Origem: Revista O Cristão – Descanso
Descanso Sob as Asas de Deus
Esta história é sobre como uma recompensa plena foi dada a duas mulheres viúvas sem marido, sem filhos e sem herança. Isso aconteceu por causa da boa graça de um homem sob cujas asas elas passaram a confiar. Há muito a aprender observando como elas chegaram a esse triste estado, mas a parte da história com a qual nos preocupamos é como elas venceram. O resultado de bênção recaiu sobre um homem que havia passado por circunstâncias semelhantes em sua criação, tornando-se gracioso e forte. Ao observar a devoção dessas duas mulheres uma à outra, ele percebeu que qualquer misericórdia e bondade demonstradas a elas não seriam menosprezadas ou abusadas. Esse homem chamava-se Boaz, que significa “nele está a força”; ele fez jus ao seu nome. Por meio dele, duas mulheres, Noemi e Rute, obtiveram um lugar de descanso e segurança sob as “asas” do Deus de Israel, além de garantirem o nascimento de um filho que pertence à linhagem real. O nome do filho era Obede; ele foi o pai de Jessé, que gerou Davi.
A terra natal
Nos dias seguintes à perda do marido e dos dois filhos, Noemi hesitou em levar consigo suas duas noras moabitas para sua terra, Belém de Judá. Aparentemente, ela não conseguia ver um futuro para elas em sua terra natal. Noemi buscou meios de persuadi-las a retornarem à terra natal delas. Em seu estado de espírito naquele momento, ela mal sabia como uma delas, Rute, seria o instrumento de uma grande restauração e a ajuda para apaziguar a inquietação delas. Rute recusou todos os pedidos para se separar de Noemi e voltar para a “casa de sua mãe” em Moabe. Rute demonstrou comprometimento com sua sogra e fé no Deus de Israel, apesar do julgamento governamental do Senhor sobre a família que havia deixado sua terra de bênção. Ela ainda trocaria de bom grado seu lugar em Moabe por uma parte com Noemi em Belém de Judá, embora Rute fosse estrangeira em Belém de Judá. Além disso, Noemi não tinha como prover nenhum meio de recuperar a herança de seu marido, que havia sido deixada para trás na época da partida da família de Belém de Judá.
Um marido
Na época de sua partida de Moabe, Noemi passou a abençoar suas noras, dizendo: “O SENHOR vos dê que acheis descanso cada uma em casa de seu marido” (Rt 1:9). A fé de Noemi não se elevou a ponto de o “descanso” que ela buscava para suas noras poder ser melhor encontrado em Belém de Judá. Sem dúvida, Noemi pensou que Moabe seria um lugar melhor para encontrar um marido. Ter um cônjuge é um fator importante para se estar em descanso. Viver a vida sem um cônjuge não é o ideal. Quando o Senhor nos criou, Ele disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18). Mas na história da humanidade, depois que o pecado entrou, o descanso não prevaleceu. Deus ainda tem um plano para restaurar o que foi perdido, embora a família de Noemi tenha partido da terra da bênção prometida. Após eles partirem, o Senhor tirou a companhia de seus maridos.
Filhos
Noemi continuou a argumentar com Orfa e Rute, desta vez com base em como elas poderiam ter filhos. Ela não tinha mais filhos para casar, e, se elas a seguissem, ter mais filhos estava fora de questão. Em suas terríveis circunstâncias, ela não via esperança para elas em Israel. Ela se via apenas como uma fonte de muita tristeza para elas. Nesse momento, Orfa a beijou e foi embora, mas Rute se apegou a ela. Sua sogra significava mais para ela do que qualquer outro benefício. Este é um ponto importante. Se Noemi e seu marido Elimeleque tivessem percebido de antemão o valor do que tinham um com o outro como família, provavelmente nunca teriam levado seus filhos para Moabe. No entanto, como às vezes dizemos, a falha do homem é a oportunidade de Deus, ou, para dizer de acordo com a perspectiva de Deus, “conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as Suas obras” (At 15:18). Nenhum dos nossos erros frustra os Seus propósitos.
Quando Noemi chega à sua terra natal com Rute e vê o que ela perdeu, sua tristeza se transforma em amargura. Mas a amargura não leva ao caminho do descanso. Rute, por outro lado, segue outro caminho; começa a trabalhar para conseguir comida. Ela não fica de braços cruzados, lamentando suas circunstâncias. Ela pede permissão à sogra para recolher alimentos nos campos de Belém de Judá. Era a época da colheita da cevada, e havia a opção de recolher as sobras nos campos depois dos ceifeiros. Às vezes chamamos esse alimento de “sobras”, mas, se recebido do Senhor, é o melhor alimento. Além disso, ela estava otimista em relação à possibilidade de recolher no campo de uma pessoa graciosa. O Senhor viu sua situação e a guiou para o campo de uma pessoa muito atenciosa e generosa. Desde o primeiro dia em que ela saiu, isso deu início a um novo capítulo em sua vida.
Casamento
A próxima fase da história de Rute, contada no capítulo 3, fala sobre obter descanso. Até então, Noemi havia recebido de Rute coisas que ela não podia mais prover para si mesma, sem dúvida devido à sua idade. Portanto, Noemi considera o que ela pode prover para Rute. Rute havia recusado a oferta de retornar a Moabe para encontrar um marido. A devoção de Rute e os resultados de seu trabalho nos campos de Boaz iniciaram Noemi em um novo caminho. Deixando suas próprias tristezas para trás, ela zelava pelo bem-estar e descanso de Rute. Sendo ambas viúvas e sem filhos, elaboraram um plano para aconselhar Boaz, um parente próximo, sobre a necessidade de terem uma família. O plano de Noemi foi uma ação ousada para Rute, mas baseava-se em uma provisão especial na lei feita para o caso de alguém morrer sem filhos (Dt 25:5-10). O caso exigia que um dos irmãos do falecido se casasse com sua viúva e gerasse descendência para que a família não perecesse em Israel. Este caso com Noemi e Rute era ainda mais complicado, pois envolvia o casamento com uma mulher moabita para restaurar a linhagem familiar. Boaz estava disposto a fazer isso, sendo ele próprio filho de Raabe, uma estrangeira. Ele cresceu sabendo como era viver nessas circunstâncias e conseguiu ter empatia e amar alguém como Rute, que era estrangeira. Graças à generosidade e ao favor de Boaz, o plano funcionou. A família inquieta encontrou descanso. O livro de Rute termina com a linhagem de Davi.
As complexidades desta história nos dão uma imagem do que deve ser feito para obtermos descanso em suas várias formas. É uma demonstração viva do que o Senhor Jesus fez para poder nos dizer: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11:28-29). Esse descanso que Ele nos dá nos traz de volta a Deus e durará até o dia eterno do descanso – a eternidade.
