo 8:29). E Ele poderia responder a Satanás “está escrito”. Ele viveu pelo Pai e por toda palavra que procedeu da boca de Deus. Seu caminho era de perfeita obediência, perfeita dependência, perfeita submissão à vontade do Pai e, portanto, de perfeita luz e gozo interior, quaisquer que fossem as dores que O pressionavam desde o exterior.
Oh, que possamos aprender mais de Sua graça! Apenas para me debruçar sobre o caminho do Homem humilde, Jesus, que poderia dizer nas profundezas de Sua abnegação: “A Minha alma disse ao SENHOR: Tu és o Meu Senhor, a Minha bondade não chega à Tua presença, Mas aos santos que estão na Terra, e aos ilustres [excelentes – JND] em quem está todo o Meu prazer” (Sl 16:2-3). Que lugar de perfeita submissão e dependência!
E não foi nosso Senhor Jesus verdadeira e realmente “sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9:5)? Certamente Ele era, mas Ele não assume essa posição no salmo que acabamos de citar. Em nenhum lugar, de fato, Ele Se mostra mais verdadeiramente como Deus do que no ato de tomar, voluntariamente e em amor divino, a forma humilde de um Servo. E quão abençoadamente Ele marcou o caminho para nós e manifestou as verdadeiras características da vida divina no homem, em Seu humilde caminho de dependência de Deus.
Bendito Salvador, que possamos aprender de Ti e estarmos ocupados Contigo! E assim possa aquele miserável “eu” que tanto se apega a nós ser deslocado e esquecido na presença de Tua humilde graça, Tua perfeita devoção e Tua humilde submissão à vontade do Pai em tudo!
F. G. B., Christian Truth, 12:141