Origem: Revista O Cristão – A Vida de Jacó

O Deus de Jacó

Podemos pensar, ao ler sobre a vida de Jacó, do porque Deus tem o prazer de ser chamado “o Deus de Jacó”, pois Ele é chamado “o Deus de Jacó” com mais frequência do que qualquer outro santo do Velho Testamento. Curiosamente, o próprio Jacó foi o primeiro a usar o termo “o Valente de Jacó”, mas apenas no final de sua vida. Nas falhas de sua vida, Jacó aprendeu a contar com as promessas de Deus. Essas promessas foram primeiro conferidas a Abraão e depois a Isaque.

Um exame da vida de Jacó nos revela seu Deus. “O Deus de Jacó” é o Deus que Jacó conheceu por experiência. Deus falou com ele sete vezes durante sua vida de peregrinação. Essas comunicações nos esclarecem sobre que tipo de Deus Ele era para Jacó.

Podemos acrescentar que o Senhor Jeová Se agradou em Se revelar a Moisés pelo nome: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3:6). O Livro dos Salmos tem muitas referências ao “Deus de Jacó”. E lemos em Hebreus a respeito das peregrinações de Abraão, Isaque e Jacó: “Pelo que também Deus não Se envergonha deles, de se chamar seu Deus” (Hb 11:16). Esses três viveram a vida inteira como peregrinos. O Deus deles, que nunca desaponta a fé, tem uma cidade celestial especial para eles.

Jacó buscando a bênção por meio do engano 

Muitas bênçãos foram destinadas à casa de Isaque. Jacó deveria ser o destinatário delas, mas seu pai e mãe ensinaram-lhe duas coisas que eram uma armadilha para ele. Seu pai tinha a gratificação de si mesmo em vista ao abençoar seus dois filhos, e sua mãe acrescentou mentira e engano como o meio para alcançá-la. Rebeca foi a principal pecadora, e assim ela desaparece de vista. Mas Deus ainda poderia lidar em graça com Jacó. Jacó passou grande parte do resto de sua vida fugindo dos problemas que essas coisas causavam.

Deus primeiro falou com ele por meio do sonho de uma escada para o céu. “E eis que o SENHOR estava em cima dela e disse: Eu sou o SENHOR, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque. Esta terra em que estás deitado ta darei a ti e à tua semente. E a tua semente será como o pó da Terra; e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e em ti e na tua semente serão benditas todas as famílias da Terra. E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra, porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito” (Gn 28:13-15). Essa promessa incondicional de seis partes começa com uma declaração da verdadeira fonte das bênçãos de Jacó: “Eu sou o SENHOR”. Isso contrasta com o desejo de Isaque por carne saborosa. Deus abençoa por Quem Ele é. As experiências subsequentes de Jacó o ensinam isso. Ele foi levado para se apossar dessas seis promessas. A prova é vista no final de sua vida, da maneira como ele abençoa seus filhos, cruzando conscientemente as mãos para abençoar os filhos de José.

Jacó em Padã-Arã 

A segunda vez que o Senhor falou com Jacó também foi por um sonho, pois ele não estava perto do Senhor como Abraão. O relacionamento entre Jacó e Labão se deteriorou, e Jacó deveria deixar Padã-Arã. Como Deus havia prometido, Ele não o abandonou. Ele lembra Jacó que ele deve voltar a Betel para cumprir a promessa feita a Jacó. “E disse o SENHOR a Jacó: Torna à terra dos teus pais e à tua parentela, e Eu serei contigo” (Gn 31:3). Jacó ainda conta à sua família o que o Senhor havia dito: “E disse-me o Anjo de Deus, em sonhos: Jacó! E eu disse: Eis-me aqui. E disse Ele: Levanta, agora, os teus olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te fez. Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde Me tens feito o voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela” (Vs. 11-13). Uma questão importante é se Jacó havia obtido tudo o que havia ganho em Padã-Arã por meio de sua própria habilidade e astúcia, ou se foi o Senhor que o abençoou. Se era do Senhor, ele deveria retornar a Betel para reconhecer isso como prometido; se não, Jacó poderia agradecer a si mesmo. Jacó foi obrigado a voltar para a Terra da promessa com sua família e riquezas, mas ele não foi direto para Betel.

O Anjo lutando com Jacó 

Quando Jacó foge de Labão, o Senhor o defende por causa da injustiça de Labão (não pela integridade de Jacó). Depois que palavras fortes são trocadas e uma coluna é levantada, eles se separam amigavelmente. Mas Jacó deve se encontrar com seu irmão Esaú, que havia dito que o mataria. Será que Jacó não podia confiar na defesa que o Senhor já havia mostrado? O Anjo do Senhor deve lutar com Jacó para fazê-lo confiar em Deus. Mas Jacó não cessaria de lutar até que sua coxa estivesse fora da articulação; sua fé então se apega a Deus pela bênção. E o Anjo disse: “Deixa-Me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não Te deixarei ir, se me não abençoares. E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Então, disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe, lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. E Jacó Lhe perguntou e disse: Dá-me, peço-Te, a saber o Teu nome. E disse: Por que perguntas pelo Meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva” (Gn 32:26-30). Para apreciar adequadamente a defesa de Deus, é necessário conhecê-Lo. Sim, Jacó recebe o novo nome “Israel” por prevalecer – ele está começando a conhecê-Lo – mas o Senhor não revela Seu nome a Jacó. O Senhor havia lhe dito: “E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores”. Mas Jacó, em sua experiência, não estava na apreciação completa de seu Deus. Ele só podia dizer: “Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva”. Mais tarde, ele seria capaz de falar com inteligência “do Valente [Deus] de Jacó”.

Jacó em Siquém 

Jacó vai a Sucote e depois se vira para Siquém, pois tem medo de ir a Betel. Mas as duras experiências com seus filhos e os homens de Siquém o fazem seguir em frente. E Deus, que o tinha protegido de Esaú, o lembra pela segunda vez: “Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão. Então, disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E levantemo-nos e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia e que foi comigo no caminho que tenho andado” (Gn 35:1-3). Jacó reconhece que o Senhor o havia libertado em sua angustia, mas há ídolos e impurezas em sua casa que devem ser tirados. Ele os esconde debaixo do carvalho. Isso o impediu de se encontrar com Deus em Sua casa – Betel. O Deus de Jacó quer sua companhia em santidade. Jacó entende isso e responde. Sua santidade também causa terror aos moradores das cidades ao redor de Siquém e os impede de perseguirem Israel. Não era suficiente para Jacó ter a bênção sem o Abençoador. Ele precisa purificar sua casa e subir a Betel.

Jacó em Betel 

“E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo de Padã-Arã, e abençoou-o. E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou o seu nome Israel. Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão de ti. E te darei a ti a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque e à tua semente depois de ti darei a terra. E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele. E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com Ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação e deitou sobre ela azeite” (Gn 35:9-14). Jacó fez o voto de que, se o Senhor o abençoasse e o trouxesse novamente a este lugar em paz, ele faria do Senhor seu Deus e daria a Ele o dízimo. O Deus de Jacó levou Israel a conhecê-Lo, não mais como falando do topo da escada do céu, mas em estreita proximidade com Jacó em Betel. Jacó Lhe dá uma oferta. O Deus de Jacó acrescenta uma sétima promessa àquelas que Ele havia dado no começo. Ele acrescenta: “e reis procederão de ti”.

Jacó em Berseba 

Os dez filhos de Jacó trazem de volta Simeão do Egito, com a notícia impressionante de que José ainda está vivo. José está agora no centro das relações de Deus com Jacó. Jacó começa a jornada para o Egito. Ele faz uma pausa em Berseba para oferecer um sacrifício ao Deus de seu pai Isaque. Naquele momento, “e falou Deus a Israel em visões, de noite, e disse: Jacó! Jacó! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque Eu te farei ali uma grande nação. E descerei contigo ao Egito e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos” (Gn 46:2-4). Deus, falando com ele em uma visão durante a noite e chamando o nome de Jacó duas vezes, enfatiza quão longe estavam os Seus caminhos dos de Jacó. Ele havia dito: “Todas estas coisas vieram sobre mim”. Os eventos a respeito de José foram uma bênção além dos pensamentos de Jacó. O Deus de Jacó havia tornado em bênção os piores pecados dos dez filhos de Jacó. O próprio filho que Jacó pensou que estava morto se tornou “o preservador da vida” para toda a família. O Deus de Jacó pode tomar as piores coisas que Seu povo faz para provar o melhor do que Ele faz (Rm 8:28).

Jacó no Egito 

Jacó foi sustentado nos últimos dezessete anos de sua vida por José. Sob os cuidados de seu filho, o Deus de Jacó fez dele uma bênção e um adorador. Ele abençoa o faraó. Ele abençoa os dois filhos de José, reivindicando-os como seus próprios filhos. “Pela fé, Jacó, próximo da morte, abençoou cada um dos filhos de José e adorou encostado à ponta do seu bordão” (Hb 11:21). Ele abençoa José, repetindo o que Deus havia falado com ele pela primeira vez: “O Deus Todo-poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou, e me disse: Eis que te farei frutificar e multiplicar, e te porei por multidão de povos, e darei esta terra à tua semente depois de ti, em possessão perpétua”.

A vida de Jacó é cheia de exemplos que demonstram a provisão e o cuidado de Deus. Por um bom motivo, Deus diz: “amei a Jacó”. Que cada um de nós tenha uma sensação disso ao passar pelas experiências da vida, pois o Deus de Jacó é o nosso Deus.

D. C. Buchanan

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